quinta-feira, 30 de junho de 2011

Menos Estado, mais contribuintes

Menos Estado, mais contribuintes, uma síntese dos «novos tempos» em Portugal?

«Este é um Tempo Novo»

Ouço mais uma vez na apresentação de um programa de governo na AR a expressão bíblica sobre a chegada «de um tempo novo».É uma pretensão messiânica sempre desmentida pelo século político.Nada cai do céu.Por muita fé que se exiba.Não é por aí o caminho da verdade.

Perdas e ganhos

Dois articulistas do Correio da Manhã foram chamados ao governo de Passos Coelho:Paula Teixeira da Cruz e Francisco José Viegas, que assim interropem a respectiva colaboração naquele jornal que operou uma revolução silenciosa no seu corpo de opinião nos últimos anos.No caso de Francisco José Viegas fica a esperança, ténue, que mantenha a Origem das Espécies.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Nuno Gomes entregue ao Sporting de Braga

Há dois anos que Jorge Jesus queria ver Nuno Gomes pelas costas.Talvez porque o antigo capitão não oferecesse mais valias, talvez porque marcasse golos sem ser de livre ou de pénalti, havia qualquer coisa que não entrava nos esquemas laboriosos e artificiosos do actual treinador.
Tudo indica que Nuno Gomes vai fazer a próxima época no Braga.É uma opção racional em termos dos seus objectivos desportivos: marcar golos e manter-se no radar dos selecionáveis.Só merece a maior sorte na continuação da sua carreira de desportista.

terça-feira, 28 de junho de 2011

São tudo independentes?

Além do recrutamente intensivo em faixas etárias post-estágio, a coligação apresenta um número elevado de governantes independentes. Mas serão tudo independentes, ou há muito pessoal que apenas desesperava de ver os partidos de direita na oposição sem valimento político ?

11-25-35 (36)

Sempre achei um problema mal posto aquele do número de ministros, ministérios com leis orgânicas, secretários de Estado com conta peso e medida.Mas já que o primeiro-ministro deu tanta guita à questão quando o número de secretários de Estado estava fixado em 25, não nos quererá dar uma palavrinha sobre a derrapagem em mais de dez figuras dessas? Em termos de leis orgânicas que seja.Ou de qualquer critério que leve a eliminar a nomeação de um Secretário de Estado sem se dar pela sua substituião.Qualquer coisa que nos oriente, enfim.E seja tangível.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Vindo do Canadá para a feira do artesanato

O ministro Álvaro Santos Pereira gravou o seu nome proprio na visita que fez a uma feira do artezanato.Impressionado com a informalidade com que certos professores universitários, no estrangeiro, se apresentam aos estudantes , declinando o seu nome próprio, e tendo constatado ,com naturalidade, que o seu ainda não era conhecido na feira, ergueu bem alto o de Álvaro.Esse nome já o ganhou.Politicamente.O de ministro segue imediatamente.

domingo, 26 de junho de 2011

A demência da Europa

Todos os últimos conselhos europeus podem ser contados assim: “Correu muito bem porque não somos a Grécia. Os nossos parceiros fizeram-nos muitos elogios. Ainda assim, devem ser aplicadas medidas adicionais.” Ou seja, não foi surpresa ver Passos Coelho a afirmar que “do ponto de vista de Portugal não podia ter corrido melhor” enquanto, simultaneamente, anunciava um novo PEC.

Mas nesta reunião havia alguma coisa que poderia dar para o torto para o “nosso lado”? Mesmo que houvesse, não são os sorrisos de Merkel ou as palmadinhas de Sarkozy que resolvem o que quer que seja. Ou já esqueceram as loas da Alemanha a Sócrates? Face aos programas de austeridade, os líderes europeus batem sempre palmas. As questões surgem depois: quando se trata de os executar. Sobretudo, de avaliar os seus resultados. Enfim, “A UE parece ter adoptado uma nova regra: se um plano não está a funcionar, é preciso cumpri-lo.” Quem o diz não é um perigoso radical extremista de esquerda. É a insuspeita revista The Economist, que acrescenta que “O estado de negação da Europa tornou-se insustentável”. Exacto. É esse estado que faz com que os conselhos europeus sejam sempre um sucesso. E que seja a realidade a falhar.

Publicado no Correio da Manhã

sábado, 25 de junho de 2011

Primeiros Passos

Passos Coelho foi debutar a Bruxelas, um clube onde se dança cada vez menos.O entusiasmo pelas cimeiras atingiu o seu ponto mais baixo, e todos calculam apenas como podem perder o menos possível.A presença de Passos Coelho só pode ter contado para a fotografia.Daqui a dias já ninguém quer ser tradado por tu nessas andanças.Os Primeiros Passos do primeiro-ministro apenas indicaram uma mudança interna na hierarquia do PSD, e uma enorme vontade de desmantelar o Estado português como ele se foi construindo desde a Regeneração.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Aos comandos do Estado de Direito

Estes tempos vão obrigar a grandes cautelas sobre o respeito das normas do Estado de Direito.Não é só o programa da troika que pode trazer problemas. Alguém terá de cuidar de limpar os pés do primeiro.ministro depois do anúncio deste de que não nomeará governadores civís.Ficamos com os secretários, uma versão «classe económica» da administração? Mas é só isso?Ou apenas coisas mal-feitas?

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Uma viagem em económica

Não me impressiona nada que Passos Coelho queira viajar em económica.Acho pouco adequado, é tudo.As condições oferecidas pela TAP são cada vez piores para o geral dos passageiros nessa classe geral.Já não há refeição quente, e se o primeiro-ministro se defrontar com um obeso como parceiro de viagem, fica mais amachucado do que o normal.Admito que ele vá a Bruxelas tratar dos interesses nacionais num tom mais autêntico do que as arengas paternalísticas de Durão Barroso.Tenho por isso o direito de exigir boas condições de circulação de oxigénio na cabecinha do primeiro-ministro antes das cimeiras em que participa para defender um país frágil.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Assunção Esteves não é só uma Mulher

A eleição de Assunção Esteves constituíu uma expressiva vitória de Passos Coelho, depois do imbróglio Fernando Nobre.Como não podia deixar de ser o facto de se ter pela primeira vez uma Mulher na presidência da Assembleia da República concentrou os comentários do dia.Mas convém ver mais fundo. Com essa escolha da transmontana, sua patrícia, Passos Coelho salta por cima dos «senadores» insulares, e reformula uma nova hierarquia no interior do PSD, com expressão institucional.Ser mulher apenas ajudou à operação.

Índice de situacionismo

A mentalidade Situacionista faz Portugal chegar tarde a tudo, e da pior maneira, como se ningém tivesse culpa de nada.Felicito pois o Pacheco Pereira por manter o seu Índice de Situacionismo nesta nova legislatura.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Não houve novidade nos discursos

Não me parece que os discursos da Ajuda tenham saído do registo dos últimos meses.Talvez o Primeiro-ministro tenha dado um passo arrojado com aquela ideia de promover um movimento para os cidadãos se libertarem das teias em que o Estado os envolve , e que pelos vistos os embaraçam nos seus movimentos empreendedores.Mas talvez seja melhor assegurarem-se dos novos estímulos que o Ministério da Economia dispensará à coluna de voluntários...

FALSA PARTIDA

Não se sabe como é que realmente foram as negociações entre PSD- CDS. Certo é que relativamente ao substantivo assunto da segunda figura de Estado, não correram bem, talvez porque as contrapartidas exigidas por Paulo Portas fossem onerosas. Mas, depois de Passos Coelho ter prometido a presidência da Assembleia da República a Fernando Nobre, em troca de o médico encabeçar a lista por Lisboa, uma coisa ficou demonstrada: antes de ganharem nas urnas, já os sociais-democratas se julgavam proprietários do aparelho de Estado, prometendo lugares. Ainda por cima, fazendo essa oferenda a pessoas sem o perfil certo. Afinal, como é que alguém com um passado político incoerente, sobre quem pairará sempre a dúvida de franco-atirador, que conquistou votos com um discurso anti-partidos e não tem experiência parlamentar, pode presidir aos respectivos trabalhos e substituir o Presidente da República em caso de impedimento ou vacatura do cargo?

Como Nobre não se afasta pelo seu próprio pé, é assim que Passos Coelho começa. Mal. Inicia rompendo com uma boa tradição de presidência da Assembleia da República e arriscando uma derrota política. Nobre e Passos Coelho desqualificaram o parlamento e expuseram-no a uma humilhação. Agora poderão ser eles os vencidos e vexados. Azar.

Publicado no Correio da Manhã.

Assunção-um nome que leva ao céu

Se há nomes que marcam «gerações»-um produto na moda- vamos entrar na era das Assunções.É meio caminho para o céu...

Alguém sabe a quanto monta a cláusula de rescissão de Jorge Jesus?

Antes que a política tome conta dos noticiários, alguém sabe a quanto monta a cláusula de rescisão de Jorge Jesus?

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Uma velha regra em vigor

Lembrei-me agora daquela sábia prevenção aos incautos: há convites que mais obrigam quem os recebe de quem os faz.

Quanto vale o partido mais votado?

Os «institucionalistas» inventaram que o PSD tinha o direito a indicar o nome do Presidente da Assembleia República.É uma posição simples que os deputados da maioria não seguiram para além de um número insuficiente.É tudo muito institucional, mas o que está em causa é se se vai formar rapidamente uma nova oligarquia indicada pelo «chefe», ou se os deputados da maioria vão marcar pontos, mesmo que a lógica seja meramente parlamentar.Que é como quem diz «institucional». mas não no sentido de uma disciplina concertada por «coteries».Uma maçada para futuras negociações« entre poucos». como diria um fundador da democracia moderna, Madison...

Teste de boa-fé

Leio que o luxemburguês Jean-Claude Juncker declarou «não perceber essa perversidade europeia que exige à Grécia co-financiamentos» nos programas comunitários.Aqueles que me seguem um pouco neste blogue, no Correio da Manhã. na TVI-24 na Prova dos Nove, sabem que tenho vindo a defender sozinho uma ideia simétrica para os programas comunitários em Portugal.
Desenvolvi o tema num artigo para o último número publicado da Revista de
Política Internacional dirigida por Carlos Gaspar.Como é uma pequena ideia capaz de trazer grandes resultados para o investimento em Portugal, sem aumento do orçamento comunitário já afectado e não-executado, e sem aumento da despesa pública nacional, ninguém se interessou por proposta tão construtiva.

domingo, 19 de junho de 2011

O governo ministerial é fraco

O governo na sua dimensão ministerial, logo política, é fraco.Nem sequer é o espelho dos seus líderes.Vamos ver os secretários de Estado.Pode ser que melhore.Por exemplo, o Francisco José Viegas é por si só a verdadeira lei orgânica da Cultura deste governo. Seja ou não ministério.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Eu tenho um pesadelo

Cavaco Silva está imparável. Por estes dias, quem assista ao que o próprio agora chama de “o ruído dos noticiários”, poderá pensar que está a ver um canal memória. O Presidente acredita que “os portugueses querem curar a doença que os afecta”, que quem vive no interior é um exemplo porque tem um “espírito indomável”, “espírito de sacrifício”, “frugalidade” e que a solução é o regresso à agricultura. Por falar em memória, esse carpir pela lavoura não será uma furtiva lágrima de crocodilo?

Mas o melhor regresso ao passado (mais recente) foi o processo que o inquilino de Belém moveu contra o director da revista Sábado porque num editorial constava: “Tal como Fátima Felgueiras e Isaltino Morais, Cavaco Silva acha que uma vitória eleitoral elimina todas as dúvidas sobre negócios que surgem nas campanhas”. Quando se pensava que, finalmente, nos tínhamos visto livre da verve censória de Sócrates, zás. Eis o Presidente a por jornalistas em tribunal, ignorando que quem exerce o poder tem muitos mecanismos de defesa ao seu dispor e não pode ultrapassar o direito à crítica, por muito que lhe custe perder prestígio.

Realmente, começou um novo ciclo político. E muito bem, já se vê. Afinal, é o sonho tornado dura realidade: uma maioria, um governo e um Presidente.

Publicado no Correio da Manhã

quinta-feira, 16 de junho de 2011

«Coragem, mudança e moderação».E muito espectáculo.

A cena da assinatura do acordo PSD-CDS foi patética.Se foi desorganização é mau sinal.Se foi uma «cena» comunicacional as do governo anterior eram mais bem feitas.Aqui não há mudança de natureza.Fica a frase de Paulo Portas«Coragem, mudança e moderação«.Vinte valores em marketing. A «moderação» destinava-se a quem?

quarta-feira, 15 de junho de 2011

«Com toda a autenticidade»

Paulo Portas fez a primeira declaração política do lado dos coligados.«Com toda a autenticidade», explicou que se Fernando Nobre for o candidato do PSD a presidente da AR leva um grande chumbo.O que vale é que o PR não tem uma especial pressa na eleição da segunda figura de Estado.É uma espécie de«bem não transacionável.»

terça-feira, 14 de junho de 2011

Quem recebe primeiro?

Creio que em breve se estará a discutir um calendário de prioridades no reembolso possível dos credores da Grécia.Renovar as maturidades, como propõe a Alemanha, parece um critério objectivo.

Mais de trinta anos

Conheço o João Gonçalves há mais de trinta anos no Movimento dos Reformadores.Os Reformadores propuzeram em 1979 uma revisão constitucional seguida de referendo, sem esperar por novas gerações ,pois o poder constituinte não se pauta por esse critério.De seguida estivemos com o General Eanes contra Soares Carneiro, depois perdemo-nos de vista, fora uns encontros no S.Carlos.
A blogosfera veio trazer novos laços.Não que eu partilhe o tipo de entusiasmo do João por mim mesmo, como também não lhe perdoo o facciosismo da última campanha eleitoral que o levou a tresler algumas das minhas intervenções no programa Prova dos Nove da TVI-24. Ser injusto faz parte do seu talento.Mas pronto.Confio que o Portugal dos Pequeninos, que agora faz 8 anos, redobre de espírito cáustico nestes novos tempos do poder.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Os caminhos da Senhora II

Os empréstimos outorgados aos países do leste europeu nos anos noventa estiveram sujeitos a um entendimento, dito «Entendimento de Viena» que comprometia em certos termos os bancos credores desses países a renovarem os prazos de amortização dos empréstimos concedidos em caso de dificuldades de pagamento Esse modelo está a ser estudado para a Grécia.Por sugestão alemã.A seguir.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Direto ao Assunto

Hoje, o Direto ao Assunto (no seu novo horário às 22 horas), já conta com o João Adelino Faria e o Carlos Abreu Amorim, ambos regressados da campanha eleitoral.. Serão discutidos os resultados das eleições, o futuro do PS e a formação do novo governo.

FALHA TECTÓNICA

A grande novidade destas eleições é o resultado do BE: pela primeira vez, desceu. Aliás, inaugurou a derrota em modo operático: uma queda equivalente à sua maior subida (a de 2002 para 2005). Já o PC manteve-se igual a si próprio e só pode agradecer ao mundo sindical.

A esquerda permitiu que a direita provocasse a crise e ainda lucrasse com ela. Permitiu que, vivendo a Europa numa situação despoletada pela voragem liberal, se invertessem as responsabilidades e se convencessem os cidadãos que a culpa é da falência do Estado Social. Há muito que a esquerda, sobretudo a mais crítica, devia ter ido além do cavalgar o descontentamento e disponibilizar-se para ser poder. Só que, em vez de filhos, fez órfãos: os cidadãos não sentiram que essa ala política os protegesse nem antes nem durante a crise. Logo, além de mau, o resultado é merecido.

Este fenómeno não se restringe a Portugal. Mas por cá, o BE somou-lhe desacertos próprios, desde a estratégia para a Câmara de Lisboa até à das presidenciais, passando por desastres internos e, claro, pela moção de censura mal conduzida. Enfim, o Bloco provou que uma tragédia geralmente se deve a um somatório de erros e não a uma nota só.

O que resta a este lado? Fazer depressa e bem o que já devia ter consolidado: criar plataformas de compromisso, de preferência articuladas na Europa, que obriguem o PS a mudar em troca de uma maior responsabilidade governativa da restante esquerda. Difícil? Muito. Mas é a única saída.

À espera da nova época

Isto não vai dar certo.Também para o SLB.Temo o pior para a próxima época.Coentrão rende-se aos encantos madrilenos e tem quem o traduza para castelhano, língua que falará numa nova oportunidade ministrada por Jorga Mendes.Robero tem a confiança da SAD, ou faz parte do crédito mal-parado.Weldon é colocado no mercado secundário, onde sempre esteve.Nuno Gomes foi desligado do serviço por conselho desse novo benfiquista que é Jorge Jesus que nos levará para o abismo, mesmo que acerte nas marcações defensivas e no marcador de livres..Aposto que o Nuno Gomes se jogar na próxima época no Braga ou no Guimarães ganha a «Bola de Prata»!Vai ser bonito, vai...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Cavaco Silva entre o político e o institucional

Ninguém o disse, porque somos todos juízes do tribunal constitucional, mas Cavaco Silva foi um dos vencedores das eleições.Nota-se aliás nele uma maior desenvoltura.Começou ontem com a indicação política das diligências para a formação do governo.O sorriso não engana

Um deles estava a mais

O Portugal castiço vibrou com as vitórias sucessivas de José Sócrates em 2005, e de Cavaco Silva em 2006. O país ter-se-ia dotado de duas personalidades« fortes» para uma década.Os possidentes começaram a fazer planos quinquenais. A deslocação do novo aeroporto da Ota para o Poçeirão foi um exemplo.Mas não era preciso ser um génio para perceber que um dos dois políticos estaria a mais. A crise de 2008 para a qual o produto não estava preparado fez o resto.Ficou Cavaco Silva.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Um dos vencedores da blogosfera

A blogosfera é muito diversa em géneros e personas, e por isso impossível de hierarquizar.Mas hoje apetece-me distinguir alguém que manteve uma serenidade e uma altura de vistas em todo este período eleitoral em que tantos soçobraram no facciosismos.Falo de Luis M Jorge e do seu Vida Breve.Desde aquela da História Secreta de Portugal ao post de hoje intitulado Reconciliação, sempre a mesma qualidade e lucidez.

Um governo de Altos-Comissários ?

A vitória do PSD foi mais expressiva do que as sondagens deram a entender, mas se calhar estamos perante uma consequência do apregoado «empate técnico» dos «estudos de opinião».
Passos Coelho parte em boa situação para negociar com Paulo Portas que não pretende ir para as Finanças nem para os Obras Públicas, o que permitirá vários brindes ao CDS.O meu maior receio é que o governo, independentemente do número de ministros que venha a ter, seja apenas um governo de Altos-Comissários...

Só uma demissão esta noite?!

José Sócrates ganhou a maioria absoluta na primeira eleição em 2005 quando era SG do PS apenas há poucos meses .O PS perdeu a seguir as eleições presidênciais e as europeias.Voltou a ganhar as legislativas em 2009 mas já longe da maioria absoluta.Nunca apreciei o estilo e o modo de fazer política do ex-ministro do Ambiente que fez da co-incineração dos lixos um assunto de «autoridade de Estado» para se distinguir do Primeiro-Ministro Guterres.Afirmei-o desde cedo com outros, muito poucos então..Hoje José Sócrates demitiu-se sozinho.Mas esta noita muitos mais deviam ter apresentado a sua demissão.Dentro e fora do PS.

domingo, 5 de junho de 2011

GRANDE PEPINEIRA

O pepino assassino é um bom símbolo do estado da Europa. Confrontada com as infecções com E. Coli, a Alemanha decidiu, sem provas, culpar o produto espanhol. Estava encontrado o legume expiatório, só por acaso oriundo de um dos PIGS. Os tais que, por risco de contágio, devem ser isolados e entregues à sua sorte. Portanto, em vez de resolver um problema de saúde pública, os alemães criaram mais um problema político. Dupla incompetência.


Pelo caminho, ceifaram-se uns quantos agricultores quando, mediante o projecto da união e perante a crise, seria essencial aplicar medidas que protegessem o mercado interno. Mas qual quê. Em grande parte graças à Alemanha, a Europa é hoje governada sob o lema “cada um por si”. Daí que cobre juros mais altos aos estados-membro do que o FMI. E daí que, demonstrada que fosse a origem alemã da bactéria, dificilmente existiriam restrições às suas exportações.

Caramba, mas um pepino? Sim, isso mesmo. Afinal, a fúria eurocrata começou com a normalização desses produtos, nomeadamente do dito vegetal homicida nesse inesquecível regulamento nº1677/88 da CEE. Ou seja, o início da história da UE foi marcado pelo adestramento dessa cucurbitácea. Não se admirem que o fim passe pelo seu contra-ataque.

Publicado no Correio da Manhã

Uma boa vingança de Eduardo Souto Moura

Gostei de tudo na atribuição do Prémio Pritzker a Eduardo Souto Moura que conheci pessoalmente em casa de uns amigos muito especiais no Algarve, em plenas férias.Em primeiro lugar a distinção à escola de arquitectura do Porto que tais arquitectos deu.Conheço vários , um deles Mário Borges eterno exilado em Genebra onde foi responsávei pelo novo edifício da Cruz Vermelha Internacional ; depois as declarações do premiado que não escondeu o que lhe ia na alma de português ao ver uma chancelerina de uma grande potência ocupar-se a contar-mal- os dias de férias dos portugueses sem lhes contar o ordenado.«Foi uma boa vingança», disse, possivelmente porque arquitectou alguma obra de arte num momento de ócio feriado.
Também apreciei a presença e o discurso de Obama.De Jefferson ao estádio de Braga tudo fez sentido.Visto de longe a perspectiva é mais ampla sobre Portugal.

Paulo Bento

Paulo Bento fez um bom trabalho de recuperação da selecção este ano.Mas ontem deu-me a impressão de acabar a época um bocado cansado.

sábado, 4 de junho de 2011

Ordem para emigrar

Hoje no CM, em vez de me queixar do dia de reflexão, dedico-me a analisar para onde irá tanta disponibilidade de mão-de obra e tanta mobilidade de recursos humanos incentivadas pelo «Memorando de Entendimento» num país em depressão programada.Não se percebe como vai o mercado interno absorver tanta flexibilidade .A ordem da troika, percebendo bem as imperfeições da zona monetária onde Portugal está inserido, é clara: trata-se de incentivar a emigração para o mercado externo.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Os caminhos da Senhora

Merkel está a tentar dar um passo em frente na co-responsabilização dos credores privados da dívida grega ao avançar com a ideia de que os novos empréstimos públicos europeus à Grécia devem ser acompanhados do contributo dos credores privados, em termos a estudar e discutir, mas que pode passar por novas maturações dos títulos de divida.À primeira vista é mais um obstáculo a um novo plano grego, mas é assim que a história faz o seu caminho na direcção mais adequada.A de uma conferência entre Estados devedores e credores, com a arbitragem do BCE e da Comissão, para reavaliar metas, calendários e taxas de juro.Bismark teria conseguido...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Direto ao Assunto

Hoje, o Direto ao Assunto será dedicado à campanha eleitoral. Na RTP N, agora às 22 horas.

Qual elefante?

Lembram-se das queixas de demasiados fait-divers nas campanhas? Recordam-se das lamentações sobre os tabus de Cavaco? E do que se dizia ser a silly-season? Realmente, era difícil imaginar que chegaríamos a este ponto mas, observando esta corrida a S.Bento, conclui-se que chorávamos de barriga cheia. Em democracia, o país nunca precisou tanto de discussão política como agora. E nunca teve tão pouca. PS, PSD e CDS entretêm-se com nomeações, aborto, listas de deputados, imigrantes em comícios, sondagens, cenários pós-eleitorais. Já sobre o compromisso que estabeleceram com a troika para aplicar em Julho, sobre o essencial, dívida, juros, desemprego, recessão, falência, bancarrota, Grécia, Irlanda, Europa, nada dizem. Há um elefante no meio da sala e esses partidos tapam-no com um guardanapo enquanto discutem a mosquinha na parede.

Até o futebol

O futebol em Portugal, visto do exterior ainda é um «cluster» de excelência:alguns treinadores excepcionais, alguns jogadores superdotados, algumas equipas que ganham títulos europeus, uma boa selecção sempre aquém das esperanças depositadas, uma óptima classificação nos «rankings» da FIFA e da UEFA.Mas visto de dentro notam-se os pés de barro: diminuição de espectadores nos estádios, média alta de faltas marcadas durante um jogo( 32, segundo a notícia do Público), violência tolerada das claques, muitas dúvidas sobre o que se passa nos bastidores, classificações e metas alcançadas com antecedência, desde o campeão até às equipas que baixam de divisão.
Reside na Liga de Honra uma das poucas variáveis do «déja vu».Acho até que a Liga devia aumentar o número de clubes que desce e sobe de escalão profissional. Se descerem e subirem por época quatros equipas de cada liga tudo de torna mais competitivo e móvel, atenuando vícios e quiçá combinações.Experimentem.

Gosto