quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Detalhes positivos deste governo esta semana

Pareceu-me que o Primeiro Ministro inaugurou esta semana um novo modelo de recepção aos partidos políticos quando os consulta em vésperas das cimeiras europeias: em vez de os deixar a perorar de pé à saída da audiência, com os jornalistas aos magotes de instrumentos em riste, cedeu-lhes a sala de conferências onde cada delegação pode responder sentada, uma atitude que facilita o entendimento geral, e dá outra postura aos parceiros políticos e sociais. Se assim é, o governo merece nota positiva.
Também o facto de se ter terminado com as abusadoras conferências de imprensa dos membros da troika, quando nos visitam, merece realce, tanto mais que os comunicados sobre as avaliações produzidos por ela estão publicados, e podem servir sempre de verificação das conclusões e opiniões emitidas pelos nossos governantes e seus amplificadores.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A gala da Sociedade Portuguesa de Autores

Ontem assisti ao espectáculo oferecido pela SPA na RTP1. Foi um acontecimento diferente pelo ritmo, pelas distinções, pelos conteúdos.Serviço público efectivo, sem necessidade de teoria. Muito justo o Prémio atribuído a Mário Soares como escritor da sua própria obra como historiador, como político que escreve os seus discursos ( ainda me lembro como se fosse ontem da leitura que fez do Manifesto da Oposição Democrática em 1965, vibrante, muito bem escrito, melhor lido, em que defendíamos, dez anos antes do 25 de Abril, a necessidade do Estado português aceitar e organizar atempadamente a autodeterminação para as colónias), como jornalista de há décadas que não precisa de carteira.
Autor de muitos livros escreveu há pouco tempo um em que enfatiza a sua dimensão política. Mas o título Um Político Confessa-se faz ressoar o de Aquilino,
Um Escritor Confessa-se...
Também gostei muito do segundo fado do Carlos do Carmo, e das palavras sérias da Rita Blanco quando foi agradecer o seu prémio.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Vichy aqui tão perto?

O El País de domingo insere uma breve análise sobre os temas de campanha de Sarkosy, concluindo que o actual presidente francês está rodeado de publicistas de direita que ressuscitam slogans do regime capitulacionista de Vichy do género«La France Forte» tendo por base a trilogia pétanista da altura «Trabalho, Pátria, Família». O jornal madrileno apresenta ainda a genealogia dos responsáveis por essa campanha, destinada, ao que parece, a «comer» votos à estrema-direita de Marine Le Pen. Será só isso ?

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Ganhar o próximo jogo

O SLB não ganha há três jogos seguidos. Mesmo assim uma das prendas que mais gostei de receber no dia dos meus setenta anos foi uma camisola do Glorioso com o meu nome nas costas e os autógrafos de jogadores e equipa técnica, uma amiga iniciativa da Maria João Avillez e do António Costa, dois benfiquistas de todos os tempos, sobretudo dos menos fáceis. Já tenho a camisola vestida para vencer o próximo jogo!Nem interessa o nome do adversário...

sábado, 25 de fevereiro de 2012

A festa mais popular

Evidencio hoje no Correio da Manhã que o Carnaval é a festa mais popular entre os portugueses. Mesmo o Santo António e o S.João não passam de celebrações regionais se comparadas com a extensão e o vigor das actividades carnavalescas no território nacional. E se olharmos para o mundo lusófono não há outra festa tão participada como esta. Se houvesse um dia da CPLP consensual esse dia seria o do Carnaval. O governo de Passos Coelho está a precisar de um antropólogo, mesmo se formado na antiga Escola Colonial, para lhe explicar que até a desautorização pública sofrida por Passos Coelho faz parte do espírito de subversão controlada da quadra. Passos colaborou sem saber porquê, e já se prepara para ter tratamento igual para o ano, segundo o evangelista Relvas

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Um boa auditoria ao BPN

Não será demais indagar tudo o que possa eslarecer sobre o maior escândalo financeiro do regime. A auditoria do Tribunal de Contas é um bom método inicial. Mas ficará de fora certamente o mistério do «risco sistémico» apregoado em 2008 que cobriu a nacionalização do banco, assim como o desaparecimento desse risco por 40 milhões de euros em 2011 quando foi vendido com estímulos. No fundo, quanto custou a operação a um povo piegas, e porquê.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ordem do Dia-Um debate em crescimento

Tenha visto ultimamente com mais atenção o programa de debate da RTP-Informação-ORDEM do DIA-, moderado por Carlos Daniel e com a participação de Joana Amaral Dias, Cristina Azevedo e Paulo Rangel. O programa encontrou uma agenda, um tom, e um ritmo que fazem dele um dos melhores da televisão portuguesa.

Londres regressa acompanhada ao continente

Há três meses os continentalistas apontavam, com aquele contentamento néscio que os caracteriza, o isolamento do Reino Unido no projecto salvífico do próximo tratado sem nome, mas com calendário- a única meta que preenche essas mentes. Agora Londres, com a ajuda do primeiro-ministro italiano, reuniu à volta de um documento para- alternativo ao tratado inter-governamental de Merkel-Sarkosy, um significativo grupo de Estados membros como a Irlanda do resgate doce, a nossa vizinha Espanha das manifestações altaneiras , a latina e ladina Itália, as ortodoxas monetaristas como a Holanda e a Finlândia, as sempre resistentes República Checa e Suécia com as continhas em dia. Este grupo de aliados é mais do que uma testa de ponte política. É quase um cerco. Merkel e Sarkozy deixaram de estar à vontade.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O marido da mulher de César

O jornal Público noticiou a ida de Orlando Figueira, procurador do caso «BES-Angola», para o banco BIC, uma marca angolana recentemente associada a um bom negócio unilateral com o governo português para a reprivatização do agora menos sistémico BPN. Eu até vejo com bons olhos estratégicos o entrosamento das economias luso-angolanas. Mas fico aterrado com o à vontade com que certas coisas se fazem, sem que se vejam precedentes, clima deletério, incompatibilidade legais ou funcionais, nessas transumâncias entre pastos afins. E considero demasiado desenvolta a resposta da PGR alegando que «ignora oficialmente a informação». Não se deve exigir ao marido da mulher de César menos do que se exige a esta...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Festejar 70 anos

Ontem completei 70 anos de vida. Preparava-me para uma comemoração em família quando fui conduzido por esta para a Estufa Real, onde me esperava uma multidão de amigos, mobilizada por um quinteto especial deles, Mário Mesquita, Eduardo Paz Ferreira, Cristina Albuquerque, Carmo Figueiredo e Inácia Rezola, por ordem de entrada cronológica no meu percurso de vida. É um quinteto de luxo. Quem o conseguir reunir pode alcançar metas insuspeitadas. Eu só comecei a suspeitar muito tarde porque a Maria Emília encobriu o jogo até eu receber um telefonema do Manuel Sérgio a pedir-me que adiasse a data do jantar para o dia seguinte, pois ele tinha de assistir ao Guimarães- Benfica de má memória... Jorge Sampaio também me telefonou do estrangeiro a dizer que só me podia dar parabéns por aquela via.
Foi para mim uma noite muito emocionante pela qualidade, pela quantidade e pelo clima festivo envolvente. Como não tive as palavras adequadas para responder à generosidade dos oradores- Paz Ferreira, Mário Soares, Ana Mesquita, Eurico Figueiredo, Jaime Gama, Mota Amaral, Joana Amaral Dias,Vasco Cordeiro que também leu uma mensagem de Carlos César, Ramalho Eanes- não fui suficientemente comedido nos agradecimentos como recomenda a cortesia. Embalado pela sala plena de amigos ultrapassei os limites temporais , e talvez não só, na minha resposta ditada pela emoção e pela felicidade. Espero que todos possam ter recuperado da hora extraordinária esta manhã.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Prevejo o caos doméstico amanhã

Prevejo para amanhá o caos doméstico introduzido pelo mau método de decidir do governo sobre a intolerância de ponto na terça-feira de Carnaval.Crianças aos molhos em casa e nas repartições públicas.Autarquias em feriado municipal, etc Chumbo da leviandade mascarada de dureza.Para o ano se verá melhor a situação.

Igrejas Caeiro-Uma voz culta e amiga

Igrejas Caeiro começou por fazer parte do meu universo mítico através da rádio, ouvida com sofreguidão nos Açores de há mais de sessenta anos. Primeiro foram Os Companheiros da Alegria com os diálogos entre a Lélé e o Zequinha, e a popular «nota de quinhentos que não se pode deitar fora», com perguntas que valiam muito mais. Um espectáculo itinerante que chegou ao Teatro de Vila Franca do Campo quando eu tinha dez anos. Depois foi a rubrica radiofónica Perfil de um Artista em que Igrejas Caeiro entrevistava intelectuais, cientistas, personalidades das artes, geralmente progressistas e que eu ouvia ao sabor das oscilações da onda curta.Entretanto corriam histórias, à boca pequena, sobre o sua desassombrada oposição ao ditador Salazar que lhe valera ficar sem emprego na segura EN, e sem programa ao vivo no RCP.
E, com efeito, na campanha eleitoral para as eleições constituintes de 1975 fui companheiro de Igrejas Caeiro na lista de Lisboa do PS, e com ele fiz inúmeras sessões de esclarecimento e acções de rua. em que ele se mostrava um mestre mobilizando as populações mesmo em terras tidas então como muito difíceis como Vila Franca de Xira. Fizemos uma amizade espontânea que perdurou. Igrejas Caeiro, um cidadão, antes dos direitos plenos da cidadania.

Como encarar as manifestações?

Em poucos dias tivemos duas políticas comportamentais de titulares de orgãos de soberania perante manifestações. Cavaco Silva, perante os estudantes da artística escola António Arroio fez meia volta volver, cavando ainda mais o nível do seu prestígio. Não ficou bem na fotografia, mas não houve fotografia. Passos Coelho, este domingo, chegou a Gouveia e resolveu mostrar ao PR como enfrentar essas manifestações «à Mário Soares». Mas não é Mário Soares quem quer. As imagens lá estão a testemunhar a falta de persuasão do primeiro-ministro perante a muitidão, resgatado a meio da operação «vejam lá isto em Belém», por um grupo compacto de seguranças, quem sabe se em mobilidade para a presidência da República...

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Filosofia da memória com adjectivos

Mário Soares tem discorrido abundantemente sobre velhos e antigos episódios da sua longa e rica carreira. Disseram-me que num recente programa da RTP1-que não vi- voltou à carga com uma interpretação especulativa sobre as razões do meu pedido de demissão de MNE, em Outubro de 1977, envolvendo também o PR Ramalho Eanes numa concertação de posições que não existiu. Já desmenti essa versão inquinada, por escrito e pessoalmente, junto de Mário Soares.Sem resultado, pelos vistos.
Agora na Figueira da Foz, Mário Soares resolveu dar conta dos termos de uma «discussão gravíssima» e de uma conversa «brutal» que terá tido com José Sócrates para o convencer a recorrer à ajuda externa em Abril do ano passado .Segundo Leonete Botelho no jqornal Público, uma fonte perto da nascente das frases de José Sócrates afirma que este só terá «memórias doces» das conversas com o fundador do PS. Prevejo que nem mesmo assim Mário Soares tomará boa nota do estilo.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Sem pontos de apoio

O meu artigo de hoje no Correio da Manhã parte da premissa da falta de pontos de apoio na sociedade portuguesa para esta se reconstruir e transformar. Nem política,nem económica, nem socialmente há forças estruturantes suficientes no montão de destroços à vista. Cavaco Silva dá tiros sucessivos no pé, perdendo vigor institucional, suscitando o gáudio sobretudo no pathos reaccionário da ala dos lusitos do PSD. Há sectores no mundo do trabalho que começam a ser refractários à filosofia do movimento sindical. Os nossos banqueiros, que dominaram o país nos últimos vinte anos, vêem-se agora gregos com as novas exigências europeias, sem crédito visível para dar e receber. Os nossos intelectuais só pedem reconhecimento geral. Estamos entregues às forças cegas do mercado...

Bill Clinton volta com o intervencionismo do Estado

Um perito novo-iorquino de finanças públicas, que participou numa dessas conferências organizada por Paz Ferreira, sintetizou o seu mal-estar perante a dívida externa dos USA não tanto por causa dos seus montantes mas porque as infra-estruturas norte-americanas continuavam obsoletas. E deu o exemplo das redes eléctricas, das redes de água, dos caminhos de ferro, etc. Ora Bill Clinton, no seu novo livro , defende um papel mais intervencionista dos poderes públicos no relançamento do crescimento económico, e propõe uma política de modernização dos portos, aeroportos, redes eléctricas, melhoria das vias rodoviárias, e assim por diante. Bill Clinton é um dos presidentes mais populares na história norte-americana.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sim, ou não, ao tratado intergovernamental?

Eduardo Paz Ferreira, catedrático de Finanças Públicas, tem vindo a animar a actividade de cidadania da Faculdade de Direito de Lisboa, com uma série de iniciativas tomadas no âmbito dos institutos que dirige, para além de uma presença cada vez mais marcante nos orgãos de comunicação social. Desta vez é o Instituto Europeu daquela Faculdade que organiza uma conferência sobre o futuro tratado intergovernamental.
Está farto do pensamento único? Dirija-se hoje à cidade universitária. Parece impossível, mas é verdade.

Solidariedade em Portugal para com o Povo Grego

Estava a faltar entre nós um grito de solidariedade para com o desesperado povo grego, em nome de um espírito europeu bem entendido. Portugal não é a Grécia, mas há paralelos que impressionam.Basta recordar que os dois países libertaram-se das respectivas ditaduras no mesmo ano de 1974, e que pediram a adesão à Comunidade Europeia empenhados num projecto democrático para o continente. Essa libertação não foi induzida do exterior como muitas outras depois da queda do muro de Berlim, e do fim da União Soviética.Solidariedade bem entendida pois, a de um grupo de individualidades diverso, a que tive a oportunidade de fazer parte.Sinto-me melhor com a minha consciência de cidadão europeu,num momento em que se pretende enterrar essa cidadania. A Europa dos cidadãos está a ser substituída pela velha Europa das chancelarias.Mau sinal.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A quinta da maioria

Começa a ser um tique desta maioria. Querem despedir quem discorda. Querem expulsar os críticos das profissões e posições que ocupavam antes deste governo chegar ao efémero poder.Um secretário de Estado da Juventude mandou emigrar os professores; o ministro da Defesa sugeriu que os militares descontentes com as medidas do governo saíssem das fileiras, onde construíram geralmente uma carreira de muitos anos com colocações em vários pontos do país, e até fora dele; agora um deputado do CDS, que não conhece outro mundo do que o oferecido pela jota partidária, opinou, sem bom-senso mas com despudor, que os funcionários públicos que não queiram submeter-se às regras de mobilidade que a maioria tem em mente, devem pedir a sua demissão, quem sabe se para dirigirem, em regime gracioso, algum clube desportivo na sua terra. Mas quem é esta gente que pensa que pode por e dispor das pessoas desta maneira? E só vamos em sete meses de folia...

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O que se pretende que a Grécia faça?

O conselho de ministro do Eurogrupo, destinada a aprovar o plano de resgate grego, adiou a sua reunião marcada para hoje. Parece que há uns esclarecimentos a exigir por «Bruxelas» ao programa aprovado domingo em Atenas no meio do fogo e da desagregação partidária.Não há coragem no centro da Europa para assumir que se pretende a saída da Grécia da zona euro, e empurra-se para Atenas a responsabilidade da política de outros. Desta vez não há um lord Byron a defender a civilização helénica... A opiniãopublica europeia é bem mais fraca do que há dois séculos. Uma vergonha para tantos recursos humanos «well educated».

PRIVATIZAÇÃO DO AR


            PS e o BE queriam conhecer as explicações do ministro dos assuntos parlamentares sobre o caso de alegada censura na RDP, mas PSD e CDS-PP rejeitaram os respectivos requerimentos. O BE queria que Vítor Gaspar fosse à assembleia ser ouvido sobre o processo de reestruturação do BPN, nomeadamente acerca do aumento de capital de 600 milhões de euros (dinheiro público) e os deputados da maioria chumbaram esse agendamento. Alegaram que só o aceitariam no final do processo de privatização, ou seja, quando já não houver nada a fazer.
O PCP apresentou um requerimento potestativo - de carácter obrigatório - para que Passos Coelho prestasse esclarecimentos na Comissão de Assuntos Constitucionais sobre os serviços de informações, matéria que tutela directamente. Mas a Presidente da Assembleia da República torturou a constituição e o regime parlamentar de modo a que o primeiro-ministro não tivesse que prestar contas perante os deputados. Eis o que se passa com esta maioria: funciona acima da lei. Como diz o próprio Miguel Relvas, “não se pode fazer política com coisas tão sérias”. Não, não foram apenas direitos, salários ou pensões que foram cortados. O oxigénio do regime também foi racionado. Bem-vindos à asfixia democrática. 

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Espírito de empresa

Segui com uma certa atenção o que se foi passando na fábrica Cerâmica de Valadares, uma empresa dirigida por Galvão Lucas, que conheci como deputado do CDS e de quem guardo uma boa recordação da actividade parlamentar. Dos cerca de 400 trabalhadores mobilizou-se uma centena organizada à volta de um sindicato do sector e de uma comissão de trabalhadores da empresa para reivindicar o pagamento de salários em atraso.Várias vezes chegou-se perto de um entendimento com a administração para o pagamento faseado, mas os trabalhadores da fábrica não estiveram de acordo com os seus representantes e mantiveram a luta. Esta noite chegou-se finalmente a uma solução aceite por todos.Seguiram-se declarações dos empregados da Cerâmica Valadares muito favoráveis ao futuro da produção e da empresa.Lembrei-me da função social da empresa, vejam lá...

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Treinadores portugueses

Em menos de cinco anos os clubes de futebol da I Liga renderam-se por completo aos treinadores portugueses.Em primeiro lugar, pela capacidade táctica de «lerem», rapidamente, o jogo, algo que escapava a muitos estrangeiros, mais lentos e desconhecedores das características do campeonato nacional, embora mais planificadores a prazo . Em segundo lugar, porque normalmente são bem mais baratos do que os treinadores importados. Tudo isto a propósito da demissão de Domingos Paciência de SCP, contra todas as expectativas. Quem excedeu as minhas expectativas foi o Jorge Jesus que ,após uma época menos conseguida e pontuada por alguns erros, teve a oportunidade de dar a volta este ano, e fabricou uma grande equipa.Quem sempre acreditou nele foi o meu amigo Manuel Sérgio, um dos responsáveis pelo êxito da escola portuguesa de treinadores.

Os partidos gregos assinam com os olhos em Abril

É sempre encantador ouvir um comentário especializado a garantir que «desta vez é que os gregos vão cumprir na íntegra o acordo». Duvido que tenha sido essa a intenção dos partidos em Atenas.Ora, com a votação de ontem, como Atenas a ferreo e fogo, os deputados compraram apenas a manutenção da realização de eleições gerais para o próximo mês de Abril.Só depois se poderão saber as reais prioridades estratégicas do PASOK e da Nova Democracia. Mas em Lisboa não há dúvidas. Foi assim que a banca embarcou na compra vertiginosa de títulos do tesouro grego há uns anitos...

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Uma manifestação e peras

Foi muito grande a manifestação da CGTP ontem no Terreiro do Paço. Não consegui contar quantas pessoas estiveram presentes, mas para um bom entendedor meia manifestação daquelas já bastou para obrigar o governo a adiar o corte nos feriados para o próximo ano da graça,(com a ajuda da Igreja, pois claro!), assim como o encosto destes para os fins-de-semana, além de doutrinar sobre uma preciosa casuística anual da tolerância de ponto no Carnaval., quase um pedido de tréguas.
A manifestação revelou um Arménio Carlos mais cuidado no discurso, mais táctico,- separando o PS dos outros partidos da governação e da UGT,- e anunciando a internacionalização europeia da movimentação sindical, um dado futuro a ter em conta.

Uma bofetada de luva branca

Confesso que dei um pulo de satisfação quando soube que Alberto João Jardim ia convidar a senhora Merkel a visitar a RA da Madeira. É uma bofetada de luva branca atirada para várias direcções, de Berlim a Lisboa. Ninguém sente as orelhas a arder?

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Merkel desembarca nas ilhas

Hoje no Correio da Manhã desenvolvo o tema das declarações de alguns políticos alemães sobre a política interna de vários Estados membros da UE, entre os quais se destaca Portugal .Relembro o triste precedente do quem «cala consente» passado no Verão passado com o comissário da Energia Oettinger nas barbas pouco duras do presidente da Comissão José Manuel Barroso, e acentuo o significado da aproximação à costa portuguesa, via Madeira, da senhora Merkel, cuja intervenção em nome do estímulo à «santíssima competitividade» me fez lembrar os bicentenários princípios europeus da Santa Aliança, quando esta intervinha nos assuntos internos dos países da «periferia» em nome da «Santíssima Trindade», um outro dogma muito em voga na matriz europeia da época. Mas com muitos apoiantes...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

entrudos

24 de Janeiro. O primeiro-ministro garantiu que Portugal não pedirá nem "mais tempo, nem mais dinheiro". 9 de Fevereiro. O ministro das finanças mostra ao seu homólogo alemão como anseia por um ajustamento ao programa português (não era a troika que decidia os planos?) . A conversa captada entre Gaspar e Schäuble não traz nada de novo. Já se conheciam as pieguices do governo perante a Alemanha e o silêncio depois das últimas declarações de Merkel confirmaram-nas. Há muito que se sabe que esta linha de resposta à crise é um falhanço total no qual se insiste através de soluções revistas e aumentadas. Desde o início que se percebe que sem renegociação da dívida Portugal não voltará aos mercados. O que o diálogo em causa revela é que o governo também sabe.
Mesmo sendo pública a outra cara de Jano, a usada para o exterior- oposta à destinada a consumo interno- o executivo procura não perder a face. Acontece que são os cidadãos que estão a pagar uma crise que não criaram, donde transparência e prestação de contas são serviços mínimos. Já numa democracia este episódio retirar-lhe-ia toda a credibilidade para desculpar-se com a troika. Quanto mais para “ir além da troika”. E se isso acontecesse, ao contrário de Gaspar, nem agradecíamos muito. Não seria essa a nossa obrigação. Apenas um direito.

Algumas palavras para uma imagem

Desde ontem que as imagens colhidas pela TVI de uma conversa entre Vítor Gaspar e o ministro das Finanças alemão Wolfgang Schauble num momento morto do ECOFIN são um tema intensamente tratado durante o dia opinativo. Não entro no âmago da questão em termos de transparência governamental sobre as suas reais intenções em relação à negociação financeira da dívida e da ajuda externa. Há muito que não acredito numa palavra do que é dito em público sobre o assunto pelo governantes. Desde o Memorando de Entendimento que escrevo que Portugal não voltará em pleno aos mercados internacionais nos termos das medidas acordadas, dos montantes negociados, e dos prazos estabelecidos. Só tenho curiosidade sobre o momento em que tal será oficializado. Mas também discordo das mil palavras que afirmam que o ministro Vítor Gaspar está de «mão estendida», por estar de pé a falar com o ministro alemão que se desloca numa cadeira de rodas. Gaspar tem muitos defeitos ideológicos mas não creio que seja homem para «dobrar a espinha». Nada de exageros.

Intolerância positiva

A Federação Inglesa de Futebol manteve-se firme na decisão de retirar a braçadeira de capitão da respectiva selecção de futebol ao consagrado John Terry por este ter provocado outro jogador, Anton Ferdinand, com insultos racistas. A federação perdeu o capitão, perdeu agora o seleccionador Fabio Capello que pretendia manter o jogador do Chelsea naquela distinção, mas não recuou nem aceitou relativizar o assunto, como tanto se pratica entre nós nesta esfera.Não se devem por todas as intolerâncias no mesmo saco....

Martin Schulz ao menos deu explicações

Martin Schulz, social-democrata alemão e presidente do Parlamento Europeu, mostrou-se muito incomodado com uma viagem de Passos Coelho a Luanda durante a qual este fez um apelo ao investimento angolano em Portugal. Não se percebe onde queria chegar o presidente do PE, nem a relação entre saber cativar capitais estrangeiros e decadência, a não ser que se reescrevesse a história dos fluxos financeiros mundiais nos últimos 150 anos. Obscuridade àparte, Martin Schulz ao menos deu explicações públicas sobre o espírito da sua infeliz intervenção. Já Merkel não liga nenhuma às feridas que vai causando entre alguns Estados membros da UE, sobretudo porque quem cala consente...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O governo de Passos Coelho cala-se

As atrevidas declarações de Angela Merkel sobre a utilização dos fundos europeus na Madeira, muito prejudiciais aliás para a imagem de Portugal na UE, já mereceram reacções firmes dos presidentes dos governos regionais da Madeira e dos Açores. O governo de Passos Coelho, Paulo Portas incluído, cala-se. Está tudo dito.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O «centralismo -federal » da chancelerina

Merkel pronunciou-se sobre o detalhe da aplicação dos fundos comunitários na Madeira.Uma intromissão em nome da «competitividade». Mas o que a chancelerina está a ilustrar é o seu modelo de «centralismo-federal».Essa doutrina chegará ao Atlântico oriental e central? Duvido muito.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Vinte anos depois...

A Comunidade Europeia viveu desde 1957 até 1992 com o mesmo Tratado-o de Roma- apenas acompanhado por um Acto Único em 1986. O Acto Único, uma espécie de Acto Adicional do nosso constitucionalismo monárquico, abriu as portas à unificação das Comunidades. Pretendia-se impulsionar o «Mercado Interno». Depois da unificação alemã o Tratado de Maastricht apontou novas metas como a da União Europeia e a União Económica e Monetária. Proclamaram-se as maiores esperanças, mas bem observado o tratado trazia em si a sua própria reversibilidade por incompleto e imperfeito. Entretanto os sucessivos alargamentos fizeram a UE perder o seu centro de gravidade anterior e levitar entre massas oscilantes. Sucederam-se os tratados de Amesterdão, Nice, o malogrado constitucional, e o de Lisboa , e já se prepara, para a campanha presidencial de Sarkosy, outro ainda mais obscuro. Uma «floresta Negra» política e jurídica que nos impede de festejar sem receio do futuro os 20 anos de Maastricht.

Quando a Grécia era credora da Alemanha

É verdade que na Grécia não há «eficiência fiscal», que os grandes proprietários, entre os quais a Igreja Ortodoxa, não pagam impostos, nem há cadastro organizado-et pour cause!- e que em Atenas se arrasta os pés na execução das medidas propostas pela troika. Mas talvez se perceba melhor a má vontade da senhora Merkel se nos lembrarmos que a Grécia já foi credora da Alemanha na sequência das duas guerras mundiais, e, mais do que isso,que esteve na primeira linha dos reclamantes em 1953 , na conferência internacional de Londres que reuniu muitos dos países credores da dívida externa alemã.Insatisfeitos com o resultado, os gregos voltaram à carga até 1972, altura em que um tribunal arbitral sentenciou o assunto sem dar inteira razão a Atenas.
As voltas que a História dá...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Passos Coelho está a falar em directo do dia de Carnaval

Passos Coelho está a falar em directo na Sic-N sobre o «ensino privado». mas já conseguiu voltar ao tema da extraordinária medida que tomou, de acordo com todo o governo, de não conceder tolerância de ponto no dia de Carnaval. Temos agenda política até 21 de Fevereiro, e puxada pelo primeiro-ministro!Por mim prevejo as repartições públicas muito animadas nessa quadra com as crianças do ensino particular que devem estar em férias...

UMA GRAÇA


Vasco Graça Moura sempre se opôs ao Acordo Ortográfico. Está no seu direito É a sua opinião. Mas ser nomeado para dirigir o CCB e tomar como primeira decisão a suspensão da aplicação desse diploma já não é um direito. Vasco Graça Moura não é dono e senhor da língua portuguesa e nem sequer é o CCB. Não pode confundir a sua pessoa com a instituição que dirige nem sobrepor a sua vontade à lei. Longe vão os tempos do Rei Sol, do absolutismo, da coincidência entre o Estado e os caprichos de quem o dirige. Caso contrário, imagine o que seria se cada recém-chegado a um cargo público ordenasse que se escrevesse consoante as suas preferências, por exemplo, com esta mesma ortografia anterior à revisão de 1911.
Desobediência civil, aclamam alguns, batendo palmas. Ai, pobre Henry David Thoreau dando voltas na tumba. Só que esta decisão de corajosa ou coerente nada tem. Pelo contrário. Coragem e coerência teriam existido se o ex-deputado europeu tivesse declinado o lugar, alegando incompatibilidade entre as suas posições quanto ao AO e o exercício de um cargo público. Em si mesmo, esse seria um acto de grande pressão, legítima, sobre o governo e o parlamento para a revogação do AO. Assim, a imposição do ex-deputado europeu é mera prepotência. É este tempo. 

domingo, 5 de fevereiro de 2012

A.J. Seguro acaba de dar um passo importante

António José Seguro acaba de dar um passo importante ao declarar que discorda do Memorando de Entendimento em vários pontos concretos, entre os quais o respeitante à lista de privatizações. Um serviço ao PS e ao País.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

O Cabo Sumarino regressa ao Correio da Manhã

Volto hoje às páginas do Correio da Manhã com um artigo sobre o contexto nacional e internacional da sucessão de Carvalho da Silva por Arménio Carlos à frente da CGTP. Mais basismo, mais militantes, mais luta de classes , para além da que o governo e os poderes da direcção europeia bi-acéfala impõem. Mas só quem tiver uma resposta menos sectária e mais abrangente conseguirá um novo equilíbrio estável para a sociedade nacional e internacional.

Cavaco Silva e Passos Coelho finalmente de acordo

Finalmente Passos Coelho inspira-se no cavaquismo governamental. Também ele mostra o nervo anunciando que não haverá tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval! Mas copiar não vale...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Passos Coelho desmentido pelos mestres

Poul Thomsen, o representante do FMI na troika, declarou a um jornal grego que «temos de abrandar um pouco no que diz respeito ao ajustamento orçamental e andar mais depressa na implementação das reformas estruturais», segundo o Diário de Notícias.Recessão, desemprego e crise europeia conjugam-se para alterar a medicina prescrita pela troika, defende o depositário da fórmula da austeridade.Pelo seu lado António de Sousa, presidente da Associação Portuguesa de Bancos, prevê que será desastroso «voltar aos mercados» em 2013». Passos Coelho parece cada vez mais um daqueles soldados japoneses abandonados numa ilha sem comunicações com o exterior. Ou, como afirmou, João Rodrigues ao mesmo jornal«Quando temos um responsável do FMI e um membro de um governo nacional com os papéis invertidos, é surreal.Diz-nos que este governo é feito por gente ideologicamente fanatizada.»

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Exigir o veto presidencial ao diploma dos feriados

Sou subscritor de um abaixo-assinado de historiadores contra a proposta governamental sobre a eliminação de feriados que há-de dar entrada na AR. Espero que muitos deputados, mesmo da maioria, não deixem o seu nome associado a essa vergonha política e cultural. Mas sobretudo espero que o Presidente da República vete o diploma quando este chegar a Belém.Aqui não há estado de necessidade a invocar. Aqui só há sentido de Estado a defender.

Um social-democrata no PSD

Chegou-me ao conhecimento uma intervenção de Mota Amaral na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa na última sessão de Janeiro, em que aquele deputado do PSD e presidente da delegação parlamentar da AR, faz uma rigorosa crítica à deriva neo-liberal europeia,condena as medidas anti-sociais promovidas nos últimos anos e denuncia a cativação do poder político pelo poder financeiro. Podem-nos parecer familiares essas declarações, mas não tenho visto mais ninguém do PSD a manter a chama da social-democracia dentro e fora do País.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Estado de Direito e Direitos adquiridos

O discurso do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento, foi o mais importante dos proferidos ontem na abertura do Ano Judicial. Despido de retórica, também nisso contrastando com os demais, Noronha do Nascimento alertou para a lógica política-jurídica da afirmação oportunista e perversa de que não há direitos adquiridos. Embora o actual alvo dessa doutrina caótica sejam os direitos sociais, o alerta do Presidente do Supremo Tribunal tem toda a razão de ser como foi demonstrado pelo próprio, e eu estou há muito convicto
«Dizer que não há direitos adquiridos-produto de uma civilização avançada-é dizer que todos eles, mas todos,podem ser atingidos»
Retirei a citação do Correio da Manhã. Outros jornais não retiveram a frase nas sua reportagens ...Mas sim, é o Estado de Direito que pode estar em causa.

O nosso comissário em Lisboa

Passos Coelho empolgou-se na apresentação de mais um novo programa do PSD, jurando que aplica o Memorando de Entendimento por convicção pessoal e não por necessidade de respeitar o plano de ajuda financeira da troika.Isso no dia em que o desemprego-essa suprema forma de competitividade internacional!- ultrapassava já em Janeiro a previsão máxima do governo para todo o ano de 2012. A senhora Markel escusa de procurar outro comissário. Passos Coelho já «fez o dom da sua pessoa», como diria Pétain, para ocupar o cargo.

Gosto