sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

entrudos

24 de Janeiro. O primeiro-ministro garantiu que Portugal não pedirá nem "mais tempo, nem mais dinheiro". 9 de Fevereiro. O ministro das finanças mostra ao seu homólogo alemão como anseia por um ajustamento ao programa português (não era a troika que decidia os planos?) . A conversa captada entre Gaspar e Schäuble não traz nada de novo. Já se conheciam as pieguices do governo perante a Alemanha e o silêncio depois das últimas declarações de Merkel confirmaram-nas. Há muito que se sabe que esta linha de resposta à crise é um falhanço total no qual se insiste através de soluções revistas e aumentadas. Desde o início que se percebe que sem renegociação da dívida Portugal não voltará aos mercados. O que o diálogo em causa revela é que o governo também sabe.
Mesmo sendo pública a outra cara de Jano, a usada para o exterior- oposta à destinada a consumo interno- o executivo procura não perder a face. Acontece que são os cidadãos que estão a pagar uma crise que não criaram, donde transparência e prestação de contas são serviços mínimos. Já numa democracia este episódio retirar-lhe-ia toda a credibilidade para desculpar-se com a troika. Quanto mais para “ir além da troika”. E se isso acontecesse, ao contrário de Gaspar, nem agradecíamos muito. Não seria essa a nossa obrigação. Apenas um direito.

Gosto