quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Descansar uns dias

Tenho andado com más cores. É um bom motivo para parar uns dias.

Esta lei do arrendamento urbano...

Esta lei do arrendamento urbano vai dar uma grande confusão. Óptima para prazos, procedimentos, impugnações, indemnizações. Um paraíso para casuísticos. Um pesadelo para as pessoas em transição.

Rúben Amorim contra a meia- hora

O caso «Rubén Amorim» prefigura uma desobediêncis civil contra a meia-hora de trabalho extra avançada pelo governo?! Mesmo que seja só a dar umas voltas para aquecer contra vontade.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Agora, o IMI

A compra de casa foi nestas últimas décadas uma forma defensiva de aplicação das poupanças individuais, uma forma em betão familiar dos certificados de aforro, hoje desaparecidos na voragem do jogo de interesses. Depois foi fomentada por uma política de crédito agressiva e a juros oscilantes. A compra de casa raramente foi um investimento visto do lado da procura, pelo menos nos últimos vinte anos. O Estado teve essa percepção que criou um imposto-o IMI- orientado para a habitação e taxou-o nessa proporção. A «troika»percebeu que havia aqui uma contribuição a explorar em países de universo fiscal reduzido ao «terceiro estado», como a Grécia e Portugal, e em breve a Espanha.
Aí está um bem não circulante, difícil de transacionar em momentos de crise. Basta subir o IMI,e a receita cai electronicamente na repartição de finanças.A menos que os hipotecados de todo o mundo vendam os seus apartamentos, não se vê bem a quem, banca incluída.Perfeita armadilha

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Tolerância de ponto e tolerância de ponte

O facto do dia 25 ter sido um domingo levantou uma grande questão mal explicada e pouco comentada do espírito com que se olha para certas medidas: como passar o feriado de um domingo para um dia de semana? Pelo sossego desta manhã aqui no bairro percebi que foi a «oitava da festa» o dia escolhido para manter uma certa ordem nas coisas. Pode não haver tolerância de ponto, mas há sempre maneira de estabelecer uma tolerância de ponte

domingo, 25 de dezembro de 2011

Uma geração com netos

A consoada celebrava-se na casa grande da minha sogra em Campo de Ourique. Espaçosa, abrigava a geração que nos antecedeu com sobriedade republicana e abria as suas portas a um sólido núcleo familiar que não faltava às festividades da quadra compostas por um menu tradicional,e por uns «números » de entretenimento dos nossos filhos dentro de uma filosofia mais criativa do que disciplinada pela imitação. O tempo foi passando, a Mãe da Maria Emília declinando suavemente pelos seus mais do que noventa anos, recitando muitas vezes as estrofes do «D. João»de Tomáz Ribeiro que incendiara a polémica entre Antero e Feliciano de Castilho. A polémica já nada dizia aos nossos filhos, mas disse muito ao Portugal novecentista e à história dos feriados , quando estes estavam entregues a gente culta.


Após um curto período de errância sobre a nova sede da família para a reunião da consoada, ontem ter-se-à consolidado o espaço de uma sobrinha cuja prole cresce impetuosa e que deslocou a corte para algures no Alto do Lumiar. A vasta sala foi concebida para um aumento da natalidade sustentada e permitiu-me dar-me conta da plena ascenção da geração dos netos. Refira-se que o antigo apartamento de Campo de Ourique foi recordado com intensidade num filme fortíssimo realizado por um jovem da geração dos filhos.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Anuário 2011

A célebre entrevista do primeiro-ministro dada aos directores do Correio da Manhã foi publicada no Anuário de 2011 desse jornal. Nesse anuário escrevo sobre a crise do euro, chamando a atenção para o facto do euro ter sido concebido como uma moeda interna ao mercado comum não estando minimamente preparada par o embate com o mercado financeiro global. A crise das dívidas soberanas europeias foi a crise da sua moeda meramente continental.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Os alemães corromperam-se entre si...

Os alemães fabricam os submarinos, e depois corrompem-se entre si para os venderem ao estrangeiro próximo. No fundo fazem tudo. Os compradores só navegam...

Em Espanha, as pensões não entram nos cortes da despesa.

O governo Rajoy apresentou-se ontem ao parlamento espanhol. Anunciou cortes nas despesas do Estado mas não cortes nas pensões, honrando o contrato para os que tiveram uma longa vida contributiva. Cá é mais o género « És pensionista,então estás mesmo à mão».

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Ordem para emigrar

Ordem para emigrar foi o título de um meu artigo para o Correio da Manhã, publicado a 4 de Junho deste ano, em que analisava a economia social patente do «Memorando de Entendimento», assim como os mecanismos de mercado da zona euro. Mas nunca pensei que o governo tivesse de explicitar essa ordem imanente ao sistema. Pois Passos Coelho ontem, também no Correio da Manhã, veio seguir à letra o mandamento da circulação de pessoas para a zona especial da língua portuguesa. Desde a emigração para o Brasil, ou para África, que não se ouvia essa ladainha.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Lúcio, Sacuntala, e Álvaro Miranda

A história vista por pessoas que a viveram impede-nos de grandes arrebatamentos épicos. Só havia um goês em S.Miguel: o reputado professor liceal de matemática Lúcio de Miranda. Sempre aprumado e elegante casou com uma menina micaelense e tiveram. dois filhos O meu Pai falara-me várias vezes das perseguições que Sacuntala, mais velha do que eu, fora vítima em Lisboa. Álvaro era da minha geração liceal. Um dia o Drº Lúcio de Miranda desapareceu de Ponta Delgada. Constara que era um defensor da independência de Goa, Damão e Diu. Recentemente soube pelas memórias da filha que, asilado em Londres, comoveu-se deveras com a a invasão de Goa há 50 anos.Dias depois caiu doente na cama. Morreu sem regressar a Goa.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Leis transaccionáveis

Na minha rubrica Cabo Submarino no CM aponto as consequências mercantis da compra a eito de câmaras de videovigilância, dado que a autorização meramente governamental se for genérica será muito flexível e amiga da indústria e se for casuística será muito clientelar. Abre-se assim caminho para um grande negócio.

Cerimónia de posse do novo Reitor da UA

Na minha qualidade de presidente do Conselho Geral da Universidade Aberta proferi um discurso sobre o papel dos conselhos gerais na governança universitária, e a ajuda que tem dado na ultrapassagem da proclamada endogamia dos estabelecimentos de ensino superior. Mas a verdadeira prova dessa evolução deveu-se à eleição do novo Reitor. o Professor Paulo Dias, provindo da Universidade do Minho.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Eduardo Lourenço-Prémio Pessoa

Já houve de tudo na atribuição do Prémio Pessoa inventado pelo Expresso: amiguismo,snobismo, intriguismo, oportunismo, e algumas distinções adequadas. O prémio hoje atribuído a Eduardo Lourenço, no ano em que a Gulbenkian está a publicar a obra completa do grande ensaísta, redime muitos pecados cometidos em Seteais.

A ligação siamesa entre credores e devedores

Uma das irracionalidades do actual estádio da resolução do problemas das «dívidas soberanas» reside na ausência de diálogo e negociação, directa ou mediada, entre credores e devedores.Foi uma das boas práticas que permitiu ultrapassar muitas situações semelhantes no século XX, mas que nesta emergência foi afastada, pela apatia dos governos e pela natureza dos seguros financeiros derivados. Só a senhora Merkel tentou chamar à razão os credores, e de certa maneira conseguiu o seu contributo relutante no caso da Grécia. E no entanto não se vê outra maneira realista para salvar o funcionamento da economia europeia.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Que nome para as câmaras de video-vigilância?

Vem aí mais um gordo negócio: a venda de câmaras de video-vigilância em cada esquina, e até nas florestas desabrigadas. Nem falo na questão da protecção de dados, pois não vale argumentar com quem não conhece a questão.Remeto para o Tribunal Constitucional essa vigilância. Gostava era de dar um nome aos aparelhos que vão entrar na proximidade das nossas vidas. Proponho Pina Manique ou angélicas...

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A caminho do Prémio Nobel nas ciências

Depois de ter visto ontem parte do programa da RTP sobre a Educação Superior é legítimo ficar à espera de um prémio Nobel para as ciências em Portugal. Já houve um em Medicina sem tanta parceria...

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Do «Directório» ao «Eixo»

Não tem sido muito analisado a passagem do Directório Europeu, composto teoricamente pela Alemanha, França, Itália e Reino Unido, para o Eixo Berlim-Paris. Mas foi uma operação que ocorreu sob os olhos de centenas de especialistas: a Itália foi eliminada por más contas, o Reino Unido por não pertencer à zona euro. A Espanha nunca fez verdadeiramente parte. O próximo candidato ao directório é a Polónia.Veremos o que lhe acontece.
Já nem falo das instituições comunitárias nesta fase aparentemente inter-governamental.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Luis Francisco Rebelo

Em 1959, Cerqueira da Rocha,um estudante da Faculdade de Direito de Lisboa que fora colocado em S.Miguel no tempo do serviço militar obrigatório, travou conhecimento comigo e emprestou-me vários livros que trouxera para ocupar as horas livres. Um deles foi a «História do Teatro Moderno» de Luis Francisco Rebelo, recém editado por um Círculo do Livro entretanto desaparecido. Essa obra, de vasta respiração cosmopolita, foi um clarão nos meus horizontes insulares. Na altura só havia livros, cinema, rádio e alguma música nos concertos da Pró Arte para um adolescente interessado na cultura. O teatro era raro e distante. Pois apaixonei-me por essa forma de expressão, na sua versão literária. Mais tarde, em Maio de 1961, fui prendado com um prémio de Teatro nuns jogos florais estudantis da Universidade do Porto.E frequento com persistência as salas de teatro ainda hoje. Devo essa paixão ao livro de Luis Francisco Rebelo.Lembrei-me disto na hora da sua morte.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Os tratados maltratados

Do que escrevi abaixo infere-se o título do meu artigo para o CM
-Tratados Maltratados.
A única nota relativamente positiva da cimeira foi o papel atribuído ao BCE na gestão do do FEEF e do futuro Mecanismo de Estabilização Financeira. O resto é conversa.

O Direito na Cimeira

O Direito não esteve ausente das preocupações da cimeira. Nem sempre da maneira mais simples. Vejam este trecho da Declaração Final dos Chefes da zona euro.
«Algumas medidas acima descritas podem ser decididas através do direito derivado.(---)as outras medidas devem fazer parte do direito primário. Dada a falta de unanimidade entre os Estados-membros da UE decidiram (os chefes...) adoptá-las por via de um acordo internacional a assinar em Março, ou em data anterior. O objectivo continua a ser incorporar essas disposições nos Tratados da União o mais rapidamente possível».
Isto promete.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Uma adesão sem Hino da Alegria

A Croácia lá assinou, depois da Eslovénia mas antes da Sérvia, o seu tratado de adesão à UE. Teve grandes apoios fácticos que não chegam para resolver os problemas europeus mas chegam para estes «pequenos passos».O ambiente actual não condiz, no entanto, com a vibração do Hino à Alegria...

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Falta de sorte

A UE teve muita falta de sorte com a concidência das lideranças em Berlim e Paris. Ainda por cima dão o seu pior quando começam a dispor das regras para novos tratados. O de Lisboa, assente no receio da participação cidadã, infelizmente seguido cegamente pelos pacientes dos costume, não resistiu aos seus favores mais de um lustre, e a bem dizer nunca chegou a entrar em vigor.Agora querem outro para judicializar os termos já expressos do Pacto de Estabilidade que, sem outras medidas, está na base da actual desgraça económica europeia. Tudo isto é frouxo, tudo isto é triste.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Um empresário verdadeiro

Nas páginas interiores do jornal Público o empresário Rui Miguel Nabeiro perante uma pergunta do jornalista responde «Não vamos resolve o problema de uma economia tornando as leis laborais mais flexíveis».
É desta maneira que se percebe quais os empresários que têm futuro.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Marcelo faz doutrina sobre grupos parlamentares

De regresso de uma ida a Vila Real e ao Porto para apresentar, com Eurico Figueiredo e António Barreto, o livro A PÁTRIA UTÓPICA, apanhei na TVI Marcelo Rebelo de Sousa a dissertar sobre como deve um líder partidário lidar com o seu grupo parlamentar, no caso em apreço António José Seguro e os deputados socialistas. O professor, que antes havia mergulhado no emergente mundo da assistência social com imensa piedade, mostrou-se um Torquemada a inspeccionar a declaração de voto do grupo parlamentar do PS contaminada pelas doutrinas dissolutas da colegialidade, filhas de um início de século desvairado . E o do PSD só se salvou porque os deputados da Madeira não fizeram fitas no orçamento, embora possam ter feito figas. Está imparável o comentador.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Os sindicatos ressuscitam na Grã-Bretanha

A nossa comunicação social não está a prestar atenção aos movimentos sociais na Grã-Bretanha, com greves e manifestações de uma amplidão sem precedentes. Já se fala numa ressurreição dos sindicatos britânicos refeitos dos anos Thatcher-Blair. Há quem passe e há quem fique.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O último Primeiro de Dezembro?

Afeiçoei-me ao Primeiro de Dezembro. Sempre achei que tinha, mais tarde, poupado umas bombas na península, e dispensado os nossos estimados escritores de serem bilingues como Don Francisco Manuel de Melo. Podia não ser feriado, como o dia da batalha de Aljubarrota não o é. Tornou-se aliás um feriado envergonhado depois da queda da dinastia de Bragança e do fim bélico do Estado Novo. Creio que só os funcionários públicos o respeitam hoje em dia, e o homem dos jornais aqui do bairro. Temo é que o espirito de independência dos portugueses seja substituído por uma qualquer campanha publicitária sobre a auto-estima da produtividade. Já vejo candidatos laboriosos e bem pagos para o efeito.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O voto no orçamento como salamaleque

O PS fez muito mal em abster-se na generalidade, e fará ainda pior em abster-se na votação geral final do orçamento remendado. Como escreve hoje Eduardo Cabrita no Correio da Manhã, «O governo de Passos Coelho fez quase tudo para não merecer a abstenção do PS». Ora se fez. Fez tudo e mais alguma coisa. Moral da história: o voto no orçamento não pode ser um salamaleque político.

Estados democráticos sob protectorado ditatorial?

Ontem, numa conferência internacional promovida por Eduardo Paz Ferreira sobre os 25 Anos de Adesão de Portugal à Comunidade Europeia, Freitas do Amaral fez uma intervenção extremamente dura sobre o papel«ditatorial» de Merkel e de Sarkosy na condução da crise do continente. E considerou que o funcionamento da dupla não tem base legal para actuar assim.
Além de não apresentarem verdadeiras soluções para o impasse monetário da zona euro...

domingo, 27 de novembro de 2011

Eu e o Fado IV

Contei na altura à Margarida Figueiredo as minhas deambulações pelo mundo das casas de fado. A Margarida, com o seu «franc-parler», costumava avisar os amigos que estavam a baixar a guarda das suas exigências dizendo-lhes que estes pareciam a Amália a cantar «A casa da Mariquinhas». Perguntei-lhe«Mas, sem ser a Amália, quem é o nosso melhor fadista actual?». E a Margarida, firme, respondeu-me :.«O Carlos do Carmo».Ainda hoje ouço o Carlos do Carmo.
Confesso que me esforço por conhecer os novos valores e tons do fado, embora me esteja a distanciar dele, no exacto momento em que é consagrado pela Unesco.

Eu e o Fado III

Quando cheguei a Lisboa as «avenidas novas» haviam-se deslocado mais para cima, e chamavam-se Avenida de Roma e dos EUA. Ainda fui a uma ou outra «casa de fado», mas, no género, gostava mais da variedade da «revista à portuguesa», e confesso que o Toni de Matos passou a ser para mim uma referência mais apelativa do «pathos» lisboeta.
Só voltei a entrar em casas de fado depois do 25 de Abril, no meio do anátema que já varrera o «nacional-canconetismo». As salas estavam praticamente desertas, os fadistas descriam do futuro, mas a comida melhorara.Há uma fotografia tirada na «Severa», que já apareceu numa entrevista pessoal do Artur Santos Silva, em que este, o António Barreto e eu próprio- três secretários de Estado do VI Governo Provisório, do Almirante Pinheiro de Azevedo-, ceávamos depois de algum conselho de ministros mais prolongado, o que era usual nesses tempos. A fotografia não mostra a desolação do ambiente, mas queríamos dizer alguma coisa com a nossa presença.

Eu e o Fado II

O meu primeiro encontro com o Fado foi no Teatro Vilafranquense, na ilha de S.Miguel. O teatro pertencia à família Damião que resolvera adaptá-lo a cinema no final dos anos quarenta. O filme de estreia da sala de espectáculos assim recuperada foi «Fado-História de uma cantadeira», com Amália Rodrigues e Virgílio Teixeira, tenho a certeza absoluta. Quanto ao realizador já não ponho as mãos no fogo mas desconfio que era o Perdigão Queiroga.Tinha uns oito anitos mas ainda me lembro de ver muita gente chorar com as desgraças que se passavam nas ruelas lisboetas, enquanto a «cantadeira» da história fora viver, segundo constava junto dos amigos de um inconsolável Virgílio Teixeira, «para as avenidas novas», da capital.Prometi a mim próprio tirar a limpo, quando crescesse, o que haveria de sedutor em viver na Avenida da República.
Claro, os discos de vinil venderam-se mais em Vila Franca do Campo nos tempos subsequentes, rivalizando com os programas radiofónicos do tipo «Que quer ouvir?» em que o fado campeava.
(continua)

Eu e o Fado

Em primeiro lugar parabéns aos promotores da candidatura do Fado a património imaterial da Humanidade. Há muitos aspectos de excelência e profissionalismo na candidatura. Creio que é justo abranger nestes parabéns o Presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, Carlos do Carmo, Rui Vieira Nery.Agora só espero que os outros géneros musicais sobrevivam em Portugal.Explico-me já a seguir.

sábado, 26 de novembro de 2011

Repensar Portugal

Gostei de ver Ramalho Eanes admitir, no quadro da boa-fé entre as partes contratantes, uma renegociação atempada do Memorando de Entendimento, que está a ser promovido a novo livro sagrado para analfabetos.Até porque, como escrevi hoje no Correio da Manhã, «Cada um vê os erros da troika que lhe interessam, pois eles são variados.»!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Os mercados ingratos

A Fitch leu as previsões «heroicas« do nosso governo, e do FMI, para 2012 e lá desceu o rating de Portugal. Uma ingratidão para Passos Coelho sempre a dizer que quer «voltar aos mercados». Tenho a impressão que esse prometido regresso já não será ele.

Provocações no dia da greve

O dia amanheceu com a novidade do lançamento de dois cocktail molotov contra as instalações envidraçadas de duas repartições de Finanças da periferia de Lisboa, um serviço público por enquanto ao abrigo de qualquer plano de encerramento por parte do governo. A notícia arrastou-se pelo dia todo, embora os lançadores tenham desaparecido como os morcegos e não tenham voltado a atacar depois das 8h da manhã.Devem ter ficado a ver televisão o resto do dia.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Novo Manifesto

Sou um dos signatários do manifesto POR UM NOVO RUMO que animou a opinião de manhã à noite. Numa época de manifestos e de abaixo-assinados, como aqueles que têm vindo a aparecer nas páginas dos jornais, não deixa de ser expressiva a vasta e variada reacção que este despertou. Para uns foi uma crítica à passividade da direcção do PS, para outros uma manifestação de solidariedade para com a greve geral marcada para hoje e um aviso ao governo seguidor e acelerador de uma política de depressão económica do país. E no entanto a pulsão afectiva do manifesto dirige-se sobretudo à defesa dos aflitos e indignados como os desempregados desamparados, a velhice digna ameaçada, os trabalhadores precarizados, a juventude sem perspectivas e convidada a emigrar.É muita gente. é a nossa gente.
São temas de outras eras como despudoramente ouvi repetir ao longo do dia pelos modernaços do comentário? Quem dera...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Luta de gerações no interior do PSD

É cada vez mais nítida a luta de gerações no interior do PSD. Passos Coelho pensa tirar partido dessa disputa dando luz verde aos talibães mais novos. Na linha de mira a desorganização do regime, e como primeiro alvo Cavaco Silva, praxado consecutivamente nas campanhas sobre rendimentos das reformas e das pensões, tendo em conta que optou por estes em detrimento do vencimento de PR, mais escasso. Manuela Ferreira Leite riposta criticando as medidas radicais de ordem económica e social.Os ressabiados internos do consulado governamental cavaquista parecem estar a levar melhor.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Nem meia-hora

Os mercados não respeitaram a meia-hora pedida por Rajoy. São mesmo mais cegos do que a Justiça...

Fernando Martins

Foi um aluno rebelde num mestrado há vinte anos. Foi um investigador infatigável, e um historiador pioneiro e original da entrada de Portugal na ONU. Um espírito livre sempre. É um dos bloggers que mais leio. Agora com nome próprio: Fernando Martins.

Não chegou a ser notícia

A vitória do PP em Espanha não chegou a ser notícia. As sondagens há muito que a anunciavam. Mais uma vez um partido do socialismo democrático imolou-se no altar das medidas adversas e seguiu um guião que não era o seu à partida. Mesmo assim o PSOE não deixa a Espanha em pior situação europeia do que a Grécia da Nova Democracia, ou a Itália de Berlusconi. Ainda por cima sai com a anulação da ETA no seu activo, pouca coisa para néscios. e em votos.
Rajoy já deu o tom do seu mandato: pediu aos mercados meia-hora...

domingo, 20 de novembro de 2011

Uma notícia de hoje e um artigo de 10 de Novembro de 2010

O Correio da Manhã publica este sábado uma notícia na página 29 em que se anuncia que «Portugal poupa 3,5 mil milhões de euros com as novas regras» da Comissão Europeia, agora previstas para cobrir 95% do cofinanciamento comunitário nos programas do QREN. Defendi há mais de um ano, em várias oportunidades públicas, entre as quais num artigo naquele jornal datado de 10 de Novembro de 2010, que esse seria um recurso realista para permitir executar o QREN até 2013, com as verbas disponíveis no orçamento da Comissão e sem obrigar o Estado a endividar-se no mercado nesta fase. Fico satisfeito com a racionalidade da medida que ajuda ao crescimento da economia.

sábado, 19 de novembro de 2011

O «cluster» do futebol

Não me lembro do mágico Porter ter apontado o «cluster» do futebol como um dos mais consistentes pontos de apoio para a excelência em Portugal. E, no entanto, já nos anos noventa que era assim. Quando nos dias de hoje se descobre que entre nós nem dramaturgos há ( e o investimento neste campo é etéreo...) merece relevo a persistência vencedora de uma actividade que move milhões e nos coloca no cimo de qualquer triploAAA. O «cluster do futebol», no Correio da Manhã.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Os governos da Santa Aliança

A uniformização de governos e ideologias a que se assiste na UE talvez só tenha paralelo nos anos restauracionistas da Santa Aliança depois das guerras napoleónicas, com a agravante das intervenções agora serem «sem rosto». A troika substituiu a «A Santíssima Trindade»...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A «bem da nação» e o fim do 5 de Outubro

João Duque ressuscitou o «A bem da Nação» com que a ditadura substituiu a saudação «Saúde e Fraternidade» da I República. O governo dos Álvaros quer eliminar o feriado do 5 de Outubro, o que nem o salazarismo ousou em mais de 40 anos. Percebem o sentido que tudo isto faz? Mete-se pelos olhos dentros.O primeiro a tê-los bem abertos deve ser o Presidente da República. Esta malta vai embalada...

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Reconheça-se o papel do futebol

Num país que perdeu o sentido estratégico próprio, que se abandonou ao pensamento e até ao querer de outros em domínios do seu mais imediato e fundamental interesse, a competência demonstrada na equipa de futebol nacional merece ser saudada como um estímulo para desafios mais gerais.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Eduardo Lourenço e a Pátria Utópica

Pátria Utópica, o livro de cinco exilados políticos que regressaram a Portugal depois do 25 de Abril- António Barreto, Ana Benavente, Eurico Figueiredo, Valentim Alexandre, e eu próprio- mereceu hoje uma vasta reflexão de Eduardo Lourenço. Só por isso valeu a pena publicar o livro.


Eduardo Lourenço, o nosso maior intelectual vivo, ainda não tem sucessor. Nem se adivinha outro com a mesma capacidade de pensar uma pátria. Mesmo que utópica, mesmo que mítica, mas sempre necessária.

Manifestações

Já se percebeu: as manifestações vão engrossar nas ruas de Portugal. Foram o acontecimento deste fim-de-semana e anunciam resistência à falta de folgas e almofadas. O caso dos militares merece ser tratado com cuidado. Não vejo no governo sabedoria para o efeito. Gostam de levar a eito coisas que não são para brincadeiras de adolescentes políticos.

sábado, 12 de novembro de 2011

A Igreja não se abstém

A Igreja não se abstém é o tema do meu artigo no CM. Porquê? Porque a «Mensagem Esperança em tempo de crise» é um documento impressionante na denúncia da injustiça social promovida pela crise e pelos «novos senhores sem rosto».Sendo laico não deixo de apreciar que os bispos tenham recordado a «doutrina social da Igreja», nestes tempos de caos neo-liberal. Pena que a CEP se tenha deixado arrastar para a barganha do corte de feriados. Mas sobre os feriados falaremos mais tarde.

Está tudo dito

Este orçamento foi anunciado como o« mais difícil» de sempre, mais coisa menos coisa, em termos da criação de um clima digno da «emergência nacional». Pois o debate na AR esteve longe de esgotar os tempos previstos para elucidação das dificuldades, seus remédios e medicinas alternativas. A presidente encurtou os procedimentos por falta de inscrições e antecipou para o meio-dia a votação da proposta orçamental prevista para a tarde. Está tudo dito sobre o assunto? O dramatismo da situação tornou-a inefável?

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Tecnicidades

Acabou empatado a zero o jogo entre a atlética Bósnia e o Portugal tecnicista em futebol. O paradoxo residiu na péssima marcação dos cantos pelos artistas nacionais...

Almofadas...

Da discussão do OE fica-me a impressão que haverá redução do IVA para a restauração, mas que é improvável a redução dos sacrifícios para os funcionários públicos e os reformados da CGA. Curiosamente ninguém procura «almofadas» na redução das despesas do poder local. Muito podem os autarcas. Basta reparar na recente cedência do governo aos limites do endividamento das autarquias.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Menos informação no serviço público da RTP?

A constituição do « grupo de trabalho» sobre serviço público de televisão nomeado por este governo pouco ou nada teria a dizer sobre tudo o que já foi dito sobre essa matéria nos últimos 20 anos, pelo menos. Mas havia sempre a hipótese de uma boa sistematização. Mas não. Depois deste tempo todo, e das enormes certezas já manifestadas pelo ministro da tutela, parte do grupo chegou à conclusão que a RTP devia diminuir o espaço dedicado à informação! Logo onde a RTP se deve dedicar em termos de serviço público e dá cartas em termos de audiências! Mais uma gargalhada.

O CDS também se abstém na generalidade?

O silêncio do CDS desde a apresentação da proposta orçamental tem sido ensurdecedor. Ver-se-á no debate parlamentar os argumentos para o voto favorável na especialidade.Na generalidade absteve-se até agora.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Avaliar os 25 anos de adesão

O Professor Eduardo Paz Ferreira mantém uma actividade intensa na ligação da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa às questões actuais das finanças públicas e da sociedade portuguesa. Realiza uma celebração reflexiva sobre os 25 anos da adesão de Portugal à UE nos próximos dias 28, 29 e 30 de Novembro, e já há um site sobre o tema: http://www.25anosdeadesao.eu/
É para visitar.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Os políticos da ocasião

Em Atenas aponta-se um chefe de governo saido do mundo das organizações financeiras internacionais, ora do FMI, ora um ex-BCE, grego de aparência. Em Roma fala-se de alguém da colheita resguardada nas caves do banco central. Em Portugal ao menos ainda não se fala de ninguém do «perímetro» monetário. Só o ministro das Finanças veio de lá.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Suspender o juízo

A evolução política na Grécia tem dado os seus momentos de glória efémera a muitos comentadores. O pior são os desenvolvimentos de uma situação em plena mudança. O melhor é observar a realidade antes de a explicar.

sábado, 5 de novembro de 2011

Mais política

A UE está a precisar de mais política. Aliás ela desponta aqui e ali. A chanceler Merkel foi à cimeira do euro munida de um mandato imperativo do Bundestag. O primeiro-ministro grego pretendeu levar a referendo nacional os compromissos contraídos nela. É o regresso da política que analiso no
Cabo submarino.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Voto de confiança

Jorge Papandreou ganhou o voto de confiança que os media europeus intoxicados consigo próprios anunciavam incerto. Segue-se um complicado processo de consultas políticas para se formar um governo mais abrangente, esse sim pouco provável, tendo em conta os costumes partidários gregos, onde governo e oposição não brincam aos meninos bem comportados. A seguir por toda a UE.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

PÁTRIA UTÓPICA

Já está nas livrarias e recomenda-se.  O grupo de Genebra- António Barreto, Ana Benavente, Eurico Figueiredo, Valentim Alexandre e, claro, José Medeiros Ferreira- fala do exílio. Não podia ser mais actual.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Não perder legitimidade

A UE já teve melhores dias económicos e mais prestígio internacional ( o caso da Líbia, com o assassinato de Khadafi e as suas vulnerabilidade, ainda lhe vai cair em cima). Financeiramente é o que se sabe, monetáriamente anda aos papéis, literalmente. Só lhe resta a legitimidade democrática dos seus membros para se fazer e refazer. Nada de brincadeiras proíbidas. Ao menos salvaguardar o velho espaço de liberdade e democracia.Como um santuário ortodoxo...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Hoje agradeço assim

Seria uma hipocrisia dizer que os elogios não sabem bem, sobretudo quando partem de pessoas cultas e exigentes. Pois gostei especialmente do artigo de Carla Quevedo Sonhos Televisivos, no jornal Metro - e transcrito no blogue Bomba Inteligentehttp://bomba-inteligente.blogs.sapo.pt/ sobre o programa da TVI-24 Prova dos 9, moderado pela Constança Cunha e Sá e com a participação de Santana Lopes e Fernando Rosas. Hoje agradeço assim a apreciação que me faz.

O referendo grego era imprevisível

Confesso : previ antes de muitos o corte na dívida grega- a história ensina mais do que a economia nessas coisas-, mas o governo grego tem maiores recursos em termos políticos do que eu havia imaginado! A convocação do referendo na Grécia é mesmo um «coup de théatre» que faz de Atenas o palco inimaginável doa decisão europeia sobre o euro! Ou como diria um estratega, são os aliados mais fracos que desencadeiam as guerras...

Prognósticos só no fim

Afinal todos os peritos nacionais encartados previram o corte «inevitável» da dívida soberana da Grécia e a participação dos credores privados na solução, como Merkel defendeu isolada durante um ano, aborrecendo os mercados e a banca com a ideia ...

domingo, 30 de outubro de 2011

Passos Coelho anuncia renegociação

Afinal Passos Coelho veio dar razão a quantos consideram desejável e possível renegociar alguns aspectos do «Memorando de Entendimento», na versão Velho Testamento. Sempre abundei nesse sentido, embora desconfie do sentido para onde nos leva o primeiro-ministro. Mas era mais forte do que ele demonstrar que pode negociar melhor do que José Sócrates...

sábado, 29 de outubro de 2011

O BCE ausente da cimeira do Euro

Disserto hoje no CM sobre a cimeira do euro, na qual o grande ausente foi o BCE, embora se tenha garantido que zona monetária vai continuar com o reforço extra-comunitário do FEEF e com o ensaio do papel deste como segurador de títulos de dívida pública, para além do perdão de parte da dívida grega e da recapitalização da banca. Quanto às medidas sobre a «governação económica», europeia elas indicam um caminho mais centralista e burocrático do que federalista e político.Mas o melhor é ler o artigo.

As discussões sobre o orçamento

As discussões sobre o orçamento estão a tomar um rumo extra-parlamentar, não estão?

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Que turma!

Duarte Lima, ex-líder do grupo parlamentar do PSD, foi acusado no Brasil de homicídio.Oliveira e Costa está cheio de sorte de ser arguido em Portugal, Dias Loureiro nem isso, mas foi uma espécie de chefe de turma desta geração de políticos empreendedores...Que turma!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Resultados, finalmente

Quer na terça, no ProgramaProva dos 9 da TVI-24 moderado por Constança Cunha e Sá, quer ontem na SICN no noticiário das 22h conduzido pela Ana Lourenço , defendi que esta CIMEIRA do EURO traria resultados palpáveis para a resolução da crise financeira e monetária. Muito para além do corte de 50% na dívida grega, e da participação da banca privada, do reforço do FEEF, da «governação económica» da UE, fica a certeza do empenhamento da Alemanha e da França na continuação da zona euro vinte anos depois da UEM. Essa ratificação do acordado entre Mitterrand e Khol há vinte anos recentra a UE na lógica anterior ao grande alargamento, mas tem em conta as consequências da unificação alemã entretanto desenvolvidas. Compete agora aos outros Estados membros portarem-se como adultos.Sem isso a opinião racional não vence.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Em directo do Bundestag...

Várias cadeias internacionais de televisão transmitem o discurso de Merkel no Bundestag em Berlim. Ela distribui apreciações pelos diferentes Estados: a Grécia merece apoio pelo esforço dispendido, a Irlanda e a Espanha estão no bom caminho.Portugal «está convencido». Pois está.

Cimeira da zona euro

Hoje é um dia importante para a zona euro, essa moeda continental da qual fazemos parte há uma década, e que os membros do Conselho Estado ainda ontem mantinham a confusão com uma inexistente «moeda única» da UE. Aliás, o mais relevante na cimeira de hoje é a aceitação pela Alemanha de uma reunião deste género, separada das cimeiras da UE a 27. De certa maneira é um regresso a uma Europa continental sem os alargamentos a leste.Falta chegar aos resultados que possam voltar a dar ao Euro aquele papel concebido pela União Económica e Monetária depois da unificação alemã.Um teste, portanto.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Subsídio de habitação

Mesmo quando fui deputado pelos Açores e havia ajudas de custo, e, depois se aprovou a adaptação fiscal na RAA que modelou em baixa o IRS, mantive a minha residência em Lisboa, onde moro há mais de 35 anos. Não precisei de guias espirituais para tomar aquelas decisões, sempre sem alarde moralista. Por isso, ao ver os ministros deste governo de principiantes a desistirem de uma subvenção de habitação a que teriam direito fiquei com pior opinião deles do que tinha antes.Porque das duas uma: ou tinham direito a essa subvenção, como outros servidores do Estado que até dependem dessas tutelas, ou nunca tiveram direito e nunca a deviam ter usufruído. Todos votam em Lisboa? Todos pagam os seus impostos em Lisboa?São todos lisboetas, afinal?

domingo, 23 de outubro de 2011

Da série, Os Caminhos da Senhora

Acabo de ver a conferência de imprensa de Angela Merkel e de Nicolau Sarkosy. Anunciaram que a banca europeia está a discutir os termos da sua participação na questão do pagamento das dívidas soberanas associada à da necessidade de recapitalização. Um caminho há muito proposto pela chancelerina. Desta vez Sarkosy achou que fazia sentido.

sábado, 22 de outubro de 2011

Mais meia-hora, menos feriados...

O governo não espera nada da inovação tecnológica, da organização e da gestão das empresas. A competitividade da economia portuguesa fica praticamente entregue à redução dos salários, à força braçal e ao arranjo dos feriados concordatários e civis. Tudo muito rudimentar neste
orçamento de principiantes, título do artigo no Correio da Manhã.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A carneirada precisa de cumplicidade

A carneirada está muito incomodada com o Presidente da Republica. Os rebanhos querem um seguro de silêncio e cumplicidade geral para o futuro das suas opções. Pelos vistos vão ter de se responsabilizar por sua conta e risco.

Teatro na Politécnica com Jorge Silva Melo

A Rua da Escola Politécnica e suas estreitas perpendiculares tornaram-se meras vias de acesso ao Bairro Alto nas noites de fim-de-semana.Pior, são a garagem dos carros sem parque nem pagamento que invadem o espaço para residentes sem contemplações .A rua tem excelentes lojas, cafés, esplanadas, padarias, antiquários, mas uma vida cultural noturna praticamente nula. Também por isso a chegada de Jorge Silva Melo e dos Artistas Unidos ao recém Teatro da Politécnica veio encher de esperança os que preferem o convívio com arte e cidadania. Ontem foi dia de estreia com uma provocação de tomo: Não se brinca com o amor, de Alfred Musset. Um divertimento que se pode levar a sério. Como o fizeram o encenador e os encenados.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O PR anda a tomar altura

Cavaco Silva está a ganhar espaço a nível externo e interno. Primeiro melhorou o seu discurso europeu, nomeadamente no respeitante ao papel do BCE na zona euro. Agora toma altura em relação ao governo do dia e à sua proposta orçamental esmagadora para a função pública.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

In Memoriam de António Praia

Faleceu António Praia, um carácter notável, cuja vontade de perfeição, de sabedoria e de justiça pude apreciar em várias fases da vida. Os primeiros discos dos Beatles ouvi-os em casa do Pai, António Borges Coutinho, em Ponta Delgada, nos primórdios dos anos sessenta quando os filhos regressaram de Inglaterra e os trouxeram como eco da modernidade. Mais recentemente António Praia foi um aluno dedicado e exemplar do Mestrado de Relações Internacionais da Universidade dos Açores, sempre presente, sempre atento, sempre participativo. Foi um universitário por gosto e opção. Estava a elaborar uma tese, que eu co-orientava, sobre a Oposição Democrática nos Açores, apoiado nos arquivos do Pai, figura chave dessa oposição. Tinha sofrido há anos um ataque de coração que lhe deixou marcas ma que ele vencia todos os dias. Até ao último.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Um orçamento de início de mandato

Este orçamento esmagador é filho de várias circunstâncias: do «memorando de entendimento» e seu calendário com aparência de «diktat», de uma maioria historicamente restauracionista do pré- Estado Social de Marcelo Caetano, e de um mandato eleitoral recente. O resto é messianismo ideológico.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A RTP paga em géneros?

O conselho de administração da RTP aceitou a recomendação do Ministro da Tutela, Miguel Relvas, e vai deixar de pagar «avenças» a «políticos», na versão titulares de cargos. Rio-me às gargalhadas. A RTP paga muito melhor em géneros- tipo entrevistas e notícias- do que em honorários. Lembram-se das promoções para primeiros ministros e salvadores da pátria? Agora fica tudo reduzido ao« critério jornalístico ». Ganham ainda mais as forças governamentais. A oposição fica remetida ao são controlo da cooptação.

domingo, 16 de outubro de 2011

A idade da Razão

O movimento dos indignados ganhou direito de cidadania global. A economia volta a ser política. A imprensa internacional de hoje refere as principais cidades envolvidas. Lá está Lisboa, entre Frankfurt e N.Y.
O curioso consiste , mesmo admitindo que é um movimento de jovens, em ter sido dois mais-do-que octagenários a apelar em devido tempo ao direito à indignação: Mário Soares e Stéphane Hessel. Dois resistentes à opressão desde sempre.

sábado, 15 de outubro de 2011

A ética do narcisismo

João Gonçalves já tinha obrigação de conhecer os «estadistas» que falam na primeira pessoa para tratar de questões colectivas. As qualidade pessoais que exibem vão quase sempre desaguar num caudal de erros e teimosia, cuja factura é paga pela comunidade que já teve de sofrer tantos génios do poder pessoal. O tom do discurso de Passos Coelho é, na melhor das hipóteses, filho de uma ilusão da vontade própria.Não vejo ponta de lucidez nas medidas desiguais que anunciou às pinguinhas enquanto a proposta de orçamento não chega à AR.

Retirar o remédio do mercado

O Cabo Submarino de hoje propõe que o remédio administrado pela troika à Grécia e a Portugal seja retirado do mercado porque, mesmo que consiga levar esses países a um maior equilíbrio orçamental circunstancial, não garante as condições de pagamento atempado da dívida por falta de crescimento económico. Já nem falo dos interesses próprios da sociedade portuguesa.
Se calhar só compramos tempo. Ou vento...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Um governo parcial, logo não-ético

O governo está a anunciar as medidas orçamentais, cuja proposta ainda não chegou á AR, a conta gotas. Mas já se percebeu que é um governo parcial, que fará pagar o máximo aos trabalhadores e aos funcionários públicos.Em grande parte por ineficiência fiscal, de qualquer maneira por deficiência de ética comunitária. E isso marca um governo.

Meia -hora económica

O Sérgio não precisou de meia-hora para resumir o espírito de sacrifício induzido por um governo parcial.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Vamos avaliar a troika

Eduardo Paz Ferreira, catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, teve uma ideia que por si só resgata um país : promoveu uma Conferência subordinada ao tema Vamos Avaliar a Troika, que o Reitor António Nóvoa integrou nas comemorações dos 100 anos daquela Universidade. A conferência em que participei esta manhâ, continua a decorrer à tarde. Se está em Lisboa não perca. Seja um dos que acha obrigatório examinar a troika de perto. A troika e os troikos nacionais.

As primárias no PSF

Estou a ver no canal France-24 a repetição do debate entre Martine Aubry e François Hollande, os dois candidatos que passaram à segunda volta das primárias do PSF para as presidenciais francesas de 2012. A primeira volta foi um grande sucesso de participação cívica: mais de dois milhões de votantes! Foi uma resposta pujante dos franceses favoráveis a uma alternância de esquerda ao actual presidente, Sarkosy. Domingo se verá quem dará esse combate por parte do PSF que abriu assim caminho à VI República Francesa. A minha preferência vai para Martine Aubry.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Calcanhar de Aquiles

A selecção perdeu tonus desde o jogo com o Chipre.O espírito de equipa voltou aos tempos de Queiroz. Com a Islândia percebeu-se que o sector defensivo estava uma lástima desde Rui Patrício a Rolando. Paulo Bento pretendeu fazer a prova dos nove hoje contra a Dinamarca. Espero que esteja esclarecido.

Joaquim Chissano, Pedro Pires...

O Prémio MO IBRAHIM, instituído há cinco anos por um magnata sudanês para distinguir a boa governação em África, já foi atribuído a dois dirigentes de países de língua portuguesa, Joaquim Chissano e, agora, Pedro Pires.Se tivermos em conta que foi Mandela o primeiro escolhido por um júri à prova de bala, podemos considerar que houve um escol de estadistas africanos de língua portuguesa reconhecido pela comunidade internacional. São vidas de uma Geração da Utopia que fazem sentido, e nos aliviam de tanta mediocridade e miséria humana.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Vasco Cordeiro- o Futuro

A indigitação. pelo PS-Açores, de Vasco Cordeiro para próximo candidato a presidente do Governo Regional dos Açores é uma excelente escolha. Conheci-o em 1996 a fazer campanha eleitoral no porta -a-porta, onde imediatamente se destacou pela rapidez com que estabelecia uma verdadeira empatia com as pessoas e transmitia uma sensação de segurança e alegria. Depois fez as escolas todas de um curso de responsável político e governamental. Vai ter uma prova dura no imediato. Mas o futuro chega assim.

Vira o disco

Fora o resultado de Alberto João Jardim, o resto foram só surpresas nas eleições regionais da Madeira. A subida do CDS ao segundo lugar afunila qualquer alternância a prazo. O voto no PTP, um partido sem história, é a prova que há um eleitorado significativo que segue José Manuel Coelho e não leva mais nada a sério. Muito injusto o resultado de Maximiano Martins que fez uma excelente campanha com seriedade e propostas.É o que temos na RAM.
Alberto João Jardim fez um discurso muito interessante sobre o papel do Estado para a saida da crise.Veremos como se aguenta com a troika e com os troikos. Vai ser a parte mais interessante do seu mandato.

domingo, 9 de outubro de 2011

Nova geração de turismo nos Açores

Estive nas Lages do Pico a participar num colóquio internacional sobre o Mar dos Açores, a convite do culto e activo Pedro Arruda, que revelou as realidades e as potencialidades da nova geração de actividades turísticas ligadas à História e à Cultura, aos desportos radicais e ao património imaterial do arquipélago. Foram dias muito ricos de discussão dentro e fora do auditório municipal. Dentro, com o Carlos Riley e o Sérgio Nunes, entre outros. Fora, com o meu particular amigo Nuno Barata, que, após 24 horas de reflexão, regressou na sexta à hora do almoço pronto a fazer apostas com todos- e comigo em particular- sobre a decisão que Carlos César ia anunciar nessa tarde. Ganhou brilhantemente. Inside information deste membro do CDS de espírito livre, ou capacidade intrínseca de dedução? Ninguém saberá.
PS. Não consigo linkar para o blogue Fogotabraze de Nuno Barata.Mas vale a pena ir lá. garanto.

Um gesto republicano

Carlos César anunciou que não será candidato a Presidente do Governo dos Açores na próxima legislatura regional. É um gesto republicano muito raro em Portugal, onde qualquer pretexto serve para a manutenção pessoal no poder. Eu próprio tive dúvidas sobre a decisão final até umas horas antes do anúncio quando recebi uma mensagem de cortesia sobre o assunto.
O poder de proximidade, que um cargo executivo daquele género dá, tende a perpetuar a mesma pessoa no cargo. Basta olhar para os exemplos de Alberto João Jardim e de Mota Amaral- que, à sua maneira, cedeu o lugar após 20 anos de governo. Nem vale a pena citar o caso dos presidentes de Câmara, para se perceber que a limitação de mandatos se impõe nessas circunstâncias.
Seja como for, Carlos César sai do governo com a mesma fidelidade à ideologia política com que lá chegou há 16 anos. Um exemplo republicano, independentemente do resultado.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O preço certo

Novas estimativas negativas para o não-crescimento da economia portuguesa no próximo ano.Reacção de alguns responsáveis : eu previ!Toca de recordar declarações na tv nesse sentido.
Não sabia que os titulares de cargos públicos , como o governador do Banco de Portugal , ou o primeiro-ministro, se limitavam a acertar no preço certo.Então o que fazem para evitar o desastre que se aproxima.? Para prever já temos muita gente que nem sequer é paga para o efeito...

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Maximiano Martins II

Já aqui o escrevi e repito: a solução política da Madeira pode passar por Maximiniano Martins, o candidato do Partido Socialista a presidente do governo regional da RAM nas eleições de 9 de Outubro. Confirmei essa ideia ao ouvir a excelente entrevista que deu à TSF há poucas horas.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Distinguir tumultos de manifestações

Leio que há quem preveja tumultos e manifestações em Portugal. Não é preciso gastar um só euro do Orçamento de Estado para se perceber que a agitação social vai crescer. Já disciplinar os serviços e as polícias na separação entre manifestações e tumultos parece muito conveniente do ponto de vista preventivo. A cultura sindical dominante, e historicamente comprovada, é a de promover manifestações ordeiras em Portugal. Esta atitude é aliás um dos grandes serviços que o movimento sindical tem prestado à sociedade protuguesa.

sábado, 1 de outubro de 2011

Entrevista-me

Escrevi o Entrevista-me ainda a RTP1 não tinha escolhido António Guterres para o efeito. Mas só se acrescentou mais um exemplo à teoria do poder imanente que um certo tipo de entrevista sem causa aparente suscita. Como Passos Coelho uma semana antes dos cem dias e Cavaco Silva depois. Os efeitos é que são mais ou menos seguros...

Maximiano Martins

Em tudo o que se tem dito sobre a Madeira falta um elemento importante para a saída do imbróglio: Maximiano Martins, que conheci como deputado na AR, e é actualmente o candidato do PS nestas eleições regionais, tem um verdadeiro perfil de governante sério e competente. Pode ser a chave da solução para o problema da perpetuação de Alberto João Jardim à frente da RAM, que o PSD nacional foi incapaz de resolver a tempo. Há muito tempo.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Duas linhas

Leio sobre linhas que se revelam e defrontam no grupo parlamentar do PS. Será que o PS se refundará por linhas tortas, mas atingindo uma boa meta?

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A subserviência em Política

Andava para escrever algo sobre o assunto, sobretudo quando ouço falar os «línguas» da interpretação do «Memorando de Entendimento» e das vontades

alheias. Mas o JM Correia Pinto escreveu no Politeia um belo texto sobre
A Subverviência em Política.

O PR e o governo financeiro europeu

Só vi a segunda parte da entrevista de Cavaco Silva a Judite de Sousa. Parece que foi a melhor. De facto o PR tem vindo o tomar atitudes serenas, lúcidas e comedidas que contrastam com o desvario dos demissionistas nacionais sobre as questões monetárias e financeiras europeias. Sempre é um ponto de apoio contra o excesso de zelo.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A pedagogia do capricho

O «melhor aluno» do ensino secundário sempre me pareceu uma arbitrariedade mais ou menos quantitativa, e muito variável em qualidade de escola para escola. Mas eliminar a distribuição dos prémios pecuniários já atribuídos este ano revela um desprezo pelo envolvimento de tantos professores e de tantos estudantee- para além de familiares e amigos dos contemplados- que só um espírito de implosão periférica pode sancionar. Um desastre pedagógico, um convite à mudança de regras sociais ao sabor dos poderes. Assim se ajuda a desfazer o espírito do Estado de Direito.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A esquerda senatorial

A crise será a mãe de grandes mudanças e alternâncias. Na Dinamarca a social-democracia ganhou as legislativas e irá governar depois de anos de oposição. Em França o PS tornou-se o partido maioritário no Senado, uma «première» desde o nascimento da V República em 1958. Vai ser preciso mais do que a Líbia para Sarkosy continuar presidente...

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Quem não reage ao Gunther merece ficar sem a bandeira

Ainda não li a última declaração da chancelerina alemã sobre perdas de soberania de Estados- membros da UE. Um tema que se está a tornar uma especialidade na CDU alemã. Mas estou de acordo num ponto: quem não protestou contra o Gunther das bandeiras a meia-haste deve levar com um pano encharcado até acordar do tropor em que vive. O que nos vale é a NATO, não?

A Catalunha passa para a frente

O fim das touradas na Catalunha é uma excelente medida que mais cedo ou mais tarde terá o apoio de todos os povos da Península Ibérica. De Barrancos à RTP.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Cartas de Conforto no Marco do Correio

Parece que, afinal, só se soube dos empréstimos contraídos para obras na Madeira através da auditoria aos bancos efectuada pela brigada financeira da «troika». O esquema residia numa opaca simplicidade: as empresas contratadas acediam ao crédito bancário directo através da garantia espiritual de uma «Carta de Conforto» outorgada, para os efeitos tidos por convenientes, pelo governo regional da Madeira. Sempre a ideologia do risco à custa do contribuinte, em última rácio.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O Estado da Palestina

A votação para a admissão do Estado da Palestina como membro observador na ONU parece adquirida. Por muito que Washington disfarce esse passo é do seu interesse estratégico. Ter dois aliados no Médio-Oriente- sendo o outro Israel- é melhor do que ter só um, e renitente.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Cavaco e Passos falaram.Mas o que disseram?

Como previ Cavaco Silva falou da Madeira nos Açores quando devia ter usado da palavra em Lisboa sobre a falta de« credibilidade internacional» que o episódio das dívidas não reportadas ao INE pelo Funchal, e por consequência ao Eurostat, pode acarretar ao Estado. Quanto a Passos Coelho «demarcou-se» do governo regional da Madeira com o truque que agradou a todos-até a Alberto João Jardim- de se recusar a fazer campanha eleitoral na RAM. Mas alguma vez AJ Jardim lhe pediu para o fazer? Enfim...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Silêncio do PR sobre a Madeira

O PR perde altura moral se mantiver o silêncio sobre as contas da Madeira. E não vale aproveitar a visita aos Açores para fazer uma amálgama espúria entre as duas regiões autónomas. A prestação de contas é muito diferente entre as duas administrações. A começar pelo montante da dívida.

sábado, 17 de setembro de 2011

Demita-se o Gunther

Hoje volto à carga no Correio da Manhã com a demisão do Comissário Europeu Gunther Oettinger. Pasmo com a falta de reacção dos Estados.membros ultrajados pelas declarações do membros da CDU alemã sobre os atestados de impureza monetária hasteados nos edifícios comunitários. Durão Barroso terá ouvido, em confessionário ,as desculpas do Gunther, ele que foi um dos mais atingidos pelas declarações imbecis do responsável pelas energias europeias.Está tudo morto em Bruxelas. Façam ao menos uma petição internacional para correr com o Gunther.Há muitas formas de corrupção.A dos espíritos é das piores...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Risco de corrupção

O Conselho de Prevenção da Corrupção, presidido por Guilherme Oliveira Martins, veio ontem alertar para os riscos que o actual processo acelerado de privatizações pode acarretar. Recomenda a existência de um plano de prevenção de riscos para cada empresa a privatizar, e a criação de comissões de acompanhamento para cada processo de privatização. Não me admiraria que fosse aí que o governo começasse a cortar nas despesas...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A OCDE exige novos mínimos a Nuno Crato

Nuno Crato não se conforma com os números da OCDE sobre o programa
Novas Oportunidades.Parece que alguém chegou primeiro ao problema. Terá de se esforçar mais o ministro. O «cratês» não basta.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Mete dó o «acho mal» do SEAE

A declaração do secretário de Estado dos Assuntos Europeus , Miguel Morais Leitão, sobre a provocação das bandeiras nacionais a meia haste para alguns Estados membros da UE, lançada pelo comissário alemão Gunther Oettinger foi a de que «achava mal«!Mete dó o secretário governamental. O que ele devia exigir era que o comissário se retratasse, ou que alguém na Comissão, ou no Parlamento Europeu, o obrigue a retratar-se. No mínimo.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Novas ideias para a esquerda

Participei, na tarde de ontem, no Forum organizado pelo BE, subordinado ao título«Novas Ideias para a Esquerda». Num ambiente propício ao debate e à troca de pontos de vista diferentes, fiz um apelo aos membros do BE para que possam aceitar uma aproximação às responsabilidades de uma futura governação alternativa, reformadora nos objectivos e gradualista no método. Estou convencido que Portugal vai precisar das novas ideia para a esquerda que este fim de semana estiveram em discussão no congresso do PS e no Forum de Coimbra do BE.

domingo, 11 de setembro de 2011

Um comissário cretino

O comissário europeu da energia, Gunther Oettinger, terá declarado à revista alemã Bild que os países da UE com dívidas soberanas problemáticas deviam ter as bandeiras nacionais a meia haste nos edifícios comunitários. Tenho a certeza que, quer o presidente da Comissão, quer os deputados do Parlamento Europeu, vão accionar os mecanismos para a demissão deste cretino.

sábado, 10 de setembro de 2011

Crianças na Luz

O Benfica joga hoje ainda de dia, uma raridade digna de registo. Os horários das transmissões pela televisão, normalmente à noite, evacuaram as crianças dos estádios.Pois a luz do dia trouxe de novo as crianças ao futebol com pais,tios ou avós, momentos familiares que trazem alegrias simples mas duradouras.

O discurso de Assis

Depois de se julgar obrigado a pagar um tributo político ao último ciclo da governação do PS, Francisco Assis fez um discurso vivo e inteligente, com alguns recados maliciosos para os que definem estratégias politicas pessoais a prazo.
Mas a crítica aos erros do PS governamental, quer no consulado Sócrates, quer no consulado Guterres, é fundamental para que o PS volte a ser uma alternativa de poder com utilidade para a sociedade portuguesa.

As «secretas» na AR

Hoje aproveito, no CM, as informações abertas publicadas na imprensa sobre as peripécias das fugas no SIEDM para retratar as dificuldades da Assembleia da República na fiscalização desses serviços. Não fora a rivalidade entre empresas de comunicação social, e a existência de liberdade de imprensa em Portugal, e os deputados estariam a léguas do fenómeno da privatização dos serviços de informação.

O discurso de Seguro

Na prática já disse o que tinha a dizer sobre o congresso do PS em dois artigos para o CORREIO da MANHÃ, e nas respostas desta semana a um questionário da VISÃO, além da apresentação que fiz do livro de António Brotas «Crítica e Criatividade-Contributos para um debate político no interior do PS».
Do discurso de abertura de A.J. Seguro retive a forma clara como marcou as diferenças com o governo de Passos Coelho. Era o mais relevante da agenda.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Os caminhos da senhora

O Tribunal Constitucional alemão considerou ontem que o governo de Angela Merkel pode participar nas operações de resgate europeu em curso através do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, e de outras operações do género que se venham a efectuar.É um enorme passo em frente dado pela Alemanha, que funciona nestes dias como reserva federal. Leio umas reticências inconcebíveis pelo facto do Tribunal de Karlsruhe obrigar a que essas transferências do tesouro alemão sejam autorizadas pelo parlamento federal! Mas estão à espera de quê?

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O camelo, a agulha e o imposto dos ricos

Durante anos o Professor de Finanças Públicas da Faculdade de Direito de Lisboa, Eduardo Paz Ferreira, remeteu-se aos seus trabalhos de jurista. Ultimamente, certamente preocupado com o estado geral do País, este meu querido amigo tem vindo a intervir publicamente, na televisão e na imprensa, com proveito para todos. e sempre numa perspectiva inovadora e de síntese de saberes acumulados.Hoje escreve no Jornal de Negócios um artigo notável sobre a tributação em tempo de crise da dívida soberana., no qual se refere a este blogue.

O regresso da Prova dos 9

Hoje a TVI-24 retoma, depois de umas justas férias, o programa Prova dos 9, animado pela Constança Cunha e Sá e com a participação de Pedro Santanas Lopes, Fernando Rosas e deste Bicho Carpinteiro!
Ás onze da noite.

Os arquivos do ex-SIS e do ex-SIED

Muitas notícias sobre inquéritos às «secretas», com apreensão de telemóveis e computadores nos respectivos serviços.O clima de desconfiança foi instalado.Como já aqui escrevi, o que se conhece publicamente das «secretas» é uma miséria. Dando um salto no tempo , para onde irão os arquivos do ex-SIS e do ex-SIED ?

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Passos Coelho deve saber qualquer coisa...

Passos Coelho foi dos que não disse nada de relevante na Universidade de Verão do PSD-ou da JSD, não percebi bem-, talvez para não ofuscar os convidados.Mas não deixou de deixar a sua marca noutra localidade ao afirmar-se disposto a resistir por todos os meios à agitação de rua que as «redes» possam provocar. Deve ter sido informado pelas «secretas», imagino...
Noutros tempos o PSD clamava contra as «manifestações dos pregos» nas estradas.Portugal, apesar de tudo, moderniza-se...

sábado, 3 de setembro de 2011

Ao Sábado no Correio da Manhã

Retomo hoje a minha coluna na página dois do CM.Disserto sobre o golpe de judo dado pelo governo à taxação das grandes fortunas que se virou contra os que mais impostos já pagam. O fado vai aliás continuar, pese os protestos de Manuela Ferreira Leite, Marques Mendes e Vasco Graça Moura.O IMI irá disparar sobre a multidão pregada ao solo que ainda paga a prestação sob hipoteca do T2 ou T3 . Será o novo imposto sobre o luxo...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Nem tudo é 25 de Abril

Passos Coelho declarou que os sucessos na Líbia eram «uma espécie de 25 de Abril».Presumo que só se referia à queda do regime, pois não há nada de mais díspare do que a decisiva intervenção estrangeira na Líbia e o desencadear endógeno do movimento do 25 de Abril em Portugal.Os únicos aviões militares que sobrevoaram os céus de Lisboa foram os que se dirigiram ao RALIS em 11 de Março de 1975.Eram da FAP e voltaram para trás.Nada de confusões.

O governo não conhece a riqueza dos portugueses

Como antevi a campanha para fazer tributar «os ricos» acabou às mãos do governo para ser aproveitada para aumentar os impostos dos que já mais pagam, normalmente quadros superiores cujas declarações de rendimentos já constam nas repartições das Finanças. Nem um novo contribuinte é recenseado pela nova pauta preguiçosa e oportunista, nem uma nova tributação é lançada sobre as mais-valias ou os dividendos do capital. No fundo este governo não faz a mínima ideia de como alargar o universo tributário.Só sabe aumentar os impostos dos que já pagam: O Terceiro- Estado com com a sua escala de honorários e a sua propensão ao consumo.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A parte secreta...

Espero que a parte secreta das «secretas» seja bem melhor do que a parte pública.Porque esta é uma miséria...

domingo, 28 de agosto de 2011

Miguel Cadilhe

Leio sempre com muita atenção Miguel Cadilhe. Desde o tempo dos Reformadores.Desta vez trata-se da sua proposta sobre o lançamento de um imposto extraordinário sobre as grandes fortunas, fora do quadro doIRS.Tem a vantagem de ter princípio, meio e fim.E de não ter ido a reboque dos afortunados filantrópicos.

sábado, 27 de agosto de 2011

O novo imposto sobre os afortunadods

O novo imposto sobre os afortunados vai por à prova a percentagem de ética na vida pública portuguesa.E a capacidade de cobrança das Finanças.Fico a aguardar.Mas nada de confundir grandes fortunas com rendimentos médios do trabalho...Assim não vale!

Um mau jogo de futebol

A final da super taça europeia entre o Barcelona e o FCPorto foi um mau jogo de futebol, cheio de interrupções, e que acabou com duas expulsões de jogadores do Porto.Pois o nacionalismo futebolístico fecha os olhos a essas faltas e tudo cobre com o manto diáfano do resultado normal e dos pénalties habituais.Revejam o jogo sem comentários...

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A vez dos ricos

Em 1976 a UDP lançou o slogan Os ricos que paguem a crise. Porém num dos cartazes de rua uma das fotografias era minha enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros numa cerimónia protocolar no Palácio das Necessidades! Percebi então que a análise social não era o forte daquela organização...
De facto durante muito tempo o poder político serviu de biombo ao poder económico.Agora chegou a vez de fazer «os ricos» pagarem de facto um pouco mais. A ideia nasceu de um afortunado e já cativou o sentido pragmático de Sarkosy.Até em Portugal se chama para as imagens uma teoria de homens de negócios que são sempre mais ou menos os mesmos.
Temo que seja mais um episódio para entreter o Zé Povinho.O tema dos políticos está em panne.Quanto mais se retiram proventos aos titulares de cargos políticos mais se fala de corrupção.
Os ricos ficam agora na primeira linha.
Desde já declaro que faço uma distinção entre actividades lucrativas mal taxadas e património pessoal que deve ser tributado pelas regras gerais.E não se enganem mais!

As imagens de Strauss-Kahn em NY

Não direi nada sobre o conteúdo do caso DSK.Não sei se alguém pode.Mas admira-me muito que se veja virtude na forma grosseira como os agentes de Justiça do Estado de NY tratam os suspeitos que não opõem resistência quando os prendem. Mesmo que sejam todos. Mesmo que libertem alguns por falta de provas ou por acusações infundadas.
Espero que o caso Strauss-Kahn sirva para menos aparato e algemas nas detenções de quem não se opõe a elas pela força em NY. O resto é conversa.E uma grande ferida na imagem internacional daquele Estado de que tantos gostam.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A Líbia não é só Khadafi

Parece que a «questão Khadafi» estará resolvida na Líbia.Mas em termos internacionais e europeus foi um triste processo que não valida seja o que for para o futuro.Tudo foi mal feito, o mandato da ONU uma comédia na sua aplicação, a NATO, na versão pilar europeu, envergonhada do seu próprio papel, os «rebeldes» uma incógnita.De certa maneira é o nasserismo que está a acabar no mundo árabe.Veremos o que nos trazem os novos poderes.Quando o forem.Mas há muita gente a por as mãos no fogo...

domingo, 21 de agosto de 2011

O prolongamento foi fatal

Foi uma excelente final. O Brasil ganhou bem. Portugal merece a medalha da bravura e inteligência de meios.Mas finalista derrotado sofre que se farta.Boa noite.

Prolongamento

Empatados. Lá vamos para o prolongamento. Confesso que adoro a cena dos pénalties. Ou seja, depois dos 90 minutos só devia haver pénalties. Assim ia a horas mais ou menos cristães para a cama...

Empate ao intervalo

Temo que haja prolongamento. E estes brasileiros não parecem cansados. Como eu a esta hora...Gostei de ver o Rui Caçador na equipa técnica.Anda nisto há muitos anos.

A «selecção coragem»

Esta «selecção coragem» de futebol sub-20 tem algo que me agrada. É uma equipa que joga como tal.Poucas ou nenhumas vedetas, nenhum culto da imagem, e uma gestão por resultados extraordinária. Até o portista Ilídio do Vale tem o meu reconhecimento como o anti-treinador narcísico perfeito.Sabe o que tem entre mãos e não promete nada, excepto jogo colectivo e dignidade individual.
A final joga-se daqui a uma hora em Bogotá.Até o João Gonçalves está de vigília.Nessun Dorma.

sábado, 20 de agosto de 2011

O PR tem razão

Pena que tenha sido no bling facebook. Mas a rápida reacção de Cavaco Silva à proposta de Merkel e Sarkosy sobre a constitucionalizão dos limites do défice orçamental resgata Portugal de uma crescente e oportunista cultura de colonizados, e é coerente com a realidade económica e financeira.Além de ser corajosa e digna.Não se pode quere rever a constituição por ela ser demasiado programática e depois deformá-la com manifestos de rendição.Já estamos obrigados aos 3% do défice e aos 60% da dívida pelo TUM e pelo Pacto de Estabilidade.O convite à redundância é o maior sinal de impotência da actual liderança europeia

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A agave só floresce uma vez

O meu Amigo Eurico Figueiredo é um homem do Douro e das arábias. Depois de ser líder estudantil, e dos que fez tremer a ditadura, depois de ter inovado na prática psiquiátrica na Suíça, depois de ter denunciado no Alentejo as derivas do PREC e de ter sido um deputado com iniciativa e influência até 1999-tanta que não foi reconduzido no cargo!-, criou uma marca de vinho numa quinta perto de Foz Côa- o Solar do Prado-, e não contente com tudo isso lançou-se na escrita de ficção.Primeiro foi o Guerrilheiro Sentimental, agora inicia um ciclo duriense com A Agave Só Floresce Uma Vez.
A agave, fiquei a saber pelo livro, é uma espécie de pita algarvia.Só floresce uma vez e depois morre. Aqui não há novas oportunidades.

Jorge Silva Melo no nosso bairro

Um dos rituais dos dias de eleições consiste em encontrarmos o foragido do bairro Jorge Silva Melo na Rua da Escola Politécnica.Ele já descreveu a cena melhor do que eu o faria numa das suas magníficas, e perdidas, crónicas do jornal Público. Pois agora, numa subversora entrevista a esse mesmo jornal, JSM anuncia que vem ocupar, com a sua companhia Artistas Unidos, o espaço do Teatro da Politécnica: «Os poderes políticos acharam que era um teatrinho para o Jorge Silva Melo. Agora haverá um teatrinho estilo sepulcro para o Jorge Silva Melo.»
Toda a entrevista é um desassossego pessoal, e um desespero comunitário. De um ponto de vista egoísta fico regalado com esta nova vizinhança do irredento intelectual.Ele fará do «teatrinho» um lugar de cultura viva.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

As touradas na RTP1 estão a acabar?

A comissão que vai iluminar o governo sobre o que seja o «serviço público de televisão» tem gente para todos os gostos.Por mim preferiria uma presidida por Manuel Maria Carrilho- que tem o melhor artigo na imprensa sobre o assunto- que começasse pelo óbvio e poupasse nos prazos.Para ver se temos menos touradas na pantalha.

Daniel Bessa e a TSU

Deixo as páginas de Economia para os domingos e feriados. Por muito efémeros que sejam os saberes económicos presumo que resistam aos dias úteis.Neste fim de semana prolongado gostei especialmente do artigo de Daniel Bessa no suplemento do Expresso sobre a sua mudança de posição no grau de desvalorização fiscal da TSU. Bem sei que o estudo encomendado pelo governo explica muito claramente os prós e contras da medida, e esse também foi um bom serviço à transparência e à racionalidade .Mas é sempre admirável assistir a um ponderado exercício de seriedade intelectual como foi a explicação de Daniel Bessa sobre a sua nova posição no caso da redução da taxa social global em Portugal.Além da ironia do último parágrafo do artigo...

sábado, 13 de agosto de 2011

Equilíbrio instável

O artigo de hoje no CM chama a atenção para os efeitos perversos do neo-liberalismo anglo-saxão a prazo. O desmantelamento da força sindical britânica deu origem à anarquia actual em que a violência gratuita nem reivindicações apresenta.O unilateralismo de Washington levou os EUA para uma guerra de usura lhe faz perder o controlo da globalização, como se nota pela dimensão e notação da dívida.O que a Standard&Poor`s revelou foi a completa privatização da globalização financeira. E abriu caminho para a falência das instituições internacionais de regulação económica mundial.Más notícias portanto.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A TSU e a força da ideologia em Catroga e Álvaro

O recente estudo encomendado pelo governo veio demonstar como eram ideológicas as percentagens da baixa da TSU defendidas pelos eminentes economistas Eduardo Datroga e Álvaro Santos Pereira.O perigo continua já que o segundo é ministro...

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Agosto perigoso

As bolsas por um lado, as ruas de Londres por outro, o mundo de vez em quando fica perigoso. Bases instáveis.

domingo, 7 de agosto de 2011

PS crítico

São José Almeida apresenta hoje no Público um elaborado trabalho sobre a crise da social-democracia como ela é entendida na Europa que a criou originalmente. Deu especial enfoque a personalidades, bem diferentes entre si, que não se eximiram a criticar o modo de governar do PS em Portugal nos últimos anos, e que perspectivam um novo papel para a esquerda em termos portugueses e internacionais.Sou suspeito porque sou lá citado. Mas vale muito a pena ler.

sábado, 6 de agosto de 2011

Governo de Verão

O meu artigo de hoje no Correio da Manhã não é um artigo estival, embora trate das características deste Governo de Verão, que tem aprofundado os maus costumes do regime, ou seja exrece o pior serviço que podia prestar ao dito.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Estado servidor

O Estado, com o aumento leonino das tarifas dos transportes públicos, facilita a vida à privatização do sector. Ou o Estado como fiel servidor de interesses privados em potência.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O escândalo do BPN

O escândalo do BPN ainda não saiu à rua. Não há responsabilidades apuradas da gestão fraudulenta dois anos depois da falência amparada. Pelos vistos os dois mil e quinhentos milhões de euros ainda não é o último balanço do descomunal esforço que o tesouro português foi obrigado a fazer para evitar não se sabe o quê. A nacionalização do BPN foi uma das medidas mais polémicas e inexplicadas do regime democrático. Curioso que o agente da compra do banco em questão ,a preço irrisório e rodeado de garantias estatais, seja o mesmo que saldou os activos da República Portuguesa na barragem de Cahora Bassa, uma aventura maior -esta iniciada no «regime anterior»- que saiu muito cara a Portugal em termos de dívida externa durante dezenas de anos.

domingo, 31 de julho de 2011

Uma entrevista oportuna do PR

Cavaco Silva aproveitou bem a entrevista de Luísa Meireles ao Expresso para recentrar o seu discurso sobre as questões europeias muito vagabundo nas declarações avulsas que foi fazendo nos últimos tempos.A entrevista esclarece certos pontos pouco tratados pelos nossos especialistas. Como tenho defendido que já existem eurobondes em vários artigos no
Correio da Manhã, nomeadamente o penúltimo ,cito o PR nesta matéria:
« O abaixamento das taxas de juro e o alargamento do prazo dos empréstimos pelo menos para 15 anos, mas podendo ir até 30 e com um período de carência de 10 anos, significa que afinal se aceitou os eurobonds para os países com assistência financeira.O Fundo emite no mercado internacional obrigações com garantias dos Estados e depois empresta, praticamente à mesma taxa, aos países em crise».
O Presidente devia falar mais vezes sentado, como a presidência indica. Pelos vistos dá bons resultados!A entrevista do PR recomenda-se...

sábado, 30 de julho de 2011

Os cinco desafios do PS

Hoje no Correio da Manhã apresento cinco dos desafios que o PS terá de enfrentar para fazer jus às intenções de António José Seguro de inaugurar um Novo Ciclo.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

À procura de um pretexto

O governo ainda não fixou o seu álibi para a hora em que decidiu invadir parte do 13º mês.Primeiro foi o nobre princípio de precaução, depois o clássico passa culpas da alternância sobre «desvio colossal» e «trabalho colossal», agora a notícia posta a correr que certos ministérios estariam na iminência de não poderem pagar aos seus funcionários, cujos pelo seu lado não iriam descontar nesses meses terminais para o IRS, a ADSE, e aquelas rubricas sobre solidariedade e montepio, o que obrigaria de novo a elaborar mapas sobre receitas estimadas... É definitivamente um governo sob suspeita!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Maria Lúcia Lepecki

Esta blogue anda um pouco irregular.Mas tenho de fazer uma referência a Maria Lúcia Lepecki.Sempre muito cordial, quase terna, era uma das críticas literárias que lia com atenção e respeito. Fui um seu leitor constante quando o
Diário de Notícias tinha uma página literária de referência, ressuscitada pelo Mário Mesquita.A perda da página empobreceu a literatura adulta em Portugal.Lúcia Lepecki demonstrava que o gosto tinha a sua explicação.

domingo, 24 de julho de 2011

Novo ciclo ?

António José Seguro ganhou folgadamente as eleições a Francisco Assis.Seguro apresentou-se sob o signo de um novo ciclo para o PS, mais livre e desembaraçado do consulado de José Sócrates. Assis pretendeu uma «mudança na continuidade» mais próxima da recente herança governamental do PS. Os resultados estão à vista ,mas só o futuro dirá se entramos num «Novo Ciclo», ou se a herança guterrista acabará por consolidar uma certa hierarquia hegemónica como a que dominou o partido nas últimas passagens pelo poder.Lá se ia a «refundação do PS» proclamada por Mário Soares.

Volta o perigo à social-democracia?

A social-democracia europeia já viveu momentos perigosos no final do século XIX, e nos meados do século XX.Volta a ser ameaçada no início do XXI? e logo a norte onde primeiro triunfou? A tese do neo-nazi solitário na Noruega faz tocar todas as campainhas. Tanto adubo dá que pensar.

sábado, 23 de julho de 2011

Ganhar sem jogar

Portugal tem sido um dos Estados mais passívos na procura de soluções gerais e graduais para os problemas que se colocam à zona euro.Refugiado a meio do pelotão dos Estados da UE seria interessante conhecer o teor da participação dos nossos maiores nos diferentes conselhos: Europeu, de ministros, cimeiras extraordinárias, cimeiras da-hoc como esta última que trouxe algumas respostas poitivas aos problemas da Grécia, e por tabela a Portugal e à Irlanda.Como analiso no CM, é o que se chama Ganhar sem jogar. Ainda há dias o nosso ministro das Finanças dava por prematura a hipótese de uma baixa de juros do fundo de resgate europeu!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ser adido de imprensa na livre Inglaterra

Watergate foi uma história de amadores americanos perante o que já se sabe na livre Inglaterra sobre escutas ilegais promovidas, ou aproveitadas, pelo jornal News of the World. David Cameron recrutou um assessor de imprensa bem por dentro do que se ouvia na boa sociedade britânica.Cameron chegou ontem à conclusão que tinha sido um erro essa sua nomeação.Nenhum serviço secreto avisou o inocente?

Grã-Cruz da Ordem de Cristo

Agora também se percebe melhor a atribuição da Grã-Cruz da Ordem de Cristo a Manuela Ferreira Leite no último 10 de Junho.Foi uma espécie de graduação antes de ser nomeada Chanceler do Conselho das Ordens Nacionais. Armada Cavaleira, pois.A vida palaciana segue sem interrupções.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Uma distância discreta

Passou despercebido o pedido de demissão de Mota Amaral de Chanceler das Ordens Honoríficas Nacionais.Renomeado em Abril pelo PR depois da tomada de posse deste, Mota Amaral pediu agora a demissão por motivos que caberá aos próprios esclarecer.Mas que o antigo presidente da AR tomou as suas distâncias em relação ao querer do Palácio de Belém isso merece nota política.Mesmo que tenha sido discreto.Discreto tem aliás um significado muito particular nos Açores.

Prever a corrupção

O combate à corrupção de que João Cravinho e AJ Seguro se têm feito arautos encontrou eco numa associação cívica Transparência e Integridade que alerta para as oportunidades de favores que a execução do programa da troika pode induzir, na área das privatizações e a na renegociação das PPP.O picante da coisa está em que aquela associação entregou o aviso aos elementos da troika...

terça-feira, 19 de julho de 2011

Quanto valeram as golden-shares ?

O governo anunciou, naquele seu estilo impreciso e vago, que tinha abdicado das golden-shares que o Estado detinha como accionista em várias empresas que tinham sido privatizadas com aquela cautela e posição. Sabíamos que a Comissão de Bruxelas há muito que pretendia acabar com essa situação, e que aproveitou o Memorando de Entendimento para arrumar com o assunto.Entretanto Joe Berardo veio a público dizer que tinha oferecido, no tempo do interesse estratégico nacional, 200 milhões de euros pelas acções douradas na PT.Pergunta-se: o governo pretende manter as acções que o Estado possui nessas empresas, ou vai vendê-las agora que elas foram banalizadas e valem menos? Quem serão os felizes compradores? E sobre o pagamento da dívida externa o governo não pretende gerar receitas com pelo menos parte dessas acções ,que já foram «robustas»na linguagem de outro ilusionista?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Conselho de Fiscalização

O presidente do Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informação da República, Marques Júnior,veio declarar que os directores dos respectivos serviços lhe tinham garantido não ter recebido qualquer solicitação nem ter procedido a qualquer investigação a Bernardo Bairrão.O ministro Miguel Relvas também já veio desmentir a notícia do Espresso.Tudo bem.Mas como se averigua um caso destes?

domingo, 17 de julho de 2011

Sempre era um Tribunal...

No tempo do «Regime anterior» creio que era o Supremo Tribunal de Justiça quem passava uma espécie de Atestado aos candidatos a eleições, mesmo que estas não fossem livres.Agora leio no Expresso, um concorrente do Diário da República em versão impressa, que um relatório das «secretas» pode ser apreciado para fins de nomeação governamental, como terá acontecido com Bernardo Bairrão.Isto é mesmo assim? Ninguém chama ninguém à AR? Os serviços de fiscalização dos serviços de informação não dão de si? Ou também há relatórios sobre os membros que devem fazer essa fiscalização?

sábado, 16 de julho de 2011

O PS em debate

Hoje no Correio da Manhã foco a atenção nas eleições para SG que estão a decorrer no PS.Embora esteja distanciado da vida interna do partido, não concordo com a subalternização destas eleições na agenda política.É verdade que tudo indica que o PS será oposição nos próximos dois anos.Mas estas eleições são as mais abertas no interior do PS desde a axial de 1992-há vinte anos!- entre Guterres e Sampaio.Desde a sucessão de Guterres em 2002 que a a oligarquia formada no guterrismo governamental indicava uma espécie de candidato oficial com vitória amplamente assegurada.
A desvalorização do actual acto eleitoral é pois ssuspeita e não tem em conta a meta que Mário Soares apontou ao PS de se refundar.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Os novos fracturantes

O Homem Novo desta maioria viaja em económica, não usa gravata para agradar ao Ambiente, e leva a namorada na mota à praia ao fim-de-semana.Cada um tem a agenda fracturante que está ao seu alcance.Parabéns ao Alberto de Carvalho.Percebeu antes de todos aquela coisa da gravata e do ar condicionado nos estúdios de televisão.

Onde devia ter sido apresentado o corte no subsídio de Natal?

Alguém devia ter explicado ao primeiro-ministro que o corte no subsídio de Natal não era uma mera hipérbole literária como o termo «colossal», e que mais valia( perdão, não é essa!) ter esperado pela proposta orçamental, mesmo que rectificativa, sobre os vencimentos da função pública para apresentar essa meta.Teria sido mais transparente e rigoroso.O que temos agora é o alastramento da injustiça, coberta com mais uns milhões de receita fiscal.Como sempre só paga o Terceiro Estado...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Impostos a olho

Anuncia-se uma grande trapalhada com a fórmula «técnuca» que dará corpo ao acrescento tributário anunciado por Passos Coelho na parte livre da sua intervenção no programa do governo.Será assim a metodologia trifásica: trapalhada, desigualdade, inconstitucionalidade?

Preocupações de um benfiquista

A pré-época futebolística normalmente deixa-me indiferente.Mas a insistência com que os resultados do SLB na Suiça são explicados pelos erros da defesa deixa-me «menente», como se diz em S.Miguel.Bastava ter visto parte dos jogos com o Servette e o Dijon para se perceber que o problema residiu no facto da equipa ter perdido a bola a meio-campo.E sem meio campo não há defesa nem ataque...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Não defendo uma agência de rating «europeia»

Admito com a maior facilidade que este «oligopólio» das agências de rating é perverso e merece estar sob suspeita.Estou à vontade porque nunca me entusiasmei quando essas agências distribuíam o triplo A a tudo que mexia em Portugal, e havia corretores a angariar clientes para estes receberem o garantido AAA com que se endividaram alegremente. Mas acrescentar a esse cortejo de encomendas mais uma «agência europeia», tão suspeita ou mais do que as instaladas, e cuja credibilidade internacional seria nula, dá a ideia da desorientação selectiva de que alguns responsáveis europeus dão sobejas provas.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Agências de Comunicação

Manuel Maria Carrilho, agora ilibado num processo judicial pela Relação de Lisboa, chamou estridentemente a atenção para a existência das «agências de comunicação», levantando questões pertinentes sobre o modo de funcionamento dessas agências, no seu livro Sob o Signo da Verdade. Todos os agentes agiram como se o problema não tivesse sido levantado, desde o legislador aos directores de jornais, desde os jornalistas e seus órgãos representativos à ERCS.Todos preferiram tolerar a obscuridade do tema.Cheguei a sugerir que os órgãos de comunicação social procedessem similarmente como é uso quando se citam as
agências de informação, tipo Lusa, AFP, Reuters, etc e que revelassem a matéria que lhe é fornecida pelas agências de comunicação, do tipo daquelas «pessoas colectivas» que Manuel Maria Carrilho atacou.Mas ninguém pegou na ideia...Era só um pequeno passo!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Festival Internacional de Teatro de Almada

Regressado doa Açores mergulhei ontem no Festival de Teatro de Almada, cuja 28ª edição se prolonga até dia 18 deste mês, sob a orientação segura do Joaquim Benite.Recomendo a todos.Só a cultura nos salvará.

domingo, 10 de julho de 2011

Semana Cultural em Ponta Delgada

Acabo sempre as minhas aulas no Mestrado de Relações Internacionais naUniversidade dos Açores com uma semana de sessões em que são apresentados e discutidos os trabalhos dos mestrandos.É um momento forte dessas post-graduações, tendo já citado alguns desses trabalhos no meu recente livro sobre
Os Açores na Política Internacional.Desta vez essa semana coincidiu com uma série de realizações culturais nas noites de Ponta Delgada.Tudo começou com uma peça muito original de teatro do grupo Despe-te Que Suas, Credos, na Galeria Arco 8, com encenação de Nelson Cabral.Depois fomos à Galeria Fonseca Macedo ver a exposição de Urbano, o pintor de o Terceiro Dia , centrado sobre a criação do Mundo.E a Maria Emanuel Albergaria entreabriu-nos as portas da sua instalação Uma Casa na Floresta que estará aberta ao público a partir de 19 de Julho.Qualidade criativa insular.Uma semana ímpar.

sábado, 9 de julho de 2011

Murros no estômago

No CM já havia alertado Passos Coelho para a excessiva frequência com que apresentara um «rápido regresso aos mercados» como um dos seus principais objectivos de governo.Não perceber que o actual mercado financeiro global está orientado para se refinanciar da crise de 2008 espremendo ao máximo os produtos relacionados com as dívidas soberanas, é nada entender do que se está a passar.Os agentes dessa estratégia levarão esse refinanciamento até às fronteiras do insuportável e da tranquilidade internacionais.O resto é ideologia e ilusionismo.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Manifestações de repúdio

Sou do tempo em que Cavaco Silva achava que não valia a pena lançar anátemas sobre os mercados e seus agentes. Mas desde que a Moody's deu um soco no estômago de Passos Coelho as «forças vivas da nação» perderam as estribeiras e lançaram-se na senda das manifestações de repúdio, uma velha tradição. Mudar de estratégia nem lhes passa pela cabeça.Preferem dar com ela na parede.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Em Memória de Maria José Nogueira Pinto

Conheci melhor Maria José Nogueira Pinto quando coincidimos como deputados na Assembleia da República.Mesmo exibindo com garbo a sua forte ideologia, era fácil dialogar , e até dava prazer terçar armas com ela. Lembro-me particularmente de uma viagem presidencial com Jorge Sampaio à China em que Maria José, sempre Senhora, conviveu com alegria com a comitiva, chegando a tomar a iniciativa de ir buscar o deputado comunista Octávio Teixeira para dançar no histórico Hotel da Paz em Xangai.Era uma realizadora, uma qualidade rara entre nós.É inesquecível, pela personalidade,pela acção, por algumas frases escolhidas arrazadoras para os adversários.Tudo nos separava, mas com alguma simetria.Não quero também esquecer a sua Família neste momento.

O clero paga imposto sobre o subsídio de Natal?

Acabo de ouvir D. José Policarpo, presidente da Conferência Episcopal, bordar sobre a taxa que vai recair, em sede de IRS, sobre os portugueses que recebem subsídio de Natal.Desconheço se o clero ficará abrangido pelo imposto, ou se fica ao abrigo de algum normativo da Concordata.As tolerantes declarações do Cardeal mereciam que alguém da Igreja esclarecesse qual o esforço fiscal dos seus membros na actual conjuntura portuguesa.Deduções incluídas.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Pilar da ponte do tédio

Fernando Nobre estava posto em sossego no seu «pilar da cidadania» quando saltou para o pilar das candidaturas altas: à presidência da República, à liderança da lista do PSD por Lisboa, à presidência da Assembleia da República.Do alto do seu pilar da soberba humana acaba de renunciar ao mandato de deputado com indisfarçável desdém pelos seus eleitores e pares.Ninguém saberá o que se chocava num ovo de cuco como este.Mas houve várias chocadeiras na ascenção e queda de Fernando Nobre entre o pilar da cidadadia e o pilar do tédio.

domingo, 3 de julho de 2011

Affaire Dreyfus em New York?

A rocambolesca prisão de DSK a bordo de um avião no aeroporto Kennedy, a pressa com que o puritano FMI aceitou o pedido de demissão do detido sem culpa formada, o facto da sua substituição por Madame Lagarde ter ocorrido um dia antes da sua libertação por iniciativa do Procurador do Estado de NY, o contra relógio em andamento para as primárias socialistas em França, tudo isso concorre para alimentar as teorias da conspiração num caso desses.Agora que a espionagem militar perdeu o seu glamour infamante o Affaire Dreyfus regressa na versão emocional e internacional da «guerra dos sexos»?

sábado, 2 de julho de 2011

O trifásico Passos Coelho

O País Quer Acreditar é o título do meu artigo hoje no Correio da Manhã.Embora os primeiros sinais de Passos Coelho não sejam animadores os portugueses ainda acreditam que podem sair por cima deste aperto. O primeiro-ministro tem agido num registo quase permanente de ensaio, erro, e correcção. Também se pode ver em tudo trapalhadas: no organograma do governo, nos governos -civis sem governadores e sem lei, na fiscalidade ad-hoc, cuja «tecnicidade» fica entregue à intendência. O «princípio da precaução» aplicado à invasão de metade do território do subsídio de natal é o equivalente interno à «guerra preventiva» internacional.Um abuso de direito.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Qual é a lógica?

Leio que nem o BE nem o PCP avançam com qualquer moção de censura ao programa de governo, mesmo tendo em conta o anexo A ao programa apresentado sobre a tributação atribulada do subsídio de Natal em sede de IRS, uma confusão «técnica» não muito longe da inconstitucionalidade.Não percebo.Sem compromissos com o programa da troika, tendo votado contra o último PEC, não defrontando sequer o mínimo risco de queda imediata do governo, qual é a lógica da desistência daqueles partidos que contribuíram para as eleições antecipadas?

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Menos Estado, mais contribuintes

Menos Estado, mais contribuintes, uma síntese dos «novos tempos» em Portugal?

«Este é um Tempo Novo»

Ouço mais uma vez na apresentação de um programa de governo na AR a expressão bíblica sobre a chegada «de um tempo novo».É uma pretensão messiânica sempre desmentida pelo século político.Nada cai do céu.Por muita fé que se exiba.Não é por aí o caminho da verdade.

Perdas e ganhos

Dois articulistas do Correio da Manhã foram chamados ao governo de Passos Coelho:Paula Teixeira da Cruz e Francisco José Viegas, que assim interropem a respectiva colaboração naquele jornal que operou uma revolução silenciosa no seu corpo de opinião nos últimos anos.No caso de Francisco José Viegas fica a esperança, ténue, que mantenha a Origem das Espécies.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Nuno Gomes entregue ao Sporting de Braga

Há dois anos que Jorge Jesus queria ver Nuno Gomes pelas costas.Talvez porque o antigo capitão não oferecesse mais valias, talvez porque marcasse golos sem ser de livre ou de pénalti, havia qualquer coisa que não entrava nos esquemas laboriosos e artificiosos do actual treinador.
Tudo indica que Nuno Gomes vai fazer a próxima época no Braga.É uma opção racional em termos dos seus objectivos desportivos: marcar golos e manter-se no radar dos selecionáveis.Só merece a maior sorte na continuação da sua carreira de desportista.

terça-feira, 28 de junho de 2011

São tudo independentes?

Além do recrutamente intensivo em faixas etárias post-estágio, a coligação apresenta um número elevado de governantes independentes. Mas serão tudo independentes, ou há muito pessoal que apenas desesperava de ver os partidos de direita na oposição sem valimento político ?

11-25-35 (36)

Sempre achei um problema mal posto aquele do número de ministros, ministérios com leis orgânicas, secretários de Estado com conta peso e medida.Mas já que o primeiro-ministro deu tanta guita à questão quando o número de secretários de Estado estava fixado em 25, não nos quererá dar uma palavrinha sobre a derrapagem em mais de dez figuras dessas? Em termos de leis orgânicas que seja.Ou de qualquer critério que leve a eliminar a nomeação de um Secretário de Estado sem se dar pela sua substituião.Qualquer coisa que nos oriente, enfim.E seja tangível.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Vindo do Canadá para a feira do artesanato

O ministro Álvaro Santos Pereira gravou o seu nome proprio na visita que fez a uma feira do artezanato.Impressionado com a informalidade com que certos professores universitários, no estrangeiro, se apresentam aos estudantes , declinando o seu nome próprio, e tendo constatado ,com naturalidade, que o seu ainda não era conhecido na feira, ergueu bem alto o de Álvaro.Esse nome já o ganhou.Politicamente.O de ministro segue imediatamente.

domingo, 26 de junho de 2011

A demência da Europa

Todos os últimos conselhos europeus podem ser contados assim: “Correu muito bem porque não somos a Grécia. Os nossos parceiros fizeram-nos muitos elogios. Ainda assim, devem ser aplicadas medidas adicionais.” Ou seja, não foi surpresa ver Passos Coelho a afirmar que “do ponto de vista de Portugal não podia ter corrido melhor” enquanto, simultaneamente, anunciava um novo PEC.

Mas nesta reunião havia alguma coisa que poderia dar para o torto para o “nosso lado”? Mesmo que houvesse, não são os sorrisos de Merkel ou as palmadinhas de Sarkozy que resolvem o que quer que seja. Ou já esqueceram as loas da Alemanha a Sócrates? Face aos programas de austeridade, os líderes europeus batem sempre palmas. As questões surgem depois: quando se trata de os executar. Sobretudo, de avaliar os seus resultados. Enfim, “A UE parece ter adoptado uma nova regra: se um plano não está a funcionar, é preciso cumpri-lo.” Quem o diz não é um perigoso radical extremista de esquerda. É a insuspeita revista The Economist, que acrescenta que “O estado de negação da Europa tornou-se insustentável”. Exacto. É esse estado que faz com que os conselhos europeus sejam sempre um sucesso. E que seja a realidade a falhar.

Publicado no Correio da Manhã

sábado, 25 de junho de 2011

Primeiros Passos

Passos Coelho foi debutar a Bruxelas, um clube onde se dança cada vez menos.O entusiasmo pelas cimeiras atingiu o seu ponto mais baixo, e todos calculam apenas como podem perder o menos possível.A presença de Passos Coelho só pode ter contado para a fotografia.Daqui a dias já ninguém quer ser tradado por tu nessas andanças.Os Primeiros Passos do primeiro-ministro apenas indicaram uma mudança interna na hierarquia do PSD, e uma enorme vontade de desmantelar o Estado português como ele se foi construindo desde a Regeneração.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Aos comandos do Estado de Direito

Estes tempos vão obrigar a grandes cautelas sobre o respeito das normas do Estado de Direito.Não é só o programa da troika que pode trazer problemas. Alguém terá de cuidar de limpar os pés do primeiro.ministro depois do anúncio deste de que não nomeará governadores civís.Ficamos com os secretários, uma versão «classe económica» da administração? Mas é só isso?Ou apenas coisas mal-feitas?

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Uma viagem em económica

Não me impressiona nada que Passos Coelho queira viajar em económica.Acho pouco adequado, é tudo.As condições oferecidas pela TAP são cada vez piores para o geral dos passageiros nessa classe geral.Já não há refeição quente, e se o primeiro-ministro se defrontar com um obeso como parceiro de viagem, fica mais amachucado do que o normal.Admito que ele vá a Bruxelas tratar dos interesses nacionais num tom mais autêntico do que as arengas paternalísticas de Durão Barroso.Tenho por isso o direito de exigir boas condições de circulação de oxigénio na cabecinha do primeiro-ministro antes das cimeiras em que participa para defender um país frágil.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Assunção Esteves não é só uma Mulher

A eleição de Assunção Esteves constituíu uma expressiva vitória de Passos Coelho, depois do imbróglio Fernando Nobre.Como não podia deixar de ser o facto de se ter pela primeira vez uma Mulher na presidência da Assembleia da República concentrou os comentários do dia.Mas convém ver mais fundo. Com essa escolha da transmontana, sua patrícia, Passos Coelho salta por cima dos «senadores» insulares, e reformula uma nova hierarquia no interior do PSD, com expressão institucional.Ser mulher apenas ajudou à operação.

Índice de situacionismo

A mentalidade Situacionista faz Portugal chegar tarde a tudo, e da pior maneira, como se ningém tivesse culpa de nada.Felicito pois o Pacheco Pereira por manter o seu Índice de Situacionismo nesta nova legislatura.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Não houve novidade nos discursos

Não me parece que os discursos da Ajuda tenham saído do registo dos últimos meses.Talvez o Primeiro-ministro tenha dado um passo arrojado com aquela ideia de promover um movimento para os cidadãos se libertarem das teias em que o Estado os envolve , e que pelos vistos os embaraçam nos seus movimentos empreendedores.Mas talvez seja melhor assegurarem-se dos novos estímulos que o Ministério da Economia dispensará à coluna de voluntários...

FALSA PARTIDA

Não se sabe como é que realmente foram as negociações entre PSD- CDS. Certo é que relativamente ao substantivo assunto da segunda figura de Estado, não correram bem, talvez porque as contrapartidas exigidas por Paulo Portas fossem onerosas. Mas, depois de Passos Coelho ter prometido a presidência da Assembleia da República a Fernando Nobre, em troca de o médico encabeçar a lista por Lisboa, uma coisa ficou demonstrada: antes de ganharem nas urnas, já os sociais-democratas se julgavam proprietários do aparelho de Estado, prometendo lugares. Ainda por cima, fazendo essa oferenda a pessoas sem o perfil certo. Afinal, como é que alguém com um passado político incoerente, sobre quem pairará sempre a dúvida de franco-atirador, que conquistou votos com um discurso anti-partidos e não tem experiência parlamentar, pode presidir aos respectivos trabalhos e substituir o Presidente da República em caso de impedimento ou vacatura do cargo?

Como Nobre não se afasta pelo seu próprio pé, é assim que Passos Coelho começa. Mal. Inicia rompendo com uma boa tradição de presidência da Assembleia da República e arriscando uma derrota política. Nobre e Passos Coelho desqualificaram o parlamento e expuseram-no a uma humilhação. Agora poderão ser eles os vencidos e vexados. Azar.

Publicado no Correio da Manhã.

Assunção-um nome que leva ao céu

Se há nomes que marcam «gerações»-um produto na moda- vamos entrar na era das Assunções.É meio caminho para o céu...

Alguém sabe a quanto monta a cláusula de rescissão de Jorge Jesus?

Antes que a política tome conta dos noticiários, alguém sabe a quanto monta a cláusula de rescisão de Jorge Jesus?

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Uma velha regra em vigor

Lembrei-me agora daquela sábia prevenção aos incautos: há convites que mais obrigam quem os recebe de quem os faz.

Quanto vale o partido mais votado?

Os «institucionalistas» inventaram que o PSD tinha o direito a indicar o nome do Presidente da Assembleia República.É uma posição simples que os deputados da maioria não seguiram para além de um número insuficiente.É tudo muito institucional, mas o que está em causa é se se vai formar rapidamente uma nova oligarquia indicada pelo «chefe», ou se os deputados da maioria vão marcar pontos, mesmo que a lógica seja meramente parlamentar.Que é como quem diz «institucional». mas não no sentido de uma disciplina concertada por «coteries».Uma maçada para futuras negociações« entre poucos». como diria um fundador da democracia moderna, Madison...

Teste de boa-fé

Leio que o luxemburguês Jean-Claude Juncker declarou «não perceber essa perversidade europeia que exige à Grécia co-financiamentos» nos programas comunitários.Aqueles que me seguem um pouco neste blogue, no Correio da Manhã. na TVI-24 na Prova dos Nove, sabem que tenho vindo a defender sozinho uma ideia simétrica para os programas comunitários em Portugal.
Desenvolvi o tema num artigo para o último número publicado da Revista de
Política Internacional dirigida por Carlos Gaspar.Como é uma pequena ideia capaz de trazer grandes resultados para o investimento em Portugal, sem aumento do orçamento comunitário já afectado e não-executado, e sem aumento da despesa pública nacional, ninguém se interessou por proposta tão construtiva.

domingo, 19 de junho de 2011

O governo ministerial é fraco

O governo na sua dimensão ministerial, logo política, é fraco.Nem sequer é o espelho dos seus líderes.Vamos ver os secretários de Estado.Pode ser que melhore.Por exemplo, o Francisco José Viegas é por si só a verdadeira lei orgânica da Cultura deste governo. Seja ou não ministério.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Eu tenho um pesadelo

Cavaco Silva está imparável. Por estes dias, quem assista ao que o próprio agora chama de “o ruído dos noticiários”, poderá pensar que está a ver um canal memória. O Presidente acredita que “os portugueses querem curar a doença que os afecta”, que quem vive no interior é um exemplo porque tem um “espírito indomável”, “espírito de sacrifício”, “frugalidade” e que a solução é o regresso à agricultura. Por falar em memória, esse carpir pela lavoura não será uma furtiva lágrima de crocodilo?

Mas o melhor regresso ao passado (mais recente) foi o processo que o inquilino de Belém moveu contra o director da revista Sábado porque num editorial constava: “Tal como Fátima Felgueiras e Isaltino Morais, Cavaco Silva acha que uma vitória eleitoral elimina todas as dúvidas sobre negócios que surgem nas campanhas”. Quando se pensava que, finalmente, nos tínhamos visto livre da verve censória de Sócrates, zás. Eis o Presidente a por jornalistas em tribunal, ignorando que quem exerce o poder tem muitos mecanismos de defesa ao seu dispor e não pode ultrapassar o direito à crítica, por muito que lhe custe perder prestígio.

Realmente, começou um novo ciclo político. E muito bem, já se vê. Afinal, é o sonho tornado dura realidade: uma maioria, um governo e um Presidente.

Publicado no Correio da Manhã

quinta-feira, 16 de junho de 2011

«Coragem, mudança e moderação».E muito espectáculo.

A cena da assinatura do acordo PSD-CDS foi patética.Se foi desorganização é mau sinal.Se foi uma «cena» comunicacional as do governo anterior eram mais bem feitas.Aqui não há mudança de natureza.Fica a frase de Paulo Portas«Coragem, mudança e moderação«.Vinte valores em marketing. A «moderação» destinava-se a quem?

quarta-feira, 15 de junho de 2011

«Com toda a autenticidade»

Paulo Portas fez a primeira declaração política do lado dos coligados.«Com toda a autenticidade», explicou que se Fernando Nobre for o candidato do PSD a presidente da AR leva um grande chumbo.O que vale é que o PR não tem uma especial pressa na eleição da segunda figura de Estado.É uma espécie de«bem não transacionável.»

terça-feira, 14 de junho de 2011

Quem recebe primeiro?

Creio que em breve se estará a discutir um calendário de prioridades no reembolso possível dos credores da Grécia.Renovar as maturidades, como propõe a Alemanha, parece um critério objectivo.

Mais de trinta anos

Conheço o João Gonçalves há mais de trinta anos no Movimento dos Reformadores.Os Reformadores propuzeram em 1979 uma revisão constitucional seguida de referendo, sem esperar por novas gerações ,pois o poder constituinte não se pauta por esse critério.De seguida estivemos com o General Eanes contra Soares Carneiro, depois perdemo-nos de vista, fora uns encontros no S.Carlos.
A blogosfera veio trazer novos laços.Não que eu partilhe o tipo de entusiasmo do João por mim mesmo, como também não lhe perdoo o facciosismo da última campanha eleitoral que o levou a tresler algumas das minhas intervenções no programa Prova dos Nove da TVI-24. Ser injusto faz parte do seu talento.Mas pronto.Confio que o Portugal dos Pequeninos, que agora faz 8 anos, redobre de espírito cáustico nestes novos tempos do poder.

Gosto