quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Começa-se por centralizar, depois adeus autonomia científica

Quando regressei,em dedicação exclusive, à Universidade Nova de Lisboa em 2005, esvoaçava na FCSH um clima de entusiasmo devido ao «espírito de Bolonha»- mesmo na versão bastarda da uniformização padronizada com que foi introduzida em Portugal. Coincidente, criara-se a Fundação da Ciência e Tecnologia (FCT), cuja verdadeira vocação seria a de retirar às universidades o melhor espaço de investigação que tinham assegurado até aí, através da atribuição de bolsas, da aprovação de projectos por júris escolhidos pela FCT, estabelecimento de novas regras, com a ambição assumida de internacionalizar a Ciência e a Tecnologia. O apoio era quase total: direcções crentes nas faculdades, jovens a meio da carreira, novos clientes, novas equipes, novas burocracias, e sobretudo novas filas para os «guichets» abertos pelas respectivas rubricas orçamentais.  
Era no entanto uma fase de crescimento na investigação, na cooperação com institutos estrangeiros, com dinheiro da UE, fase organizada e impulsionada por um dos nossos melhores ministros, 
Maria Gago.Os pressupostos eram porém perigosos para a liberdade de investigar e ensinar dos professores universitários, remetidos para um papel subordinado em relação à FCT.
A experiência levava-me assim a ficar de pé atrás, sobretudo com a burocracia avassaladora e centralizadora,  a alienação da liberdade 
 de investigação individual em sede das universidades, uma internacionalização copiada por um modelo sem vida.. 
Dez anos depois o actual presidente da FCT corta nas bolsas individuais, obriga os post-doutorados a alinhar em equipas de investigação forçadas orientadas para a ciência e a tecnologia
aplicadas. O ridículo de tudo reside em só haver 16 bolsas atribuídas por empresas.Que raio de tecnologia aplicada que as empresas não dão um escudo por ela.
 No fundo os candidatos às bolsas ficam agora à espera de um paradigma de transição para a internacionalização da ciência e 
tecnologia, como o The ECONOMIST já divulgou há meses...

Gosto