Quem conheceu a Intersindical antes do 25 de Abril sabe muito bem que ela cresceu no marcelismo apoiada por militantes comunistas, por sindicalistas católicos provenientes em grande parte da JOC e da LOC, e por quadros e juristas de Direito do Trabalho. Era uma verdadeira estrutura unitária, nos moldes da oposição ao corporativismo, à probição do direito à greve, e à repressão policial. Averbou vitórias no domínio da contratação colectiva, mesmo não estando legalizada.Conheci em Genebra alguns dos principais dirigentes da Inter no âmbito das actividades da OIT.Recordo em especial o sindicalista católico Manuel Lopes.Depois com a unicidade sindical decretada por lei, a Inter perdeu muita da credibilidade nacional que havia conquistado. Manteve contudo a matriz plural aqui assinalada, independentemente da luta travada pela hegemonia sindical. . Tem alternado coordenadores comunistas com coordenadores católicos. Carvalho da Silva conseguiu sintetizar as duas condições, num híbrido ainda pouco analisado, tendo em conta o estado voluntarioso da nossa ciência política.
A Inter volta agora, nessa espécie de pacto genético rotativo , a dotar-se de um coordenador mais ligado ao PCP, e cujo discurso e entrevistas merecem atenção.