Manuela Franco, a directora do Instituto Diplomático, teve a ideia de por antigos ministros dos Negócios Estrangeiros a falar de outros antigos ministros dessa importante pasta, e convidou-me para uma conferência sobre Mário Soares enquanto MNE dos três primeiros governos provisórios.
A tarefa era delicada mas aliciante. Conheci Mário Soares há 50 anos quando era dirigente estudantil, fui seu companheiro nas listas da Oposição Democrática em 1965 quando defendemos-dez anos antes dessa evidência nacional- que a guerra não era solução para a questão colonial, mais tarde encontrámo-nos no mesmo lado da barricada na génese do regime democrático-pluralista, e fui inclusive MNE do I Governo Constitucional presidido por ele. Depois afastámo-nos, e até nos degladiámos entre 1979 e 1986. Com a segunda volta das presidenciais em 1986 iniciamos um caminho de reaproximação livre que se consolidou nos anos noventa e dura até agora.
Com tudo isso em mente aceitei o desafio e ontem, perante uma audiência «gourmet», no dizer da directora do Instituto, lá estive a falar dos nove meses de Ministro dos Estrangeiros de Mário Soares entre Maio de 1974 e Março de 1975. Gostei.