domingo, 9 de janeiro de 2011

Vítor Alves-o meu capitão de Abril

Se tivesse que escolher o meu capitão de Abril preferido escolheria certamente Vítor Alves. Moderado, cordial, mas firme como uma rocha, aprendi a apreciá-lo no meio de algumas decisões e atitudes que definiram o futuro de Portugal em democracia.Fazia tudo com uma extrema elegância e tacto.Sabia como ninguém reunir meios adequados para os objectivos em vista, e mantinha a calma mesmo debaixo da maior pressão.Conheci-o em casa de Vítor da Cunha Rêgo que nos quis reunir no período quente de 1975.Depois fizemos parte do Governo presidido pelo inesquecível Almirante Pinheiro de Azevedo que lhe entregava a condução efectiva da discussão da ordem de trabalhos no Conselho de Ministros, tarefa que o oficial com o curso de Estado-Maior desempenhava com grande eficácia e proveito de tempo.No intervalo da actividade política era um companheiro de primeira.Lembro-me agora de umas ceias na Ribadouro, ou de uma rocambolesca ida ao Porto em que até fomos ao futebol ver um jogo do Boavista.Mais tarde pediu-me para ir com ele a Beja fazer campanha pelo PRD, círculo por onde era sacrificado candidato.Foi num dia de verão em que o planeta Terra já tinha aquecido tudo. Não havia vivalma nas ruas e praças da cidade alentejana.Nunca perdeu o humor nem se queixou da maldade dos homens.
Devo-lhe o reconhecimento público da influência que a minha comunicação enviada para o Congresso de Aveiro, em Abril de 1973, intitulada«Da Necessidade de um Plano para a Nação» tivera na elaboração dos textos programáticos do MFA, dos quais aliás ele fora um dos redactores.
A notícia da sua morte enche-me de tristeza.

Gosto