terça-feira, 16 de novembro de 2010

Pastel de Belém


Os mercados arremessaram EUA e Europa para um crise inédita. Depois, conseguiram que grande parte da sua dívida fosse paga com dinheiro público. Não satisfeitos, continuam a extorquir nações. Perante o esbulho, que diz o Presidente da República? Desaconselha qualquer crítica. Recomenda que fiquemos caladinhos e quietos, deixando os saqueadores levarem o que quiserem. No primeiro mandato, Cavaco candidatou-se como grande economista capaz de resolver a crise do país. Vê-se. No segundo, alegou ir a eleições em nome de Portugal. Nota-se.
Mas se os demais candidatos a Belém são constantemente interpelados, Cavaco é permanentemente poupado. Se Alegre tem de opinar sobre o orçamento ou acerca das suas relações com o PS, a Cavaco é concedida uma moratória sine die, inclusive pelos socialistas, que já desistiram das presidenciais. Cavaco pode tentar enxovalhar a classe política, que não é confrontado com o seu longo passado de primeiro ministro; pode ter um representante nas negociações do Orçamento, que não é interrogado sobre as suas interferências no PSD; podem continuar os escândalos BPN, que não é questionado sobre a sua ligação à má moeda.
 Enfim, o conformismo do Presidente da República é um problema. Mas o conformismo do país perante Cavaco Silva não tem solução.

Publicado no Correio da Manhã

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