segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Paralizados
O resultado das presidenciais imobilizou a dispersa esquerda na defensiva , e deu o sinal à direita para se concentrar e preparar a ofensiva de verão.As sondagens da noite eleitoral são «une vue d'esprit» que dura um fim-de-semana, como o que passou.
sábado, 29 de janeiro de 2011
Um País de presidenciáveis
Estas eleições intercalares para o cargo de PR resultaram na derrota dos candidatos apoiados partidáriamente, e mais uma vez recompensaram os candidatos que se apresentaram como independentes.Silva Pereira, sempre simpático, explicou o apoio a Alegre pela falta de comparência de outros candidatos da área.Talvez estivesse a pensar em José Sócrates, António Guterres, António Vitorino, Jaima Gama,sei lá quem mais.
Portugal é um País de presidenciáveis, como escrevo no Correio da Manhã.Mas os presidentes só se apresentam quando podem ganhar.No intervalo deixam o terreno em poisio aos independentes e aos voluntaristas.
Portugal é um País de presidenciáveis, como escrevo no Correio da Manhã.Mas os presidentes só se apresentam quando podem ganhar.No intervalo deixam o terreno em poisio aos independentes e aos voluntaristas.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Alguma coisa está mal
Cavaco Silva prescindiu do vencimento atribuído ao PR e escolheu manter as reformas a que temdireito.Há algo de errado nisto.Mas o quê?
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
A técnica da irresponsabilidade
O Cartão de Eleitor data das leis para a Assembleia Constituinte de Novembro de 1974, e da extraordinária e bem sucedida operação de recenseamento operada em Portugal naquela altura.O regime pode ter imensos defeitos mas tem um bem precioso no seu activo que é o da credibilidade do processo eleitoral.Tudo adquirido na génese do regime.
No último domingo houve erros que levaram a dificuldades de votação, e mesmo ao impedimento eleitoral de muitas pessoas, por causa do Cartão do Cidadão.Logo se exigiu a demissão do Ministro da Administração Interna.Ora começar pela demissão do ministro é a melhor forma de não se apurar qualquer responsabilidade material e deixar ao acaso a futuro correcção dos problemas que originaram o mau funcionamento técnico do acto eleitoral.A responsabilidade política tem coberto muita outra incompetência em Portugal.
No último domingo houve erros que levaram a dificuldades de votação, e mesmo ao impedimento eleitoral de muitas pessoas, por causa do Cartão do Cidadão.Logo se exigiu a demissão do Ministro da Administração Interna.Ora começar pela demissão do ministro é a melhor forma de não se apurar qualquer responsabilidade material e deixar ao acaso a futuro correcção dos problemas que originaram o mau funcionamento técnico do acto eleitoral.A responsabilidade política tem coberto muita outra incompetência em Portugal.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Egoísmo fiscal gera egoísmo fiscal
A Alemanha de Merkel tem demonstrado o seu egoísmo nacional na questão da ajuda financeira aos países do arco periférico da UE.Mas essa atitude também se está a difundir para o interior da própria Alemanha.Os landers mais ricos como a Baviera, o Hesse e Baden-Wurttemberg estão a coligar-se para diminuir as respectivas contribuições orçamentais para o Fundo de Compensação Federal que presta assistência financeira a outras regiões da Alemanha unificada.Egoísmo internacional serve de inspiração ao egoísmo fiscal entre muros?
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
O voto identitário
O apelo ao voto identitário esteve presente nestas eleições sobretudo tendo por base afinidades de origem geográfica.Fernando Nobre insistiu na tónica de ter nascido no «Portugal Ultramarino», expressão com conotações bem conhecidas e que pode ter movido muitos portugueses a votar nele.José Manuel Coelho, insular, bem podia ter evidenciado a sua natureza cis-marina, mas carregou na naturalidade madeirense, o que lhe valeu uma grande votação naquela ilha. Defensor de Moura exibiu outro tipo de chamamento identitário: regionalista , apresentou-se como um autarca da setentrional Viana do Castelo, e pouco falou do seu mandato de deputado pela Nação.Quando as grandes divisões são escondidas esses albergues sentimentais podem funcionar bem.Todos têm orgulho na sua terra.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Abstenção técnica e táctica
A eleição directa do PR é uma das diferenças mais importantes do regime da Constituição de 1976 em relação à Primeira República, onde só um presidente eleito pelo Congresso chegou ao fim do seu mandato.O actual regime tem vindo a acumular defeitos mas há um que não tem:é o da instabilidade política.Ora a abstenção crescente nas eleições presidenciais pode induzir a tentação de questionar as «directas», quando não é isso que está em causa.O que está em causa é o uso minguado que o cargo tem oferecido-filho da estabilidade- e o facto de todos os titulares do cargo terem feito dois mandatos.Mas se um dia o regime entrar em sérias dificuldades-e já esteve mais longe-logo se verá como será decisivo o papel político e institucional do PR.Há quem nunca veja muito longe.
RAZÕES POUCO NOBRES
Em 2010, Nobre reunia muitas facetas promissoras para a sua candidatura. Até com mais vantagens do que Alegre em 2005. Ao contrário do cliché, o médico não foi o poeta das anteriores presidenciais, pois o Alegre de 2005 dificilmente poderia ser considerado um debutante da política. Era “o rebelde”, mas não o forasteiro. Ou seja, mais do que a “figura histórica do PS”, Nobre detinha a aura de independente que se revelara tão auspiciosa há 5 anos. Por outro lado, tinha obra e colhia uma expectativa positiva sobre o que de diferente poderia trazer para a política, vista por tantos como inquinada.
Nobre desbaratou este capital. Da imagem de empenhado médico humanista da sociedade civil, passou a um lugar confuso. Insistiu que nem era esquerda nem direita. Sobre questões essenciais, como Saúde ou Educação, nunca foi claro. Aproveitou mais o descontentamento dos portugueses do que lançou soluções. Posicionou-se como homem providencial. Mostrou um crasso desconhecimento sobre os poderes do Presidente garantindo, por exemplo, que se bateria pela redução do número de deputados. Tanto apresentou o residente de Belém como árbitro como enquanto decisor.
Nobre apresentou muito currículo e poucas ideias. Muito passado e pouco futuro. Daí que o seu resultado seja surpreendente. Como resistiu no meio de tanta gaffe e impreparação? Como, mesmo assim, captou votos da esquerda não alegrista e votos de descontentamento? A sua votação indicia como as presidenciais de 2016 terão largo espaço para outro independente. Mas não pelas melhores razões.
Publicado no Correio da Manhã.
O situacionismo continua
Hoje no Correio da Manhã A vitória do situacionismo.A reeleição de Cavaco Silva foi tão rotineira como o seu burocrático primeiro mandato.Muito mau o seu discurso de vitória .O pior de todos os seus discursos de vitória. Mau sinal.O problema reside nos tempos exigentes que vamos ter pela frente.
Também se pode ler com utilidade a Posição Frontal sobre as Presidenciais tomada pelos dois autores deste blogue.As esquerdas saem destas eleições de mãos a abanar e mais fracas.
Também se pode ler com utilidade a Posição Frontal sobre as Presidenciais tomada pelos dois autores deste blogue.As esquerdas saem destas eleições de mãos a abanar e mais fracas.
Segunda semana de campanha
UMA REFLEXÃO
Nestas presidências, a abstenção será, mais uma vez, um dos candidatos silenciosos interpretado e escalpelizado por comentadores e analistas. Se alguns entendem que esse fenómeno se deve à dificuldade dos políticos em cativar os eleitores, outros defendem que é resultado do alheamento dos votantes. E se um argumento não tem que excluir o outro, vale a pena ter um critério que permita perceber melhor para que lado pende a balança.
As audiências dos debates e tempos de antena é um deles. Em 2005, só três debates presidenciais integraram o top 15 de audiências. Em 2010, sucedeu o mesmo. Já nestas presidenciais, os tempos de antena foram sempre o programa mais visto. Sem contar com as peças de campanha que todos os noticiários divulgaram diariamente. Estes números permitem considerar, pelo menos, que os eleitores não estão assim tão desinteressados. Podem abster-se, mas informam-se. Logo, será necessário que os protagonistas políticos repensem sobre as suas formas de intervenção. Sendo que, a fórmula mágica não mora nas redes sociais, como esta campanha também demonstrou. A mudança terá que ser outra. Mas esse assunto terá que ficar para outra altura. Paradoxalmente, este dia de alheamento por decreto dos eleitores não permite mais reflexão.
Publicado no Correio da Manhã.
APOCALIPSE PEQUENINO
Nesta recta final, assustado com a queda nas sondagens, Cavaco dramatizou o discurso. Nada mais normal do que queimar os últimos cartuchos. Mas há limites. A instigação do medo, a chantagem e a demagogia são alguns deles. Ontem, o candidato ultrapassou-os todos.
Há uns dias afirmou que o país não suportaria os custos económicos de uma segunda volta, atacando a essência da democracia e tentando contaminar o eleitorado com o seu próprio pânico de não ser eleito à primeira. Agora, diz que se a sua recondução não for garantida no Domingo, corre-se o risco de o juro da dívida aumentar. Enfim, o que Cavaco gostava mesmo era de uma Marinha Grande. Como não há, embarcou na linguagem das trevas. Se os portugueses não o elegerem já, serão castigados. O céu abater-se-á sobre as suas cabeças. Chegará a peste. Uma prédica destas só pode ser inspirada nas narrativas do Terramoto de 1755. E isso sim, é profundamente aterrorizador.
Publicado no Correio da Manhã.
O LOBO E A COELHA
As acções, a Aldeia da Coelha, o financiamento da campanha 2006, o Conselho de Estado, as comissões de honra, mostram que a matilha BPN não é só ex-colaboradores de Cavaco. Continua a ser uma parceira. O que é relevante, sobretudo, para quem alardeia beatíficas qualidades pessoais, em vez de posições políticas. E ao remeter explicações para o pós escrutínio que uma campanha também representa, o candidato revela o seu desdém pela transparência que a instituição máxima do regime obriga. Enfim, mais uma razão para lutar por uma segunda volta.
Mas Cavaco alega que isso seria demasiado dispendioso. E como tem a campanha, de longe, mais cara (embora prometesse contenção), percebe-se que sob o seu ataque à democracia e populismo, sob os custos económicos para Portugal, fala dos custos políticos que outra volta teria para si próprio. A única variável que, algum dia, o motivou. Essa sim, uma pesada factura para o país. Já descontando o buraco BPN, claro.
Publicado no Correio da Manhã.
CHEIRA A MOFO
Com orgulho latino, Cavaco gabou-se da mulher, cuja reforma é de 800 euros, depender dele economicamente: “Mas como ela está sempre ao meu lado, merece”, disse. De facto, a senhora ladeava-o sorrindo, merecendo a magnânime assistência. Já os que auferem reformas bem mais baixas (muitos) e que não têm cônjuges Presidentes (todos) ou os que defendem uma sociedade com mais equidade entre géneros não terão sorrido.
Num debate, o recandidato dedicou o seu minuto a elogiar mães e donas de casa. Mas não se referiu às mulheres na vida empresarial, académica, cultural, política. Ou aos homens que tratam da casa e filhos. Cavaco opôs-se à lei da paridade e à legalização da IVG. À violência doméstica respondeu com um silêncio sepulcral. Enfim, este mofo corresponde a uma certa perspectiva do país. O da moral e brandos costumes, ordeiro, à procura do pai providencial. Que faça por merecer ajuda. E lhe fique eternamente grato. O portugalinho pobre mas bem-agradecido.
Publicado no Correio da Manhã.
domingo, 23 de janeiro de 2011
Fui votar
Fui votar pelas 14h.Havia um certo movimento nas mesas de voto da freguesia de S.Mamede, em pleno concelho de Lisboa. Umas empinadas escadas de acesso fizeram-me antever as minhas dificuldades em subi-las e descê-las daqui a vinte anos, como as daquela senhora que se arrimava à bengala com determinação, e me deu hoje,discretamente, um grande exemplo de cidadania.Espero que ela ainda não tivesse tirado o cartão único para ter a certeza que o seu nome estaria nos cadernos eleitorais da Junta de Freguesia como dantes...
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
O Córtex Frontal toma posição sobre as presidenciais
Há anos que prosseguimos um objectivo comum: ajudar a criar as condições para o crescimento de uma alternativa de esquerda plural ao situacionismo vigente.
Assim fomos apoiantes empenhados da candidatura de Mário Soares nas eleições passadas, e assistimos de perto à forma como as esquerdas perderam esse importante cargo, ocupado até aí por personalidades desse vasto espaço político. Todas as forças políticas da área apresentaram então candidatos, e o PS até gerou dois. A vitória de Cavaco Silva ficou desde logo assegurada pela unidade da direita e a provocada divisão à esquerda. A própria campanha de Mário Soares decorreu num ambiente de grandes dificuldades dada as medidas que o governo de José Sócrates tomava entretanto, e que diminuíram significativamente a base eleitoral de apoio do grande fundador do regime democrático em Portugal.
Cinco anos depois, embora com troca de papéis e até com novas alianças, as presidenciais voltam a demonstrar como as forças de esquerda desistiram de fazer delas um momento axial da sua estratégia de defesa dos cidadãos, do regime democrático, e de fomento de uma possível federação para o progresso de Portugal no Mundo… De certa maneira a esquerda refugia-se na Assembleia da República e desiste de disputar o cargo de Presidente da República. A lógica situacionista dos aparelhos partidários impôs-se uma vez mais sem curar de nenhuma perspectiva de vitória. Os candidatos ditos da cidadania vieram atestar que estas eleições terão de novo um vencedor antecipado.
Esta atitude defensiva e derrotista das esquerdas nas eleições presidenciais precisa de ser denunciada em tempo real para evitar falsos actos de contrição, sobretudo num momento tão grave para a vida colectiva dos portugueses como o presente. A crise que Portugal, e a Europa, atravessam também se deve à desistência na apresentação de alternativas de progresso e de promoção dos interesses públicos e gerais.
Estas eleições presidenciais de 2011 serão estéreis para o futuro de uma alternativa de progresso à esquerda, o que explica o silêncio e a desmobilização dos cidadãos como nós que avaliam muito negativamente o actual mandato de Cavaco Silva, co-responsável pelo sufoco em que vive actualmente a sociedade portuguesa na União Europeia
Faz falta uma robusta alternativa a Cavaco Silva nestas eleições. O nosso voto só faz sentido para impedir que estas eleições se transformem num perigoso plebiscito ao segundo mandato do actual Presidente da República. E para evitar a redução das hipóteses de renascimento e federação das forças de progresso social no futuro.
Assim fomos apoiantes empenhados da candidatura de Mário Soares nas eleições passadas, e assistimos de perto à forma como as esquerdas perderam esse importante cargo, ocupado até aí por personalidades desse vasto espaço político. Todas as forças políticas da área apresentaram então candidatos, e o PS até gerou dois. A vitória de Cavaco Silva ficou desde logo assegurada pela unidade da direita e a provocada divisão à esquerda. A própria campanha de Mário Soares decorreu num ambiente de grandes dificuldades dada as medidas que o governo de José Sócrates tomava entretanto, e que diminuíram significativamente a base eleitoral de apoio do grande fundador do regime democrático em Portugal.
Cinco anos depois, embora com troca de papéis e até com novas alianças, as presidenciais voltam a demonstrar como as forças de esquerda desistiram de fazer delas um momento axial da sua estratégia de defesa dos cidadãos, do regime democrático, e de fomento de uma possível federação para o progresso de Portugal no Mundo… De certa maneira a esquerda refugia-se na Assembleia da República e desiste de disputar o cargo de Presidente da República. A lógica situacionista dos aparelhos partidários impôs-se uma vez mais sem curar de nenhuma perspectiva de vitória. Os candidatos ditos da cidadania vieram atestar que estas eleições terão de novo um vencedor antecipado.
Esta atitude defensiva e derrotista das esquerdas nas eleições presidenciais precisa de ser denunciada em tempo real para evitar falsos actos de contrição, sobretudo num momento tão grave para a vida colectiva dos portugueses como o presente. A crise que Portugal, e a Europa, atravessam também se deve à desistência na apresentação de alternativas de progresso e de promoção dos interesses públicos e gerais.
Estas eleições presidenciais de 2011 serão estéreis para o futuro de uma alternativa de progresso à esquerda, o que explica o silêncio e a desmobilização dos cidadãos como nós que avaliam muito negativamente o actual mandato de Cavaco Silva, co-responsável pelo sufoco em que vive actualmente a sociedade portuguesa na União Europeia
Faz falta uma robusta alternativa a Cavaco Silva nestas eleições. O nosso voto só faz sentido para impedir que estas eleições se transformem num perigoso plebiscito ao segundo mandato do actual Presidente da República. E para evitar a redução das hipóteses de renascimento e federação das forças de progresso social no futuro.
José Medeiros Ferreira
Joana Amaral Dias
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
A TOCA DA COELHA
Portanto, é assim: Cavaco Silva trocou em 1998 um “prédio urbano” em Montechoro pelo terreno onde depois construiu a nova casa no aldeamento da Coelha, em Albufeira. Ambos os imóveis foram então avaliados por 27 milhões de escudos, o equivalente a 135 mil euros. Que coincidência de valores tão conveniente.
Presidenciais e mais presidenciais
Por muito que se considere a campanha desinteressante, o certo é que as presidenciais estão na ordem da semana.No que me diz respeito, ontem foi noite de TVI com Bagão Félix, Santana Lopes e a moderação de Constança Cunha e Sá.Hoje é o artigo no Correio da Manhã intitulado
O Perigo Plebiscitário.Não precisa de explicação.
Amanhã o Córtex-Frontal toma posição.
O Perigo Plebiscitário.Não precisa de explicação.
Amanhã o Córtex-Frontal toma posição.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Estado das instituições europeias
Muito importante a nova dinâmica entre as instituições europeias no meio da crise: Conselho Europeu bloqueado por Angela Merckel, Comissão paralizada não se sabe por quem, Banco Central Europeu a arcar com a resposta possível neste momento, mas que poderá ser decisiva para o futuro da zona euro.Bela despedida do presidente Trichet.
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Saber escrever
Excelente, brilhante, cativante e comovedor texto de Manuel Halpern, que andou com o meu filho na escola, sobre a nova ordem ortográfica portuguesa.Sou dos que vai precisar pelo menos do período de transição.Por isso agradeço à Joana Lopes ter trânscrito o metatexto .
domingo, 16 de janeiro de 2011
sábado, 15 de janeiro de 2011
Primeira semana de campanha
É SÓ O COMEÇO
No primeiro mandato, Cavaco Silva primou pela cooperação estratégica com Sócrates. Geralmente, adoptou a atitude ‘deixem o governo trabalhar’. Na prática, só dele discordou em relação aos costumes, vetando diplomas correspondentes como, por exemplo, a lei do divórcio. Ou seja, nas políticas económicas e sociais esteve de acordo com este executivo. Foi cúmplice e contribuiu para a actual situação, abdicando dos poderes presidenciais que poderiam alterar o rumo do país. Chegou mesmo a emprestar Catroga, um dos seus homens-fortes, para negociar o orçamento. É verdade que, perante as políticas nada socialistas do governo, o presidente estaria tendencialmente de acordo. Mas não foi esse o principal motivo para adoptar essa estratégia. A razão maior foi garantir a sua reeleição. Para não levantar ondas que o prejudicassem, anuiu a tudo. Dúvidas restassem e repare-se nesta semana de campanha.
Quase subitamente, o candidato passou a criticar o governo, a demarcar-se das suas opções, a falar de uma crise política. Com que coerência ou até moral, é caso para perguntar. Mas isto é só o começo, como o próprio disse a outro propósito. Cavaco prepara o segundo mandato. Mais activo. Sobretudo, mais favorável a um atalho para a direita chegar mais depressa ao poder.
Publicado no Correio da Manhã. PECADILHOS PRESIDENCIAIS
Ao contrário de outros ocupantes de Belém, Cavaco não conseguiu expandir a sua base eleitoral. Logo, não poderia dar-se ao luxo de perder simpatias nos sectores mais conservadores. Mas nem a colagem que fez à visita do Papa a Portugal conseguiu apagar a raiva que a promulgação do casamento entre pessoas do mesmo sexo provocou na igreja católica. Daí que o recandidato se desdobre em piscadelas de olho a essas hostes. A ponto de muito criticar os cortes no ensino privado. Mas ontem, deu mais um passo. Como a igreja católica e outros cultos estão legalmente impedidos de apelar ao voto num candidato e, neste caso, pouco motivados em recomendar a cruz num “traidor”, Cavaco pediu a um padre que apelasse ao voto. Nele próprio, subentenda-se. Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. Mesmo que, pelo caminho, pise princípios como a laicidade do Estado. Ou mesmo esse valor básico que é um pouco de decoro, senhor.
MOITA-CARRASCO
Além do objectivo de evitar a vinda do FMI (por motivos diversos), São Bento e Belém partilham, nestas presidenciais, outro denominador comum: o apelo ao silêncio. O Presidente requer, reiteradamente, que não critiquem os mercados. Que, perante a ofensiva, se “coma e cale”. E nada esclarece sobre o BPN. Já o Primeiro-Ministro entende que o melhor é “não falar” sobre a ajuda internacional. Também o Ministro das Finanças censura quem discute o BPN alegando que isso prejudica o banco. O Presidente agradece.
Pelos critérios de Cavaco, Sócrates e Teixeira dos Santos, sobre a crise, as respectivas respostas e o banco que ficará para a história como o escândalo do regime, os portugueses deveriam ficar quietinhos e calados. Vingassem estes critérios e sobre nada relevante se poderia falar, mesmo durante uma campanha eleitoral! Enfim, estes “xius” e “caludas” dizem tudo sobre a concepção de democracia de quem os profere. E sobre os que une.
Publicado no Correio da Manhã
ACÇÕES E PALAVRAS
O cidadão Cavaco Silva comprou e vendeu acções da SLN (sem cotação na bolsa, logo, por contrato) a uma empresa dirigida pelo círculo político da sua criação.Tão próximo que, já Presidente, nomeou Dias Loureiro conselheiro de Estado e fez a sua defesa pública. Com esse negócio, rapidamente lucrou mais do que o BPN ganhou nesse ano. Aliás, as vantagens de Cavaco (140%), somadas a muitas outras mercancias, sepultaram o banco e são agora ferozes prejuízos para o país.
Com os contactos que tinha no BPN, como accionista e magnificente economista, é difícil crer no candor de Cavaco. Além disso, sem dúvidas, promulgou a nacionalização do banco (excluindo a SLN) e incluiu nesta comissão de honra (!) vários desses correligionários. Cavaco bem pode persistir no acto de "remediado e honesto".
Não está em causa o miolo do seu colchão. Mas a sua transparência. Só garantida pela divulgação do dito contrato. O BPN não devia consumir estas presidenciais. Se o fizer, a responsabilidade é do candidato. Porque teima em nada esclarecer. Porque sobre outros temas também nada esclareceria, valendo-se do dom para falar sem nada dizer ou ficar calado. Mas, desta vez, os seus gongóricos tabus podem sair-lhe caros. E hipervalorizar a questão. Para aí em 140%.
O Euro e a Península
Desde o 25 de Abril que Portugal não suscitava tantas atenções das chancelarias e da imprensa internacional.Com efeito a zona euro joga-se por estes dias na Península Ibérica.É um extraordinário volte-face em relação à situação vivida pela Grécia e pela Irlanda em que só a sorte imediata desses países parecia em causa.O resto é para ler na rubrica Cabo Submarino que assino no Correio da Manhã.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
A foice em seara alheia
Uma freira terá testemunhado um milagre atribuído à mediação do Papa João Paulo II.Falta outro para o processo de beatificação ser aberto no Vaticano.A Igreja Católica devia dispensar «milagres» para honrar os seus conforme entendesse e tem direito, mesmo que seja no paradigma da «imitação de Cristo».E não devia aceitar testemunhos de pessoas dependentes da hierarquia eclesial.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Paira um espectro sobre a campanha presidencial
O título de hoje no CM deve-se à possibilidade da entrada dos fundos associados em Portugal.Defendo a tese que Cavaco Silva espera que tal não aconteça até ao dia do voto final nas presidenciais.Conta para isso com a acção de forças diversas desde a própria acção governamental-até agora coroada de êxito- até aos efeitos retardadores de personalidades bem colocadas para o efeito como Durão Barroso, Vítor Constâncio e António Borges.A política não é uma linha recta.
Repúblicas bicentenárias
Um responsável da campanha de Cavaco Silva fez uma referência inculta e grosseira às repúblicas sul-americanas que certamente embaraça o actual PR no seu comércio institucional com os chefes de Estado desse continente nas sucessivas cimeiras ibero-americanas. Mas a má-educação revelada numa queixa à Comissão Nacional de Eleições não esconderá uma nostalgia metafísica por outra origem do Poder?
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Mourinho em português
Bati palmas cá em casa quando Mourinho explicou em Zurique que falaria em português na cerimónia de entrega do troféu de melhor treinador do mundo de futebol.Reconhecido poliglota, com gramática, a escolha foi o maior serviço à língua portuguesa desde o prémio Nobel a Saramago.E, nesta apagada e vil tristeza em que vivemos, serviu de sobressalto patriótico.Duvido , no entanto,que sirva de exemplo.Primeiro porque há sempre quem prefira dizer mal noutra língua o que os nativos dessa pensaram melhor.Depois porque o valor da língua em termos internacionais depende da excelência do trabalho dos que a usam como língua materna.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Recapitular
Aqui fica, na íntegra, o artigo publicado no Correio da Manhã :
A Esquerda perdeu o pé nas presidenciais há cinco anos e não conseguiu emendar o passo nestas. Enquanto a direita se apresenta mais uma vez unida à volta de um só candidato, a esquerda esbanja-se na apresentação de múltiplos talentos semi - presidenciáveis sem esperança de ocupar um cargo que foi seu durante décadas.
Esta subalternização da questão presidencial nestas eleições deve-se a variados factores, o primeiro dos quais tem a ver com o cálculo de probabilidades inerente a uma campanha em que o detentor do cargo volta a ser candidato. A esquerda está numa atitude defensiva, mascarada de contra-ataques pontuais.
A esquerda pode fazer muito melhor no período de campanha eleitoral se apresentar uma plataforma programática de entendimento para uma eventual segunda volta que recentre a discussão nas grandes questões nacionais enp modo de as resolver por um futuro PR.
A Esquerda perdeu o pé nas presidenciais há cinco anos e não conseguiu emendar o passo nestas. Enquanto a direita se apresenta mais uma vez unida à volta de um só candidato, a esquerda esbanja-se na apresentação de múltiplos talentos semi - presidenciáveis sem esperança de ocupar um cargo que foi seu durante décadas.
Esta subalternização da questão presidencial nestas eleições deve-se a variados factores, o primeiro dos quais tem a ver com o cálculo de probabilidades inerente a uma campanha em que o detentor do cargo volta a ser candidato. A esquerda está numa atitude defensiva, mascarada de contra-ataques pontuais.
A esquerda pode fazer muito melhor no período de campanha eleitoral se apresentar uma plataforma programática de entendimento para uma eventual segunda volta que recentre a discussão nas grandes questões nacionais enp modo de as resolver por um futuro PR.
A Esquerda na circunstância
A esquerda perdeu o pé nas presidenciais há cinco anos e não consegue acertar o passo nestas.
Esta é a súmula da coluna publicada hoje no CM.Que acaba com uma sugestão :
«A esquerda pode fazer melhor no período da campanha eleitoral se apresentar uma plataforma de entendimento para uma eventual segunda volta.»
Esta é a súmula da coluna publicada hoje no CM.Que acaba com uma sugestão :
«A esquerda pode fazer melhor no período da campanha eleitoral se apresentar uma plataforma de entendimento para uma eventual segunda volta.»
domingo, 9 de janeiro de 2011
Vítor Alves-o meu capitão de Abril
Se tivesse que escolher o meu capitão de Abril preferido escolheria certamente Vítor Alves. Moderado, cordial, mas firme como uma rocha, aprendi a apreciá-lo no meio de algumas decisões e atitudes que definiram o futuro de Portugal em democracia.Fazia tudo com uma extrema elegância e tacto.Sabia como ninguém reunir meios adequados para os objectivos em vista, e mantinha a calma mesmo debaixo da maior pressão.Conheci-o em casa de Vítor da Cunha Rêgo que nos quis reunir no período quente de 1975.Depois fizemos parte do Governo presidido pelo inesquecível Almirante Pinheiro de Azevedo que lhe entregava a condução efectiva da discussão da ordem de trabalhos no Conselho de Ministros, tarefa que o oficial com o curso de Estado-Maior desempenhava com grande eficácia e proveito de tempo.No intervalo da actividade política era um companheiro de primeira.Lembro-me agora de umas ceias na Ribadouro, ou de uma rocambolesca ida ao Porto em que até fomos ao futebol ver um jogo do Boavista.Mais tarde pediu-me para ir com ele a Beja fazer campanha pelo PRD, círculo por onde era sacrificado candidato.Foi num dia de verão em que o planeta Terra já tinha aquecido tudo. Não havia vivalma nas ruas e praças da cidade alentejana.Nunca perdeu o humor nem se queixou da maldade dos homens.
Devo-lhe o reconhecimento público da influência que a minha comunicação enviada para o Congresso de Aveiro, em Abril de 1973, intitulada«Da Necessidade de um Plano para a Nação» tivera na elaboração dos textos programáticos do MFA, dos quais aliás ele fora um dos redactores.
A notícia da sua morte enche-me de tristeza.
Devo-lhe o reconhecimento público da influência que a minha comunicação enviada para o Congresso de Aveiro, em Abril de 1973, intitulada«Da Necessidade de um Plano para a Nação» tivera na elaboração dos textos programáticos do MFA, dos quais aliás ele fora um dos redactores.
A notícia da sua morte enche-me de tristeza.
sábado, 8 de janeiro de 2011
Agora aos sábados na página dois
Com o Ano Novo passei a escrever no Correio da Manhã ao sábado na página dois.Passo a dispor de mais caracteres. Neste primeiro artigo, intitulado Um Ano Decisivo, chamo a atenção para as mudanças drásticas que podem ocorrer na vida portuguesa e europeia em 2011.Dá a impressão que se desenha uma nova versão da Europa Fortaleza da qual não faremos parte.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Serviços mínimos
Parece que os líderes partidários do PS e do PSD, José Sócrates e Passos Coelho, vão aparecer finalmente na campanha presidencial ao lado dos seus candidatos.Já conseguiram que se percebesse que nesta eleição estão ambos em regime de serviços mínimos.
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Os debates sobre os debates das presidenciais
Gostei de participar ontem num debate sobre as presidenciais na TVI-24, moderado pela Constança Cunha e Sá e com a participação de Santana Lopes e de Fernando Rosas.O tema BPN esteve presente, como não podia deixar de ser, mas não dominou o debate.Os intervenientes foram muito mais longe sobre o que devia ser a agenda desta campanha:que tipo de governo os candidatos patrocinariam no início, e no decurso, do respectivo mandato, que iniciativas os presidenciáveis tomariam perante a crise europeia e perante o tratamento negativo sistemático que os países do arco periférico daUE estão a receber,o que pensam dos projectos de revisão constitucional anunciados, que interpretação efectiva fazem dos poderes do PR, etc.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
As relações do Banco de Portugal com o Estado
A valorização mundial do ouro trouxe à baila a política de gestão de activos e reservas do Banco de Portugal.Ninguém pede que o BdP se desfaça significativamente das suas reservas em ouro,até porque há compromissos internacionais na matéria, mas já é matéria de reflexão o facto do Estado não poder contar com o banco central em situações como a actual, sobretudo na vertente externa, e na distribuição excepcional de dividendos em momentos de aperto como o actual.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Porque será que a geração de 60 ainda incomoda tanto?
Confesso que passei os olhos pelo artigo da Helena Matos sobre as culpas cósmicas da «geração de 60», mas passei à frente.O período natalício remete-nos inconscientemente para o Pai Natal.Mas hoje ao ler o demolidor post de Joana Lopes perguntei-me a mim próprio porque será que a geração de 60 ainda faz figura de papão?
domingo, 2 de janeiro de 2011
Um ano que passou rápido
O Francisco José Viegas, e o Pedro Correia, recordaram, ontem, a passagem do primeiro aniversário deste blogue.São dois leitores preferidos cá de casa, além de os lermos diariamente.Aliás, um dos objectivos do Córtex é ser um blogue de presença quotidiana, sem fazer disso um imperativo categórico! Muitas vezes não há tempo, ou matéria, para postar.Aliás começo sempre por dar uma volta pela blogosfera antes de me sentar na cadeira de editor.Mesmo assim, contando as minhas com as da Joana Amaral Dias que crismou o blogue, foram mais de 400 entradas neste ano.Que passou muito rápido.
Subscrever:
Mensagens (Atom)