Em 2013, Portugal criou 10000 novos milionários e 200000
pobres. Eis o resultado da austeridade. Os mais ricos ficam mais ricos e nascem
novos ricos (10% de portugueses controlam 60% da riqueza nacional); os mais
pobres ficam mais pobres e surgem novos pobres (a percentagem de pobreza persistente
passou de 8,2% em 2012 para 10,4% em 2013). A austeridade não é igual para
todos. Os sacrifícios não são distribuídos. Ao pé do programa da austeridade, o
programa sobre a vida selvagem e os seus predadores famintos atrás de presas
incautas parece matiné para meninos. Esta política faz a seleção natural ou a
lei do mais forte parecerem uns copinhos de leite.
Em 2013, um terço das nossas crianças viveu em privação
material. As contas deste ano serão piores. Logo, este é mais um Orçamento
falhado que, anos depois e contra todas as evidências, continua a escolher a
troika em vez das pessoas, o défice em vez do emprego, uma ideologia fanática
em vez do combate à fome. Que continua a fazer escolhas que vão dos tempos das
cavernas aos medievais. Chega.