segunda-feira, 26 de julho de 2010

Haia faz do Kosovo um precedente?

Ainda não tive acesso ao Acordão do Tribunal Internacional de Haia sobre a moldura legal da declaração unilateral de independência do Kosovo que não teria sido ofendida, segundo os seus juízes.Mas, por extratos, e considerações de especialistas, parece que nem o histórico da junção do Kosovo à Sérvia foi tido em consideração como explicativo casuístico para a secessão.Ou seja, o Tribunal abre um vasto campo por este mundo fora à audácia.

sábado, 24 de julho de 2010

O Estado domesticado

O Estado pode continuar a apoiar a banca até ao fim do ano, segundo as disposições de Bruxelas.Com PEC ou sem PEC.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O Regime do PSD

O meu artigo de hoje no CM, analisa as impossibilidades actuais da alteração constitucional proposta pelo PSD .Depois das presidenciais veremos as verdadeiras posições sobre a revisão.

O portal do governo não é o Diário da República

O João Gonçalves, com a sua atenção amiga, insurge-se contra o facto de um portal do governo, digno de um certo tipo de sociedade informática, não apresentar o meu nome como Ministro dos Negócios Estrangeiros do Iº Governo Constitucional.E até apresenta uma fotografia para testemunhar o que o Diário da República-ainda em versão de papel-abundantemente oficializa, pois tive oportunidade de assinar, em nome da República Portuguesa, alguns dos mais importantes diplomas internacionais que regulam a nossa vida colectiva.
Não creio, aliás, que se trate de qualquer tentativa de assassinato político pessoal, mas de pura preguiça e incompetência dos responsáveis pelo dito portal.Também lá não figuram, Lopes Cardoso, Marcelo Curto, e outros ministros que saíram antes da queda do governo em Dezembro de 1977.
N.B.-Quem tem de consultar o Diário da República para esse tipo de informações, encontra a data oficial da tomada de posse, e a data da demissão dos ministros.Um trabalhão...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

As condições de uma revisão

Não fui um entusiasta da revisão de 1982 no que disse respeito aos poderes presidenciais.Ela foi feita com aquela« largueza de vistas» de quem queria apenas arrumar politicamente com o general Eanes.O pacto inter-partidário PS-PSD nesta matéria está em vigor há perto de três décadas.Para os nostálgicos de pactos de regime, aí está um, e dos duros.Por isso a proposta do PSD no sentido de fazer voltar os governos a dependerem da dupla confiança política da AR e do PR só teria pernas para andar caso os dois partidos tivessem o mesmo candidato presidencial.Simples mas difícil.Muito difícil.

Estabilidade no PE

António Costa avançou com a ideia de que há uns ministros mais cansados do que outros, com o óbvio propósito de poupar José Sócrates.Logo se avançaram alguns comentários do interior do grupo parlamentar do PS na AR interpretados como favoráveis a remodelações no governo.Não sei se irão a tempo.Mas quem não gostou da ideia foram dois eurodeputados do grupo socialista: Edite Estrela e Vital Moreira.Compreende-se.Remodelações não são uma especialidade do Parlamento Europeu e o mandato é de cinco anos sem risco de eleições antecipadas...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

ANTES O POLVO

A Moody's comunicou o corte em um nível no rating da CGD , do Santander Totta, do BES, do BPI  e do Espírito Santo Financial Group. Já o BCP, o Montepio e o Banif sofreram um corte de dois níveis.

No que respeita ao BPN, a agência de notação mantém o mesmo nível. 
Salvo seja.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O campeonato do golito

Este Mundial de Futebol deve ter batido o record dos resultados mínimos.Do 0-0 da fase de grupos ao 1-0 da fase eliminatória bem se pode dizer que o golo foi a excepção na esmagadora maioria dos jogos.O golo passou a ser um intruso incómodo no futebol!

sábado, 10 de julho de 2010

Nomes para quando?

Francisco Assis, que organizou umas jornadas parlamentares à sua maneira, deu uma entrevista ao Expresso.Nela figuram alguns nomes de possíveis sucessores de José Sócrates à frente do PS: António Costa, António José Seguro, Carlos César e o próprio Assis.Mas, se a oferta é tanta, esses senhores estão à espera de quê?

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Jogo Perigoso

No Correio da Manhã escrevo sobre o regresso do Estado Estratégico e sobre o silêncio do governo de Brasília no caso dos apetites sobre a VIVO.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Vuzuzela, como diria Lacão.

Descubra as diferenças



"Não gosto dos espanhóis metidos na política portuguesa, estou a defender os interesses de Portugal, que não é uma província de Espanha."
Manuela Ferreira Leite, acusando Sócrates a propósito do TGV, Setembro 2009. 

José Sócrates, em resposta, uns dias depois num comício em Évora.


A Telefónica antecipa-se

A proposta da Telefónica de encetar negociações directamente com a PT para tratar da pendência sobre a VIVO demonstra sentido táctico preventivo em relação ao que o Tribunal Europeu possa doutrinar amanhã sobre um negócio no Brasil.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O polvo psíquico

Festival de Almada de Teatro-Até 18 de Julho

Pouco a pouco o Festival de Almada de Teatro ocupou um lugar de destaque entre os melhores festivais internacionais do género. Lembro-me do José Carlos Abrantes telefonar há uns anos a propor umas idas à Escola D. António da Costa.Levei tempo a deslocar-me lá, mas agora sou um adepto indefectível do festival dirigido pelo Joaquim Benite.Uma mostra anual do melhor teatro universal que se estende de Almada a Lisboa e ao Porto.Aproveitem que é mesmo do melhor.E diversificado por géneros, companhias e países.Consultem o programa.

terça-feira, 6 de julho de 2010

É possivel um bloco ibérico na UE?

Mário Soares foi ontem às jornadas parlamentares do grupo socialista romper com a ladainha desse género de exercícios, e propôs uma aliança ibérica no interior da UE para contrabalançar a hegemonia ultraliberal que impera a norte.A ideia merece reflexão.Mas muita coisa teria de mudar em Espanha para essa aliança nos ser favorável.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Provincianismos

O jornal El País albergou um editorial desprimoroso para com o governo português sobre o caso da operação abortada da Telefónica sobre a VIVO no Brasil.O jornal mostrou sintomas de «hispanidad», e não se impediu de qualificar de «arbitrariedade provinciana« o uso que o governo de José Sócrates fez da golden share que os accionistas «de referência» fizeram gala em manter fora das negociações.Pois bem, o primeiro-ministro acabou por dar uma entrevista pessoal ao dito jornal, depois do editorial, entrevista que não teve qualquer chamada de atenção na primeira página e acabou por ser publicada, ontem, nas páginas interiores do El País dedicada à Economia.Nestas coisas José Sócrates costuma ser mais firme a nível nacional.

domingo, 4 de julho de 2010

Boneca Russa


  
Na Itália pós-fascista, um milanês construiu um poderio têxtil, uma mansão mussolini e um clã de três gerações. Não sem atropelos. Eu sou o amor revela com calma como um império aniquila valores e pessoas, nos negócios e na família. E como mundando uns, mudam os outros. O mundo industrial transforma-se com a globalização e corre uma narrativa paralela, de pormenor antropológico, sobre privilégios de classe e mudança social. O universo familiar também se metamorfoseia. Logo na inicial festa de anos do chefe de família, percebe-se como um patriarcado anula alguns dos seus próprios elementos e que algo leveda debaixo da aparência de lustres e espelhos: coligações, lealdades, sacrifícios. Sobretudo, ânsia de libertação. Aliás, Eu sou o Amor começa com um aniversário, como se festejasse a vida, quando à mesa se sentam mortos. E termina com um funeral, como qualquer coisa fenecesse mas quando, finalmente, algo nasce. O quê? A personagem que Twilda Swinton interpreta de modo ímpar e que passa de prisioneira de luxo a autora da sua vida.
Essa Emma foi reprogramada para ir de filha de um artesão russo a nora de um magnata europeu. Na pátria, deixou a sua identidade, o seu nome. O marido não lhe mudou só o apelido. Passou a ser outra, um autómato italiano perfeito, que cumpre meticulosamente o quotidiano agora ainda mais vazio com a adultez dos filhos. É uma boneca russa, condição reforçada, por exemplo, pelas cenas em que a criada ou o marido a despem como se fosse um modelo de trapos, pelo “Tu não existes” que esse lhe arremessa, ou pela breve audição da ária La mamma morta.
Mas esta mulher é também uma boneca russa porque tem, afinal, várias camadas. Uma das que sobreviveu à arrancada das origens, foram os paladares e aromas, memórias indeléveis. São elas os mediadores para o seu resgate, apaixonando-se por um jovem cozinheiro. Porém, a ênfase nos sentidos não corresponde à batida afirmação da sensualidade e remete para a importância simbólica das refeições nos rituais familiares, para os laços e responsabilidades numa tribo. Daí que a loiça se parta quando surge um prato com ingredientes secretos da Rússia. Quase tão impossíveis de despir como todas essas câmaras que Emma guardou debaixo da sua pele milanesa. Revelada essa multidão, ela diz  à família: “Vocês já não sabem quem eu sou”. E quem é ela? O amor.
Esta última obra deste cineasta italiano é discreta, como a cozinha do amante. Sofisticada, sem a arrogância da nouvelle cuisine ou da nouvelle vague. Com raízes regionais, mas sem o agreste dos pratos típicos ou do neo-realismo. Não é perfeito. Mas o amor também não. E ainda bem.

Quatro divórcios e uma empresa


A decisão do governo em usar a golden share da PT só pecou por tardia. O encaixe financeiro da venda da Vivo não justificaria a destruição de tanta capacidade de emprego qualificado, tecnológica e exportadora. O mercado funcionou. Considerou o interesse nacional e o futuro das pessoas. O brutal investimento na Vivo foi possível porque a PT nos impôs dispendiosos tarifários. Todos o pagámos. Agora que foi de sorvedouro a fonte, vendia-se?
Se a tendenciosa Europa declarar as golden shares ilegais, ficará claro que empresas estratégicas não podem ser privatizadas. Já incompreensível é o PSD. Reconhece que o negócio era ruinoso (melhor que certos jornais), mas condena essas acções. Alarma sobre a fuga de investimento, mas esquece-se que, sem golden shares, as empresas que foram públicas abalariam todas (incluindo as que ainda pretendem privatizar). Esta direita, cujo patriotismo é só do tamanho de um campo de futebol, defende a hegemonia espanhola e, como sempre, quer prejuízo público e lucro privado.
Seja como for, vê-se a força de uma operação bolsista. Esta provocou quatro divórcios. Ricardo Salgado separou-se das suas próprias posições (advogava centros de decisão nacionais). E de Sócrates. Já Cavaco Silva, distancia-se da sua antiga defesa das privatizações. E ainda deste PSD.

Afinal havia ostras

sábado, 3 de julho de 2010

Freitas do Amaral não se cansa

Contrariamente às aparências, Freitas do Amaral não se cansa da política.Regressou agora com o seu apoio à recandidatura de Cavaco Silva, e, como este, acha a situação do país insustentável.Para quem saiu do governo de José Sócrates por alegado cansaço físico, não há dúvida que recuperou depressa as energias.Assim Portugal o acompanhe na recuperação...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O regresso da Política

Depois da eliminação de Portugal no Mundial de Futebol, o ponto de situação institucional.Enquanto o PSD corre para a maioria absoluta, sufocando o CDS, o PS queda-se à espera do destino fatal.No Correio da Manhã.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Centenário de Manuel Tito de Morais

Vou participar hoje numa sessão de homenagem a Manuel Tito de Morais, um resistente anti-salazarista cujo sentido do dever foi sempre adiante de qualquer ambição pessoal.O 25 de Abril também serviu para aquilatar esses diferentes pesos em cada um de nós.

Gosto