terça-feira, 14 de dezembro de 2010

As ilhas de excepção

Cavaco Silva, mudo e calado sobre tantas iniquidades, desde o BPN à não tributação das mais valias de grandes empresas, abriu uma excepção para contrariar a decisão da Assembleia Legislativa dos Açores de não aplicar os cortes salariais até aos 2 mil euros. Mas pior ainda é quem compara accionistas que antecipam dividendos milionários, furtando-se a um dos seus poucos deveres fiscais, a funcionários públicos que já eram mal pagos. Até porque a regra é isentar a tributação dos rendimentos do capital. Nem em crise há ressalva. E a regra é sobrecarregar os rendimentos do trabalho. Nem agora houve excepção. Enfim, a lógica do tudo-no-mesmo-saco visa pôr as vítimas da austeridade a acusarem-se reciprocamente, potenciando o sucesso do carrasco.
      Certo é que se estes e outros dividendos fossem taxados e existisse eficácia fiscal, não necessitaríamos da anorexia salarial. Logo, o problema não é a diferença açoriana. O problema é  a norma continental. Foi esta a posição política de Carlos César, discordando dos actuais cortes enquanto solução para a crise e do caminho do PS. Pena que o debate nesse partido não tenha sido mais frontal. Até porque 200 mil votos açorianos não dão projecção nacional e, certamente, aumentar salários não agrada aos patrõezinhos do continente. 

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