sábado, 26 de fevereiro de 2011
Crise e qualidade da democracia
Quanto mais o país entrar em crise financeira melhor deve ser a qualidade da democracia em Portugal.Por isso hoje no Correio da Manhã alerto para os funestos resultados que uma atitude de soberba informática pode acarretar para a credibilização dos actos eleitorais. O regime democrático assentou até aqui na justeza do recenseamento e no rigor do apuramento parcelar e final dos resultados eleitorais presentes desde 1975 quando muitos não queriam eleições.Introduzir, por novidades experimentais ou por relaxamento nos procedimentos burocráticos, a desconfiança nos actos eleitorais seria um golpe fatal no regime.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
No aniversário de Politeia
Há blogues que merecem referência pela qualidade, pela distinção com que defendem os seus pontos de vista, pelo enriquecimento que trazem à blogosfera e ao debate de ideias em geral.É esse o caso de Politeia que celebrou o seu terceiro aniversário.
O Córtex-Frontal envia parabéns ao José Manuel Correia Pinto, seu autor.
O Córtex-Frontal envia parabéns ao José Manuel Correia Pinto, seu autor.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Coitada da Senhora Merkel
A chanceler Angela Merkel foi derrotada insofismavelmente nas eleições da Cidade-Estado de Hamburgo pelo SPD, de novo mais europeu. A chanceler Merkel perde eleições locais desde que optou por uma aliança com os liberais e abandonou a política federal do governo anterior de coligação com o SPD.Em vez de verem o que é claro como água, os intérpretes lusitanos da vida política alemã preferem juntar-se aos adeptos da visão delirante de uma Merkel castigada por uma política de solidariedade europeia que não existe.
Prova dos nove
Iniciei esta noite, conjuntamente com Santana Lopes e Fernando Rosas, a participação num novo programa da TVI-24-Prova dos Nove-, moderado por Constança Cunha e Sá.Todas as terças às 23h.Espero que gostem.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Afinal, Axel Weber...
Os governadores do BCE são nomeados para um mandato único de 8 anos.O de Claude Trichet termina em Outubro próximo. e todos os peritos davam por eleito o severo e ortodoxo alemão Axel Weber.Porém o próprio, ao perceber que o seu nome suscitava fortes reservas na zona euro, retirou-se da candidatura.
Abre-se assim a hipótese do Banco Central Europeu continuar a desempenhar um papel mais colaborante com os Estados da zona euro em dificuldades financeiras, a exemplo do que aconteceu historicamente com a construção das boas zonas monetárias.A começar pela dos USA.
Abre-se assim a hipótese do Banco Central Europeu continuar a desempenhar um papel mais colaborante com os Estados da zona euro em dificuldades financeiras, a exemplo do que aconteceu historicamente com a construção das boas zonas monetárias.A começar pela dos USA.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
A principal obrigação do BdP
No meu artigo de hoje no Correio da Manhã-Recessão, disse ela...-chamo a atenção para as obrigações para com o Estado português do Banco de Portugal e do seu governador.Redefenir as missões do banco central nessa perspectiva depois da existência do SBCE é uma prioridade absoluta.Claro que o gabinete de estudos continua a ser necessário.Mas é pouco.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
O resgate de Passos Coelho
Passos Coelho andava por aí sem estar no centro dos acontecimentos.A RTP1, sempre vigilante em defesa do situacionismo, foi resgatá-lo às linhas traseiras da actualidade.Judite de Sousa entrevistou-o ontem à noite. Os mercados ainda não reagiram.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Chuva de moção
A anunciada moção de censura do BE assanhou o país político, o que diz bem da cultura democrática de muitos. No nosso regime, o parlamento escrutina o governo e pode derrubá-lo a qualquer momento. No Cairo, é diferente. Nem com 230 deputados.
O aviso peca por parecer um duelo Louçã-Sócrates. É claro que o BE pretende a demarcação pós presidenciais do PS e rouba iniciativa ao PCP. Sim, dispensavam-se os anteriores “jamais, jamais” de vários dirigentes bloquistas. Mas a questão não é o oportunismo. Desse mal sofreu o BE não apoiando os cortes do governo às escolas privadas. De oportunismo padece o PSD que não apresenta uma moção porque não lhe dá jeito tomar já o poder. E o PS que, com uma maioria e adoptando como parceiro o PSD, preconizando políticas contra a sua origem e programa, chantageia dizendo que uma moção entrega o executivo à direita.
E será oportuno? A contestação nas ruas irá aumentar e estamos perante um brutal ataque a todos os elos mais frágeis da sociedade. Se o BE e o PCP não avançarem com moções- que neste quadro são serviços mínimos parlamentares- quando avançam? Este governo é o responsável pela actual situação. Merece censura (que não implica dissolução). E por mais que custe ao país político situacionista, tudo o resto é meramente circunstancial.
Publicado no Correio da Manhã
O estranho caso do sábio desperdiçado
A crónica de hoje de Ferreira Fernandes sobre Medeiros Ferreira que não se desperdiça aqui no Córtex.
Dilemas de circunstância
Se o governo executa à letra o Orçamento, o país entra em recessão.Se o governo não o executa, cai o governo.Esta será a história do ano 2011.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Excelente análise de Alfredo Barroso
Excelente e refrescante artigo de Alfredo Barroso no jornal I sobre o Partido Socialista no «centro do centro». Recentemente no «centro-esquerda».
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Uma precisão pouco rigorosa
Esta noite foi o PSD que se sangrou em responsabilidade.Mas pode ter exagerado na precisão:vai abster-se na moção do BE, cujo teor desconhece, mas que, já se sabe, também censura Passos Coelho.E se os termos do ataque ao PSD forem ainda mais radicais do que a censura ao governo? Não seria mais rigoroso Passos Coelho ter declarado apenas que o PSD não aprovará a moção de censura do BE ?Esta oposição não merece confiança!
A liga dos últimos
O CDS declarou que se iria abster na eventual moção de censura do BE, anunciada com um mês de antecedência por causa do derby com o PCP. Por favor não dêem razão ao Jorge Lacão
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Revoluções comparadas
Pressinto que a revolução no Egipto, mesmo que o não seja, vai suscitar estudos comparados sobre a dialéctica Povo-Forças Armadas.A transição portuguesa para a democracia voltará a ser estudada, independentemente da inversão dos termos: em Portugal foram as Forças Armadas a iniciar o processo e só depois se encheram as ruas.No Egipto primeiro foram as manifestações, e só depois as Forças Armadas ocuparam o lugar central.Mas a partir daqui o que se exige aos militares no Cairo é ums grande perícia política ao nível da grande estratégia e da gestão dos detalhes.Pelo menos igual à que demonstraram até aqui.A seguir.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
PS-Agora do centro-esquerda moderno
Ficou livre o caminho depois da previsível derrota da candidatura presidencial de Manuel Alegre. Ontem José Sócrates sentiu-se à vontade para colocar o PS no centro-esquerda.Ainda moderno.Reformador tem direitos de autor ...
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Mostra-me a tua moção
A oposição está a dar provas de uma grande desorientação. Nem o joguinho do
Mostra-me a tua moção ( título do artigo no CM) resiste a qualquer teste de credibilidade mínima.O BE e o PSD estão a dar um espectáculo de incompetência política ao vivo.Basta abrir a televisão.
Mostra-me a tua moção ( título do artigo no CM) resiste a qualquer teste de credibilidade mínima.O BE e o PSD estão a dar um espectáculo de incompetência política ao vivo.Basta abrir a televisão.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
As provas de Vital Moreira
Vital Moreira é de opinião que os resultados das presidenciais provam que o PS e o BE não são miscíveis. Eu acho que a fraca votação de Manuel Alegre-sobejamente prevista por estas bandas- não chega para provar nada, salvo aquilo que possa dar jeito no imediato.Mas, já agora, o que provará a derrota de Vital Moreira como cabeça de lista do PS nas eleições europeias? Que há um outro responsável?
Oliveira e Silva-Adeus amigo
Faleceu Oliveira e Silva, velho militante anti-salazarista que só conheci na Assembleia Constituinte, mas de quem me tornei amigo expontâneo.Fundador do PS, deputado eleito por Viana do Castelo, de uma seriedade natural, era firme consigo próprio e tolerante para com os demais.Idealista sem muitas ilusões sobre a natureza humana, foi um reforço de peso na luta que se travou na Constituinte a favor do regime democrático pluralista.Orientava-se por um sentido de dever ancestral e permanente.Convidado por Mário Soares para Ministro da Administração Interna do II Governo Constitucional não se considerou em condições de exercer o cargo, numa atitude de exigência rara perante a res pública.Dotado de invulgares qualidades políticas e pessoais imagino como terá avaliado muitos ministros do regime que ajudou a fundar.Quando nos víamos, de longe em longe, o abraço apertado era certo.Para nos percebermos não eram precisas muitas palavras.Adeus , velho amigo.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Só no fim?
Anuncia-se que os bancos franceses vão congelar os bens do ex-presidente da Tunísia.Apresenta-se contas dos milhões acumulados por Mubarak durante trinta anos.Mas porque é que só no fim se abatem sobre os corruptos? Como é que se sabe agora, e não se sabia antes? Que tal alargar o âmbito temático das manifestações?
Quando perder é necessário
Foi bom Portugal ter perdido o particular de futebol contra a Argentina.Só lamento a desilusão dos emigrantes que encheram o estádio de Genebra.De resto a derrota é positiva.Obriga Paulo Bento, cuja mitificação estava em crescendo, a usar melhor o seu proclamado bom-senso.Dizer que está bem servido com Hugo Almeida e Helder Postiga revela mesmo algum desvario.De resto não tem culpa que Messi tenha pedido ao seleccionador da Argentina para jogar os 90 minutos.Falta de senso, claro está...
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
O joguinho das moções de censura
A impotência política manifesta-se agora no joguinho das moções de censura.Ora agora não apresento eu, ora agora não apresentas tu.A fraqueza de um país tem várias expressões.
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
FMI ou FEE?
O FMI existe, tem vindo a evoluir,- embora de uma maneira insuficiente para remediar aos choques assimétricos da globalização-, apresenta-se nos países com carácter temporário e tecnocrático.O fundo de estabilização europeu é da ordem do virtual, nem nome alemão ainda tem, está associado a uma panóplia de obrigações permanentes-mesmo que a ele se não apele-,pretende salvar uma zona monetária que irá assim piorar em termos de crescimento económico geral.Sobretudo está carregado de pretensões unilaterais na condução politico-financeira da UE.
Não há, pois, nenhuma razão para preferir o FEE ao FMI, embora se deva evitar os dois.Mas um mais do que o outro.
Não há, pois, nenhuma razão para preferir o FEE ao FMI, embora se deva evitar os dois.Mas um mais do que o outro.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Madison versus Lacão
Madison, um dos «pais fundadores» dos USA, dizia sobre o número de deputados que «mesmo a república mais pequena» devia ter um número de deputados suficientemente grande «para impedir as cabalas entre poucos».É o que se chama ver longe...
sábado, 5 de fevereiro de 2011
A Europa das chancelarias
Voltou a tentação alemã das soluções uniformes.No meu artigo de hoje sublinho o método intergovernamental, e,o que mais é, o método das cimeiras bilaterais, com a Alemanha no centro, no tratamento das questões do «governo económico» da UE.Merkel deslocou-se a Madrid.Não sabemos ainda se é um bom ou um mau sinal não ser esperada em Lisboa. É a Europa das chancelarias em marcha, prevista desde a ratificação, por interdito referendário, do Tratado de Lisboa.
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Dobrar a esperança
Aqui no bairro circula uma informação que tem foros de cidade: vai passar a haver dois sorteios do euromilhões por semana.Aqui está como se dobra a esperança da multidão...
António Borges Coutinho(1923-2011)
Foi o Mário Mesquita quem me telefonou a dar a notícia do falecimento de António Borges Coutinho.Recuei aos anos sessenta em S.Miguel quando uns poucos activistas se reuniam na sua casa apalaçada para discutir a situação política numa perspectiva anti-salazarista. Borges Coutinho era sempre o mais animado e animador.Conheci-o depois da sua prisão e da minha.Separados por mais do que uma geração,notei que se interessava verdadeiramente pelas novidades e o modo de pensar das mais novas.Foi um resistente emblemático e actuante contra a ditadura.Quando esta foi derrubada o seu nome foi naturalmente sugerido para governador-civil do então distrito de Ponta Delgada.Pouco dado a tacticismos, o seu passado tão claro incomodou muita gente de má consciência.Numa situação tão explosiva como a que se viveu em S.Miguel em 1974-1975 a sua acção não foi de molde a acalmar os espíritos, mas portou-se sempre como um bravo, mesmo no dia em que uma manifestação de rua o cercou na sede do governo e exigiu a sua demissão.
Regressou com serenidade à condição de cidadão.Deixou alguns testemunhos dispersos sobre a apreciação que fez dos acontecimentos em que esteve envolvido, e que tenho citado como fonte histórica em alguns dos meus trabalhos.
Os Açores, e os portugueses em geral, devem-lhe uma homenagem e um reconhecimento pela sua luta pela liberdade e pela sua recta intenção como participante da coisa pública. sem pensamentos reservados.
Regressou com serenidade à condição de cidadão.Deixou alguns testemunhos dispersos sobre a apreciação que fez dos acontecimentos em que esteve envolvido, e que tenho citado como fonte histórica em alguns dos meus trabalhos.
Os Açores, e os portugueses em geral, devem-lhe uma homenagem e um reconhecimento pela sua luta pela liberdade e pela sua recta intenção como participante da coisa pública. sem pensamentos reservados.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
O Longo Curso
Os meus antigos alunos-hoje distintos historiadores e professores- Maria Inácia Rezola e Pedro Aires de Oliveira tiveram a ideia de dedicar e organizar um livro com colaborações científicas de académicos que trabalham temas nas áreas de estudo que desenvolvi enquanto fui professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.A Vera Tavares desenhou uma capa forte. A editora Tinta da china emprestou o seu talento em produzir livros de qualidade estética ímpar.A minha colega de blogue, e também produtora do Córtex-Frontal, Joana Amaral Dias deu aqui à estampa o frontispício O João Gonçalves replicou imediatamente.Grato a todos os que participaram nesta amiga dedicatória.É, de facto, um longo concurso.
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Greve geral no Egipto
Vejo as imagens da enorme concentração popular no Cairo em dia de greve geral.Sempre me perguntei porque nestas coisas nem sempre as mesmas causas produzem os mesmos efeitos.São os mistérios da macro-política.
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