Paulo Portas devia agradecer a todos os seus adversários pois possibilitaram-lhe algo inédito desde que deixou o centro de sondagens da Universidade Moderna: que não se queixe das ditas. A esquerda tem estado mais preocupada em disparar sobre o PS e o PSD. Já Sócrates aparece, naturalmente, enquanto o responsável pela crise e P. Coelho como um pasmo. Ambos, porque podem precisar de Portas para formar governo, atacam-se mutuamente e poupam-no, embora razões para o criticar não faltem: os escândalos associados à sua passagem pelo governo, as suas contradições face aos PEC’s e à troika, a manipulação descarada de dados nos debates. Enfim, o ex-ministro da defesa tem sido protegido. Por isso, recentemente dizia que aspirava ser Primeiro-Ministro. Como em todas legislativas, todos os candidatos aspiram, inclusive o dirigente do Partido da Terra. A diferença é que Portas pode afirmá-lo e ninguém se ri, a não ser ele mesmo. E é de prazer.
Publicado no Correio da Manhã