Ganhe o PS ou o PSD, o programa que irá governar o país é um e apenas um: o do FMI. Aliás, essa imposição política será conhecida um mês antes das eleições transformadas, portanto, num plebiscito. Abandonadas as ideias, sobraria a personalidade. Assim, PS e PSD, mais do que nunca, procurariam teatralizar grandes diferenças para se distinguirem. Qual escolher?
Os portugueses preferirão alguém que é o responsável pelos últimos seis anos, ou alguém que nunca assumiu responsabilidades? Incompetência ou inexperiência? Escolherão um currículo com licenciatura ao Domingo ou um CV resumido a “jotinha-líder”? Optarão por um estilo animal-feroz ou por um género mais Páscoa-Feliz? Preferirão um líder que finge que tem programa apresentando o anterior (com prazo de validade expirado), ou um líder que finge que tem programa chovendo propostas (com prazos de validade inferiores ao de um iogurte)? Um verdadeiro dilema, não é?
Não. O próximo inquilino de São Bento não será Primeiro-Ministro, nem sequer um gestor. Tratar-se-á apenas de um porta-voz. Logo, sem ideias e sem personalidades, as craveiras do PS e PSD descobriram uma terceira via para se diferenciarem: insultos. O concurso já abriu e é bastante foleiro. Mas foi o que se arranjou.
Publicado no Correio da Manhã