A sala
estava meia vazia, as palmas foram sempre a meio gás, as palavras projetadas
com meia convicção. Os semblantes mostravam-se ora ausentes ora estafados.
Enfim, o Partido Socialista gastou tanta energia para evitar que Sócrates fosse
o centro que ficou completamente esgotado. E já não sobrou força para o próprio congresso. Objetivo meio cumprido,
portanto. Tanto esforço para recalcar um tema que depois só pode sair um acto
falhado. O problema é que talvez seja este o futuro próximo do PS. Se Sócrates teimar
no “se for ao fundo, levo o PS comigo”, na defesa na praça pública, o Largo do
Rato poderá ter que gastar grande parte dos seus recursos na contenção desses
danos, na gestão desses riscos, pouco restando depois para as ideias, a
oposição, as eleições e, sobretudo, o país. No sábado de manhã talvez o PS
achasse que bastava escolher “Sócrates ou o partido”. Ao final do dia, entendeu
que eliminar a primeira a opção é, em si mesmo, todo um programa.
Publicado no Correio da Manhã