“À
justiça o que é da justiça, à política o que é da política”- esta tem sido uma
das frases mais repetidas. Pateticamente. Se estão preocupados com a separação
de poderes, digam: “À política o que é da política. Ao poder económico o que é
do poder económico.” Explico. Mal Sócrates foi preso começou o ataque à justiça,
como se o problema fosse esse e não o facto extraordinário de existir um ex-PM
acusado de corrupção e branqueamento de capitais. E isto é que é o coração da
discussão.
Isso e como o Estado se fundiu com os privados,
sendo que o nosso dinheiro e recursos foram capturados por uma pequena dinastia
partidária e empresarial consanguínea. A mesma que nunca fez nem fará do combate
à corrupção uma prioridade. Ou seja, a questão, depois do BPN, BPP, BES, PPP’s,
swaps, vistos Gold, Sócrates e o mais que está para vir (há mais), é como
evitar maior subversão do regime democrático e estancar a violação do artigo
80º da Constituição - o poder económico deve subordinar-se ao poder político. O
resto é conversa. Ou fraude e branqueamento da verdade.
Publicado no Correio da Manhã