Enquanto
deputado, Passos Coelho nunca recebeu um salário da Tecnoforma. Credo, se há
coisa que o Primeiro-Ministro não gosta é de salários. O próprio diz que é uma
pessoa remediada que até teve de viver acima das suas possibilidades,
contraindo um empréstimo para comprar casa, crédito que ainda hoje está a
pagar. Passos Coelho é, assim, um filantropo que trabalhou de borla durante
anos para uma organização não governamental com as melhores intenções - cooperar
com os países de língua portuguesa. Enfim, um missionário. Quase Madre Teresa.
Existiam
ajudas de representação, claro. Também seria demais pagar tanta caridade do seu
bolso. Até porque, para isso, o então deputado teve que fazer várias
deslocações a Bruxelas, Cabo Verde e ao Porto que justificam as 100 faltas que
deu no parlamento durante esse período. Afinal, nem sempre a representação
chega para a democracia representativa. Por fim, quando de lá saiu, Passos
Coelho abdicou da subvenção vitalícia a que não tinha direito. Que não podia
receber. Bonito. Chega mesmo para uma furtiva lágrima.