segunda-feira, 24 de maio de 2010

Bloco das tangas


Passos Coelho revelou que numa noite abdicou de contrariar o aumento de impostos, em troca do Governo adiar algumas obras públicas que defendia. Rápida mudança de convicções. E em menos de 24 horas o PSD alterou a sua ameaça de uma moção de censura (caso a Comissão de Inquérito concluísse que Sócrates mentiu), para a formalização do fim desses trabalhos. Aliás, o presidente social-democrata especializou-se em ser oposição de manhã e vice-primeiro-ministro à tardinha. Ou seja, o Bloco Central encontra-se numa relação do tipo é só uma noite (de cada vez). E não assume um compromisso.
É um laço tenso. Sócrates quer liderar os passos. Mas precisa do par e arrisca-se a que pareça que já não governa. O líder do PSD quer dois passos à frente e um atrás: tanto as piscadelas e a imagem de responsabilidade, como a imputação apenas ao governo das pisadelas aos portugueses. Mas ainda tropeça na pirueta. Enfim, até às presidenciais, haverá mesmo um tango, coreografia dura de rostos virados, braço de ferro bailado, em que ambos farão uma prova de resistência.
 Depois, PS e PSD ou vão do tango ao Kung Fu, ou oficializam a aliança. Mas nessa altura o país já estará de tanga. A não ser que, entretanto, uma outra resistência venha para a rua dançar.

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