domingo, 9 de maio de 2010

A fé & os factos

Nem a diplomacia, nem o facto de a religião católica ser a mais expressiva no país (10% de praticantes), justificam a violação dos princípios laicos constitucionais. Mas Governo e autarquias financiam a visita de Bento XVI e dão tolerâncias de ponto. A papa não é para todos: os funcionários públicos gozam férias, os outros têm que tirar um dia para ficarem com os filhos (escolas públicas fechadas). Como mais serviços serão reduzidos/entupidos, por exemplo trajectos e transportes, quem trabalhar terá outras dificuldades. Nomeadamente, ir parte a pé. Deve ser promessa. Já o Presidente da República recebe Ratzinger como chefe de Estado e como líder religioso (oficializando o catolicismo).
Eis o regresso da moribunda mas não saudosa (como se vê) cooperação estratégica: um rombo político. E económico. Parar o país um só dia é perder dezenas de milhões de euros. Somem-se outros gastos (segurança, festarola) e compare-se aos cortes nos subsídios de desemprego. É fazer as contas…em S. Bento e em Belém, onde vai, na véspera da visita papal, uma procissão de ex-ministros das finanças contra as obras públicas. Cavaco, que os recebe e aplaude, podia também contabilizar esta santa subtracção aos nossos cofres. Até porque no mealheiro do santuário de Fátima o Estado não toca…

Gosto