domingo, 10 de abril de 2011

PASSIVO-AGRESSIVO

As legislativas de 2011 fazem sentido para todos os que são contra a austeridade. Para os que a defendem, esse pedido pode até ser legítimo mas só se compreende pela vontade de “ir ao pote” (para empregar a expressão de Passos Coelho). Já para Cavaco Silva, que advoga a actual política (lembremo-nos de Eduardo Catroga), ocupa Belém com a inerente função de árbitro e recentemente garantiu que seria insustentável somar crises, nada dizer e limitar-se a marcar legislativas não é incompreensível. É inaceitável. Para isso qualquer burocrata bastaria.

No mínimo, mediante a maior crise em democracia, Cavaco deveria ter procurado formar outro governo sem dissolver o parlamento. Mas o seu erro não foi só pela ausência. Foi também por excesso. Afinal, ajudou à combustão com os discursos de vitória e de tomada de posse; com a imprópria nota dirigida a uma agência financeira; e com a sugestão que o governo de gestão pode chamar o FMI (o que muito agrada ao PSD).

Enfim, o Presidente tem-se calado quando devia falar e falado sobre o que devia guardar silêncio. Em vez da prometida magistratura activa, o país foi presenteado com uma magistratura passivo-agressiva. A única estratégia que nunca, mesmo nunca, deve ser adoptada em qualquer tipo de crise.

Gosto