O que pode fazer um governo de um país onde as grávidas vão para o hospital porque têm fome, há empresas que obrigam as mulheres a assinar declarações em como não engravidam ou que despedem quem está de bebé (números que não param de aumentar)? Muitas coisas. Mas a miséria, o desemprego e a injustiça não se combatem com a diminuição do imposto para veículos com mais de 5 lugares, como propõe Passos Coelho.
A
diminuição da natalidade como consequência da crise (existem outras causas)
combate-se parando de convidar os portugueses a emigrar, apostando na criação
de emprego, aumentando o salário mínimo, diminuindo a precariedade e insegurança no
trabalho. Quem quer ter filhos não está à espera de deduções no IRS. Anseia por
um emprego com direitos, escolas públicas disponíveis, a possibilidade de uma
casa. Um futuro. O resto é conversa moralista e propaganda – melhor ilustrada
pelo nome do relatório encomendado pelo governo: “Por um Portugal amigo das
crianças, das famílias e da natalidade” Uau. Por um Portugal dos pequenitos. Está
tudo dito.