quarta-feira, 9 de julho de 2014

Nós, os índios

"A forma mais adoptada de mutilação era a de cortar queixos e narizes. Las Casas contou como uma mulher, ao ver que os exércitos espanhóis avançavam com os seus cães, se enforcou com o filho. Um dos soldados ao chegar junto dela cortou a criança em duas, deu metade aos cães e em seguida pediu a um frade que lhe administrasse a extrema-unção para que ela pudesse ter um lugar garantido no céu de Cristo. (...) Os Espanhóis chacinaram os Índios de consciência limpa porque estavam convencidos de que sabiam o que era um ser humano normal: "Não conseguíamos entender uma palavra da sua língua, os seus modos e até mesmo o seu aspecto e roupas eram muito diferentes dos nossos. Qual de nós é que não os tomaria por brutos e selvagens? (...) Afinal de contas...eles desconheciam o nosso beija-mão e a nossas profundas e complexas vénias..."

Alain de Botton, O consolo da filosofia.

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